Diamantinenses na guerra do Paraguai - Loja Maçônica

19-07-2015 11:10

A Atalaia do Norte

Aos doze de junho de 1867, oficialmente fundou-se uma loja maçônica em Diamantina. A primeira diretoria foi composta por Pedro Augusto Miller, Dr. Manoel Alves Ferreira Prado; Dr. Luiz Gomes Ribeiro, Dr. José Ferreira Brant, Teodomiro Alves Pereira; Teófilo Soares Pereira da Silva e Cristóvão José da Cunha Guimarães. Aos dezessete dias do mesmo mês essa loja recebeu o nome de Loja Jequitinhonha. Em trinta de agosto de 1873, realizou-se a sessão de instalação dando continuidade à Loja com a denominação Loja Maçônica Atalaia do Norte. Nesse ano sua diretoria ficou assim constituída: Augusto Afonso Caldeira Brant; Júlio Fergoutte; Pedro Maria da Silva Brandão; Teodósio de Souza Passos; Antônio Lopes de Figueiredo; João Batista de Melo Brandão Júnior, Juscelino Augusto de Menezes e presidida por Joaquim Honorato Pereira da Silva.

 

Em 14 de abril de 1874 os membros da Comissão Regularizadora Agostinho José Pires Júnior, Antônio Pires Mendes e ElisardoEmydiode Aguiar foram admitidos como membros honorários a esta oficina. Nesta mesma sessão foram regularizados 42 irmãos: Dr.Theodomiro Alves Pereira, João Nepomuceno Kubitschek, João Theodoro Fernandes, Theofilo Soares Pereira da Silva, Simplicio Antônio Teixeira Serrão, Serafim José de Menezes, Manoel Cesar Pereira da SiIva, Claudino Barbosa da Silva Leal, Felisberto Caldeira Alves Sampaio, Procopio Gomes Ribeiro, Francisco José Alves Sampaio, Eliseo Augusto de Assis Jardim, João Evangelista Caldeira, Antônio Nascimento Moura, José Diamantino de Menezes, Antônio Augusto Ribeiro Leão, Augusto Kubitschek, Rodrigo de Souza Reis, Aureliano Caldeira Brant, Dr. Francisco Correia Ferreira Rabelo, Sebastião Fernandes Pereira Correia, Josefino Roiz de Oliveira Costa, José Leite Teixeira, Agostinho José Lopes, José Luiz Igreja e Manoel José de Oliveira.

 Há fortes rumores de que as reuniões em nome de uma maçonaria em Diamantina já existiam muito antes de 1867, mas em função do medo e ponderação, da precaução e da cautela, nada ficou registrado como prova material.

A partir da fundação da Atalaia do Norte, aliada à nova loja União Diamantinense, fundada em 1874 e pela ligação universal entre os maçons várias foram as ações, que discretamente planejadas eram decisivamente praticadas a bem da sociedade brasileira e dos Diamantinenses em particular.

Como fato curioso, para fortalecimento de suas reuniões, e demonstrando quão importante era a associação naquele tempo para cada um de seus membros, o maçom João Moreira Maia, iniciado na Atalaia do Norte em 19 de outubro de 1873, em seu testamento datado de 14 de janeiro de 1876, diz: “A casa em que resido deixo em usufruto a mesma Sra. Jacinta pelo tempo de 4 anos, em paga e remuneraçao de serviços que me tem prestado desde 1873; e findos os 4 anos, deixo a dita casa à Loja Maçônica Atalaia do Norte, instituição nesta cidade; e a todo tempo que esta loja deixe de existir, será a casa indicada posta em praça e seu produto repartido pelas famílias pobres pelo Exmo. Sr. Bispo desta diocese. João Moreira Maia faleceu em 26 de março de 1876 tendo a Loja, certamente, tomado posse da casa a partir de 1880. Foi nessa casa que a Loja Atalaia do Norte instalou o seu templo e onde se reuniu até 03 de junho de 1995, quando se transferiu para o novo e atual  prédio construído na rua Direita nº 120. Esse testamento, entre vários outros documentos, se encontra digitalizado e disponível na íntegra em nossa página na internet.

Na maçonaria, a partir do conhecimento aprofundado dos segredos da Ordem e da conquista do Grau de Mestre Maçom, abre-se a possibilidade de passar a estudar a filosofia presente nos graus ditos filosóficos. Para isso, torna-se necessária a criação de uma Loja Filosófica. Não tarda e a Atalaia do Norte, com quadro maçônico suficientemente numeroso e produtivo instala, em 21 de setermbro de 1875, a Loja Capitular Atalaia do Norte, sendo o primeiro presidente o Ir\ Josefino Vieira Machado - Barão de Guaicuí, Gr\33.

O experiente maçom Josefino Vieira Machado, dotado de prestígio em Diamantina será para sempre lembrado por seus pares pelos relevantes serviços prestados à pátria. É nessa época, durante a Guerra do Paraguai entre 1864 e 1870 que em Diamantina organizou-se um contingente de patriotas, que marcharam para batalha, em número de 114, graças, em grande parte, ao prestígio do Cel. Josefino Vieira Machado, então presidente da câmara. É da parceria de Josefino com Joaquim Felício dos Santos que nasce o Jornal "O Jequitinhonha", destacando-se no século 19 como uma publicação pioneira, progressista e libertária - um jornal de tendência republicana num país monarquista, que se intitulava porta-voz do Partido Liberal e um órgão de denúncia no Norte de Minas Gerais. O primeiro número circulou em 30 de dezembro de 1860. O jornal teve seu apogeu exatamente durante a Guerra do Paraguai, principalmente no período 1868-1869. Com o fim da guerra, assumiu a partir de 1870 uma posição radical a favor do regime republicano, sobrevivendo ainda por mais dois anos.

Aos 22 dias de novembro de 1879 em sessão reunida na Loja filosófica Atalaia do Norte, temos o seguinte registro de Ata: “Registramos hoje nesta pagina de luto o doloroso passamento do nosso Caríssimo Irmão Barão de Guaicuhy, Grau 33. Os serviços prestados por ele a causa maçônica, o devotamento que consagrava a todo progresso e prosperidade desta associação fizeram-no merecedor de galgar a mais subida posição a qual soube honrar até os últimos momentos de sua existência. Dotado de uma inteligência esclarecida, o ilustre finado tinha sempre nas suas palavras a magia de convencer o adversário quando o via elaborar algum erro, e assim conseguiu trazer para a Loja Atalaia do Norte muitos e denotados batalhadores do progresso que depois foram dignos de serem elevados a posições mais altas.