Sérgio Rodrigo - compositor diamantinense

Matéria sobre o compositor mineiro Sérgio Rodrigo em Berlim

O compositor Sérgio Rodrigo, nascido em Diamantina, foi um dos destaques da quarta edição européia do ZEITKUNST, festival internacional de literatura contemporânea, música e arte, criado em 2008 na Alemanha. Sob curadoria artística do também mineiro Luiz Gustavo Carvalho, o festival terá em 2013 a sua segunda edição brasileira, que começa hoje, dia 28, no Rio de Janeiro.

Sérgio Rodrigo estudou composição na Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais. Para o Festival, que vai até o dia 24 de novembro em Berlim e depois tem sequência no Brasil, ele recebeu a “missão” de definir um tema a ser trabalhado colaborativamente entre músicos e escritores.

Daí surgiu a obra musical “No Início dos Tempos”, no qual compositor entra em diálogo com o poeta paulistano Ricardo Domeneck, radicado desde 2002 em Berlim, e a escritora alemã Swantje Lichtenstein, professora de literatura na Universidade de Düsseldorf. (Clique em Weiterlesen para continuar a leitura)

O trabalho com os poetas foi intenso: “Nos encontramos diversas vezes para construir toda a concepção da obra, desde os aspectos temáticos até questões técnicas concernentes a cada linguagem artística”, diz Sérgio Rodrigo.

O compositor define o título da nova composição, criada especialmente para o festival, da seguinte forma:  “Decidimos abordar a questão do tempo tanto do ponto de vista da composiçao musical como da criaçao poética”.

Feita para violino, viola, piano e marimba, a obra será interpretada por músicos de destaque: Nos violinos os britânicos James Barralet e Priya Mitchell, a viola pelo austríaco Manuel Hofer. O piano ficará a cargo do já citado belo-horizontino Luiz Gustavo Carvalho. Na marimba o professor de percussão da Universidade Federal de Minas Gerais, Fernando Rocha.

Desafio composicional – O trabalho com os colegas mineiros na sua primeira experiência musical na Alemanha foi gratificante para Sérgio Rodrigo: “Luiz Gustavo Carvalho e Fernando Rocha são  dois grande músicos, absolutamente engajados com a música contemporânea”, elogia o compositor. “A maneira como intervêm  culturalmente na cena brasileira é de extrema importância”, afirma ele.

Uma certa ansiedade pode ser notada pelo vencedor de premiações importantes no Brasil, tais como o prêmio de composição Camargo Guarnieri e o prêmio de composição orquestral Tinta Freca, realizado pela Orquestra Filarmônica de Minas Gerais: “Estou curioso para ver como essa nova peça se encaixara, ou como ela dialogará com o restante das obras do festival”, reconhece o musicista..

O fato de os escritores não lerem partitura, particularidade de músicos, representou um grande desafio composicional: “Sobretudo a maneira como a voz e os textos são utilizados na obra ““No Início dos Tempos” teve que ser muito ponderada, já que tentamos  conjugar a leitura livre dos textos com a precisao da escrita musical.” 

Menos desafiador foi em contra-partida o trabalho com os alemães: “Foi uma aprendizagem interessante. Há um profissionalismo notavél no nível da produçao e execução dos projetos”. E pondera, talvez para acabar com alguns clichês: “ existe também uma informalidade no trato pessoal muito contrária aos clichês referentes à frieza dos alemães”. Até mesmo  “vínculos afetivos estreitos” nasceram do trabalho com os europeus: “Ao fim do projeto saíremos estreitados numa colaboraçao que certamente ainda renderá muitos frutos”.

O Festival Zeitkunst 2013 acontece em Berlim (de 21 a 24 de novembro) e no Rio de Janeiro (de 28 a 30 de novembro de 2013) e engloba apresentações, nas quais estão envolvidos músicos internacionais, autores e compositores. A inspiração a principal da edição atual é a obra do poeta romano Ovídio.