Nos velhos tempos

25-07-2013 22:15

 Nos Velhos tempos

 
 Quem diria que a Diamantina moderna, que se tornou esportista e equilibrista, chegaria, um dia, a ter esse movimento colosso nas ruas principalmente, aos domingos á noite?!
 Apesar do tempo úmido e chuvoso o fooling permanece com animação, extendendo-se da Rua Campos de Carvalho ás imediações amorosas do Prédio Bizorreta, onde os galos cantam, mas os pobres pais não ouvem.
 Ah! Se as pedras falassem, quanta coisa interessante se apanharia nesse vai e vem noturno!...
 Chico Olímpio vai muito bem substituindo o João Tampinha, que chegou á Rio Branco, capital do Acre, viajado em avião, do Rio aquela ferícissima região dos seringais.
 Foi a negócio de borracha,é de borracha, com  efeito, estamos carecendo nós, pra recolocar os bons costumes em seus lugares.
 Chico Olímpio é filósofo e conhece muito bem matemática. Já observou aqui uma esquisita equação entre duas quantidades hetereogênia...
 Luta-se com em descarado gavionamento que a moral social repele.
 São muitas as justinas desobedientes pelo solitoso assanhamento, com que rebaixam, dando confiança a mequetrefes lagartixas que não enxergam o seu lugar.
 Chegou a temporada satânica do andamento moral e os corruptores das filhas alheias precisam ser castigados e afastados do convívio honesto de uma sociedade onde se cultiva ainda o lírio do val e as flores perfumosas da água de flor da laranjeira.
                                          Acervo Zé da Sé.
 O escandalo que se reproduz em plena praças da cidade, porque a vergonha barateou demais, já se repete, a miúde, em nossas ruas e vielas, como se fosse a coisa mais natural deste mundo.
 Ainda, há pouco que se deu, atrás da Catedral?
Pai Elias foi buscar a filha.
Na Capistrana do Macau;
Mas quem diria que o pai da Fina, apanhasse dum Bate-Pau?.... (1)
 
A desenvoltura pela imprudência reclama nas ruas um dique de cimento armado...
A coisa gente não está toda podre e perdida, não, valha nos Deus!
Chico Olímpio ouviu lá na Rua do Meio este diálogo, interessante, entre uma empregadinha e uma tia velha, aliás bem confortador:
- Tia Geralda, eu não vou nisso. Esses bailes do Arraial de Baixo, Morro do Capeta, Samambaia, Arraial dos Forros, Rio Grande, Palha e Alto da Poeira, dão sempre pau, ginástica, facada e tiro de pólvora... Curuz, Ave Maria! - Vai pensando sempre, assim, filhinha , é carrapicho tá brabo e Sizita não está satisfeita, não! Chora, coitada, toda noite!...
Oleré! Novo bacaret, S/A!...
Ecos da Rua, Voz de Diamantina, pág. 2,  nº23, Diamantina, 10 de janeiro de 1943.
(1) (Para quem não sabe o que é o Bate-Pau era a polícia que ficava com o cacete reforçado para bater nos delinquentes desordeiros na antiga Diamantina).