Viagem ao distrito Diamantino 1900

28-05-2013 08:06

 

O relatório apresentado no ano de 1899 ao governo pelo Sr. H. D. Beaumonte, segundo secretário da delegação britânica no Rio de Janeiro. "Viagem a Sete Lagoas a Diamantina, fundação desta cidade, descoberta do diamantes, sua exploração, quantidade de quilates extraídos até 1813." Segundo o relatório diz "a exploração diamantina tem sido relativamente desprezada nestes últimos anos. Hoje ela é feita apenas por garimpeiros isolados ou por pequenas companhias que trabalharam com material primitivo. A nova Companhia Boa Vista fundada em Paris com o capital de dois milhões de francos, é o primeiro "tentamen arrasoado" (?) da extração em uma vasta escala, na região de Diamantina. Segundo o autor "a minha atual viagem foi inspirada a princípio pela curiosidade de visitar um país desconhecido, depois pelo desejo de conhecer o aspecto e a extensão da Companhia Boa Vista". Graças a oficiosidade do sr. Luiz de Rezende, negociantes de diamantes muito conhecido no Rio de Janeiro, que chegava á Diamantina e pois a nossa disposição a sua condução e sua casa em Diamantina, isso me foi dado." Além disto, acompanharam a visita em companhia do francês e o secretário e do adido militar da legação dos Estados Unidos. Ás 4:39 milhas de viagem para chegar á Sete Lagoas, a última estação da estrada de ferro central, podem ser feitas em 21 horas. Sete Lagoas era o ponto de apoio e referência para partida pelas viagens pra o interior. Esta importância desaparecerá logo que terminar-se a construção da linha de Curvelo sobre o rio São Francisco.     Chegaram em agosto, no fim da estação seca e as lagoas que dão nome a cidade estavam quase secas. O campo ao redor, mal cultivado, apresentava um aspecto árido, e a vegetação estava desbotada por uma poeira vermelha de espessura de muitas polegadas.

                                         Acervo de Erick - Quartel do Indaiá - Dtna  julho de 2012

 Ali, onde permanece água, o solo é bastante fértil, e uma chuva de alguns dias transforma o aspecto de desolação em admirável espetáculo de verdura. Já as flores amarelas do ipê e as flores lilazes da sucupira anunciavam-se a aproximação da primavera. Partir de Sete Lagoas as coisas não era fácil. Deram ordens para estarem os animais prontos ás 6 horas da manhã, julgando melhor viajar antes do excessivo calor; porém ás 8 horas, nem os animais nem os guias haviam chegados. Chegaram quase na hora do almoço. Durante toda a viagem encontramos a mesma dificuldade para partir cedo, e nossa pouca experiência nos entregou inteiramente aos nossos guias ou camaradas, três mulatos teimosos. Herculano, o chefe apelidado familiarmente Cula, Tinha disposto a viagem a seu arbítrio, para o seu único regalo, e nos foi impossível dele a menor explicação. Ele só abriu a boca para dirigir aos animais que afastavam do caminho ou antes e a direção a seguir, porque, a falar verdade, não há caminho. Como almoçamos antes da partida, nos era raramente possível pomo-nos a caminho antes das 10 horas, e obrigado a viajar em pleno calor, sem descanso par chegarmos de tarde ao rancho ou choupana em que deviámos dormir. 23 milhas formavam o percurso. No percurso da viagem encontramos camaradas dóceis e podemos enfim partir cedo. Deste modo, os melhores dias chegamos percorrer cerca de 31 milhas. A estalagem, encontrada no caminho não é de luxo. Ele compunha-se de quatro paredes caiadas, de um solo térreo, de uma mesa e de dois bancos de madeira. Havíamos conduzido leitos de campo. As nossas refeições compunham-se invariávelmente de arroz, feijão preto e carne de conserva, eram alegradas pela frequente aparição de um porco, verdadeiro membro da casa, onde ele passeia como nas choupanas irlandesas. Jequitibá, sobre o rio das Velhas, recorda antes a África do que a América do Sul. A população compõem-se sobretudo de escravos livros de um proprietário vizinho e de seus filhos. No primeiro dia dormimos em uma cabana, onde vimos pela primeira vez o inseto cognominado carrapato, bastante conhecido dos viajantes do interior. NO terceiro dia arranchamos em um celeiro, onde o nosso repouso foi perturbado pelos ratos. O campo que percorremos nos três primeiros dias não oferece nenhum interesse. Depois de muitos dias chegaram ao destino: Diamantina.