Largo do Rosário e a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

14-01-2011 09:37

    O antigo Largo do Rosário, hoje Praça Dom Joaquim, reformada hoje a casa que era de taipa de pilão socado, foi também um dos quartel dos dragões. Ficava no ponto estratégico onde os tropeiros, viajantes e as pessoas chegavam no distrito vindo pela rua Caminho do Carro eram obrigados a passarem por esse largo. Era um fácil de fiscalizar os escravos e a população em geral. Ao lado fica o chafariz e antes de ser Teatro havia uma casa pequena próximo ao chafariz e no largo fico a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Preto, construída por eles, á custa de esmolas e sacrifícios.

    O mais antigo documento conhecido desse templo é de 1733, e se refere ao inventário dos ornamentos da capela, cuja construção foi iniciada em 1729.

    Os Irmãos do Rosário que eram antigamente analfabetos, seguindo os costumes africanos de escolherem os seus reis através das sementes que eram jogadas no chão pelo sacerdote e do qual faziam a sua interpretação dizendo qual seria o novo rei, os irmãos adotaram o mesmo costume dos africanos, porém votavam com milho, feijão ou café. No dia da eleição os mesários, rei e rainha da festa  do Divino. Cada bago representava um candidato, elegendo-se o que estivesse maior número de grãos.

    A Capela Mor da igreja do Rosário representanto a Virgem do Rosário rodeada de anjos, foi pintada pelo Guarda Mor José Soares de Araújo.

    No imponente altar mor, Nossa Senhora do Rosário, esperança e consolo da gente escrava, ostenta sua coroa de prata. Perto dela, toda recoberta de ouro laminado, uma grande e maravilhosa Santana  traz ao colo sua filha Maria, ainda menina.

    A mesa da comunhão ainda conserva dois confessionários nos cantos.

    Os altares laterais são pobres, e apresentam imagens de Santa Luzia, São Joaquim, Pai de Nossa Senhora, Santo Antônio de Catagerona e dos dois favoritos da gente negra: Santa Efigênia e São Benedito.

    Ladeando o nicho com a antiga imagem de Nossa Senhora do Rosário, dois retratos a bico de pena dos primeiros missionários lazaristas que pregaram em Diamantina, feitos em 1825, por Estanislau de Miranda.

    Na sacristia, que apresenta uma decoração alegre, quase carnavalesca, pode-se ver uma belíssima "Pietá". Existe um pequeno "Passo" da Via Crucis entre a igreja própriamente dita  e a tôrre de pedra, que é independente. Na grimpa desse templo uma águia bicéfala, talvez inspirada no emblema da Casa da d'Austria a que pertencia Dona Leopoldina, primeira esposa do imperador Pedro I.

    Nos tempos coloniais a Irmandade dos negros celebrava com pompas e ritos africanos a festa do reinado dos pretos do Rosário.

    Com um ano de antecedência, eram eleitos o rei e a rainha, que passavam aqueles meses preparando-se e fazendo economias para celebrar o acontecimento na oitava do Espírito Santo. A festança começava bem cedo, com missa de gala, assistida pelos soberanos negros, vestidos de uma realeza e sentados em tronos colocados junto do altar. O sermão era feito pelo melhor orador sacro do distrito, do qual a Irmandade pagava pelos seus serviços. Também lembrando que durante o ano que foram escolhido o rei negro ele acabava em muitas vezes sendo o conselheiro intercedendo diante das autoridades as súplicas de muitos escravos.

    A procissão seguia-se de uma "barulhada", na qual o estouro de bombas e foguetes se misturava com sons roucos de atabaques e agogôs. Desfilavam o rei e a rainha pelas ruas do Tijuco, recebendo homenagens como se realmente soberanos fôssem, enquanto atrás deles pretos dançavam ritmos africanos. Caboclinhos, Marujada e Catopês acompanhavam os reis embelezando e dando ritimo e pompas á festa. O povo apreciava e acompanhava o reinado pelas ruas da cidade. Terminada a procissão, os imperadores negros davam audiência e convidavam o povo do Tijuco para o baile e ceia.

    Antigamente em frente da Igrejam ficava o sinistro pedaço de madeira com argola de ferro - o pelourinho - como importuno "Memento"  e próximo da Igreja ficava o Oratório que era uma espécie de cadeia para escravos que seriam enforcados. Também servia como um lugar para torturar os negros escravos, mais tarde foi açougue do senhor Osvaldo, no seu falecimento a família vendeu para o sr, Antônio que era dono da Peixaria, desmanchando o cubículo e fazendo uma nova casa moderna onde funciona no segundo pavimento uma moradia e embaixo uma auto escola.