Siriri Capeta

01-05-2017 18:30

Não sei de onde importaram para a nossa Diamantina, um feio sêstro, nada tolerável, e já transformado numa verdadeira mania.

O que mais me admira é que essa coisa os pinicam e repinicam em caixas de fósforos, e as meninas e mocinhas já o fazem também sobre as portas, paredes, mesas e vidraças alheias.

Até nós' bancos, á estação da Missa, nas igrejas, as crianças se distraem com o siriri danado!  Isso não está direito.

Essa mania desajeitada é mais própria de garotos que de meninas e mocinhas.

Os cotovelos e os dedos criam calos, porque o atrito é repetido sem cessar, aqui e acolá, dia e noite  estejam onde estiverem; até ao sonhar, hão de repinicar no espaldar das camas—o siriricapeta, Os maus hábitos devem ser coibidos de principio, senão... Pois não é que uma menina já o repinicou nas taboas de um confessionário, quando se confessava? 

Que os pais procurem corrigir o mau habito, ainda em tempo, do contrario, insensivelmente, poderá ele surgir em horas das mais solenes da nossa vida social.

 Si não é historia, uma jovem parturiente já não vibrou o siriricapeta no nariz de sua parteira?

Não duvido, leitor amigo, porque não mais se usa, á hora do aperto..., recitar, três vezes, aquela antiga oração supersticiosa

—"Minha Santa Margarida..."

 

Fonte Bibliográfica:

 

Minhas Tiras, Xisto Rei, Voz de Diamantina, pág. 1, 25 de Abril de 1936, nº 11.