Viagem de Spix e Martius da Vila Rica ao distrito Diamantino

19-04-2014 13:58

 

 

Igreja de Nossa Senhora do Rosário - Igreja mais antiga de Diamantina (circa 1731)

Igreja de Nossa Senhora do Rosário
Igreja mais antiga de Diamantina (circa 1731)

Foi no primeiro dia do mês de maio de 1818 que deixamos a capital de Minas Gerais, e encetamosviagem para o Distrito Diamantino. O Sr.von Eschwege acompanhou-nos num trecho da estrada. Do nosso amigo e compatrício, que, durante a estada de muitas semanas em Vila Rica, se havia mostrado tão complacente conosco, despedimo-nos com a mais viva e sentida emoção, dizendo-lhe estas palavras: – “Ver-nos-emos de novo, no outro lado do oceano!” Era o último alemão que encontrávamos no interior do Brasil. Saudosos, prosseguimos a viagem pelo remoto país estranho.

Em geral, toma-se a estrada por Inficionado e Cocais, quando se sai de Vila Rica, hoje Imperial cidade de Ouro Preto, para Tejuco (1), a localidade mais importante da terra dos diamantes; como, entretanto, na nossa excursão à Serra do Caraça já conhecíamos parte desta região, preferimos fazer um rodeio, passando por Sabará. Quando a nossa tropa se pôs a subir a encosta do morro de Vila Rica, nascia justamente o sol e iluminava a cidade, reclinada entre pinturescos outeiros, ao sopé do majestoso Itacolomi, sobre o qual os nossos olhos repousaram pela última vez. Depois de havermos dado volta em torno da rica montanha de ouro, levou-nos a estrada pela Serra da Cachoeira, montanha alta e íngreme, que se estende desde o arraial de Cachoeira até Vila Rica, e que é formada de itacolomito, frequentemente em camadas tabulares, ao qual se sobrepõem jazidas de xisto argiloso ou grandes placas de mica, e além, mais acima, camadas de itabirito. Alcançando o cume, vimos primeiro um núcleo de pobres palhoças, Bandeirinha, e à nossa direita, algumas lombadas baixas, cobertas de pasto e moitas de arvoredo, correndo principalmente na direção leste-oeste, as últimas das quais fechavam o horizonte em contornos irregulares, porém não grandiosos. Depois de uma caminhada de quatro léguas, abriu-se a paisagem, e achamo-nos no meio dos campos e à vista da Serra de Capanema diante do Arraial de Santo Antônio de Casa Branca, onde nos proporcionava bom pouso para a noite uma venda, bem sortida, por estar perto da capital. Os campos, nesta região, têm moitas de Sidas, Murtas, Vernônias, sobretudo de uma Spermacoce de folhas verde-azuladas, e o solo arenoso é quase todo tão frouxo, que o dia seguinte foi penoso para os animais, a labutar sob um calor opressivo através dessa solidão sem sombras. A este inconveniente, muitas vezes se juntava outro, isto é, o caminho não era visível na areia, e só com dificuldade e cautela se reconheciam as antigas pegadas dos cargueiros; também frequentemente era preciso deixar-nos guiar às cegas pelas bestas ou pelos capatazes, conhecedores de tais rincões. Desse modo, prosseguiu a viagem por montes e vales, alternadamente, até o sopé de uma alta montanha, onde corre o pequeno Rio das Pedras e está a freguesia do mesmo nome, passando por algumas lavagens de ouro conhecidas. Ainda nessa tarde, galgamos a encosta pedregosa, quase intransitável, atravancada de detritos espalhados, e alcançamos finalmente, na outra vertente, ao cair da noite, a solitária fazenda do Cocho d’Água, onde o proprietário, homem de cor, alferes do corpo de milícias de Sabará, nos acolheu e nos entreteve falando acerca das ricas minas de ouro do Padre Freitas, em Congonhas do Mato Dentro. No dia seguinte, passamos pelos arraiais de Santo Antônio de Cima e Santa Rita, situados às margens direita e esquerda do Rio das Velhas, por entre plantações de bananeiras, e tivemos em breve o prazer de conhecer pessoalmente o célebre mineiro, já desde tanto tempo decantado. Ele recebeu-nos com hospitalidade perfeita, mostrou-nos a sua biblioteca portátil, – grande raridade no país, – a qual constava de algumas obras de Rousseau, Voltaire e outros; falou sobre Kant e Napoleão, e deu ordem para nos ser mostrado o seu engenho, assim como as lavagens de ouro, que ficavam perto. As fazendas distantes estão privadas de todo auxílio dos centros mais habitados; todo fazendeiro rico vê-se, portanto, forçado a prover por si mesmo às necessidades de sua casa, mandando ensinar ofícios aos seus escravos. Em geral, encontram-se na fazenda operários e aparelhos para sapateiro, alfaiate, tecelão, serralheiro, pedreiro, tijoleiro, caçador, mineiro, para trabalhos da lavoura, etc., ofícios que, numa cidade populosa, estão divididos em corporações especiais. À testa dos trabalhos está um feitor, mulato ou negro de confiança, e a ordem do dia é determinada como num claustro. O fazendeiro figura como governador, juiz e médico, em sua propriedade. Às vezes, também faz papel de padre, ou requer para a capela da casa os ofícios do pároco da vizinhança. O seu principal cuidado consiste, pois, em aumentar a escravatura, o capital da fazenda, e protegê-la contra as doenças. Quando ocorrem moléstias, ele consulta a tradução portuguesa, muito espalhada por aqui, da “Medicina Doméstica” de Buchanan.

No dia seguinte, fomos ver as minas de ouro, que se acham perto, na montanha. Coberta de densa vegetação, segue ela de norte para sul, e compõe-se do mesmo xisto argiloso, cinzento-esverdeado, violáceo e avermelhado, como o das margens do Rio das Velhas, em Santa Rita. Nele se estendem, de N. E. a S. O., os filões de um quartzo compacto, cinzento, que contém não só muito sulfureto de ferro amarelo e pirito de cobre, como também ouro. Num ponto e noutro efloresce da pedra uma mistura de alume e sulfato de cobre, sob a forma de pó cinzento esbranquiçado. A dita mina consiste em lavras e covas, das quais se extrai o material rico de ouro, por meio de explosivos e por marteladas, sendo trazido para baixo pelos negros, para a máquina de moer. São estas máquinas muito singelas, e acham-se colocadas um pouco abaixo dos riachos, canalizados do alto da montanha até ao sopé; ao lado de cada um, está disposta uma lavagem, isto é, bateias cobertas com couro de boi, nas quais é separado, por meio de grades, com pás ou com os pés, o material grosseiro do mineral pisado. Ao longo do córrego estão estendidos couros de vaca, com o pelo para cima, a fim de reter o pó de ouro e, de quando em quando, são sacudidos. Todavia, para que tanto as pedras mais grosseiras, como o pó de ouro restante não sejam arrastados, ainda há diversas peneiras e três grandes reservatórios profundos. As pedras brutas são reconduzidas das peneiras para as máquinas, porém o pó de ouro é colhido por meio de gamelas, pela lavagem do mineral pisado, contido nos reservatórios. O proprietário dessa mina quis assegurar-se no estabelecimento de sua lavagem do ouro, contra a perda do pó precioso com a distribuição espalhada da lavadura e com mais frequentes manipulações, fazendo passar aqui e ali, o mineral pisado.

De todo modo, o aparelhamento é mais eficaz aqui do que o da maioria das minas deste país, pois ainda se perde considerável porção do finíssimo pó. O ouro da mina do Padre Freitas, como o das próximas Lavras de Congonhas e Itabira, por causa da mistura com outros metais, tem apenas dezenove quilates; entretanto, a jazida compensa o proprietário com a riqueza do minério, e é considerada uma das mais produtivas da província, porque, segundo dizem, tem rendido, nos últimos tempos 50.000 cruzados anualmente. De regresso da mina, não pudemos exprimir bastante a nossa admiração ao nosso amável hospedeiro pelo seu eficaz aparelhamento. Não deixamos, entretanto, de lhe falar sobre a vantagem do lavadouro giratório e da amalgamação, pois seria muito mais eficaz não carregar o minério obtido, peça por peça, à cabeça de negros, para a máquina de moer, porém trazê-la em carrinho de mão ou sobre rodas.

Nessa mesma tarde, despedimo-nos do prático filósofo e da sua solidão de beleza agreste, e seguimos caminho para uma cabana retirada, próxima da Vila Real de Sabará, distante três léguas daqui. Esta pequena povoação está muito bem situada entre plantações de bananeiras, num vale formado por pinturescos morros, na encosta de um outeiro baixo, à beira do Rio das Velhas, que tem aqui uns trinta pés de largura, e vai desaguar no Rio São Francisco. Uma ponte de madeira sobre o gracioso rio, leva à vila, que consta de filas espalhadas de moradias baixas e asseadas, cujas casas de negócio, bem fornecidas de mercadorias, e ruas em parte bem calçadas, atestam a riqueza dos habitantes. Monta a 800 o número de casas e a 5.000 o dos habitantes. Ali se encontram um ouvidor, como juiz da comarca de Sabará, um juiz-de-fora, além dos demais funcionários de uma comarca, um vigário, uma escola de latim e uma fundição real. A comarca de Sabará é uma das mais importantes das quatro de Minas Gerais, e foi reduzida à metade pela recente instituição da quinta, a comarca de Paracatu. As fundições de ouro produzem atualmente maior porção de barras de ouro do que as outras três que existem na província, e avalia-se o ouro, derretido, em 300.000 até 400.000 florins. As mais ricas minas, cuja produção é aqui beneficiada, são as das vizinhas Vila Nova da Rainha ou Caeté, e do Arraial de Santa Luzia, pelo qual se passa em caminho para Paracatu e Goiás. Os arredores de Sabará produzem, igualmente, muito ouro; um filão de quartzo do próximo Morro do Valério deu, há poucos anos, tão incrível lucro, que cada carga de pó se avaliava em 150 florins de lucro. Havia recebido o juiz-de-fora, alguns anos antes, um pedaço do tamanho de um punho, do qual se fundiram 80 oitavas de ouro. O ouro daqui varia muito, de 19 até 23 3/3 de quilates; mas este máximo é raro. A principal formação da zona circunstante consiste em quartzito, oligisto e ardósia; à margem norte do Rio das Velhas, também existe um belo mármore compacto, cor de carne e branco.

Ainda não era meio-dia, quando alcançamos Sabará. Como não considerássemos conveniente interromper o habitual dia de viagem dos cargueiros, ordenamos que a tropa seguisse adiante, para o Arraial de Caeté, distante três léguas; nós, porém, fomos visitar o juiz-de-fora, para o qual trazíamos do Rio de Janeiro e de Vila Rica nossas cartas de recomendação. Conhecimento mais agradável do que o do Sr. Teixeira, português de origem, não poderíamos fazer, pois esse homem ilustrado e amabilíssimo era tão grande cultor da história natural quanto da jurisprudência. Quando ele nos levou à sua biblioteca, vimos com grande gáudio, além de muitos livros ingleses e franceses, também obras de Buffon e uma edição de Lineu, feita pelo nosso compatrício Gmelin. A chácara da casa em que ele morava ostentava alamedas de preciosas laranjeiras, cobertas de frutos, várias espécies de pequenas árvores frutíferas europeias e de Mirtáceas brasileiras, de cujo cultivo fazia ele o ensaio, e cujos frutos, já pelos cuidados de poucos anos, haviam melhorado em suco e sabor; viceja aqui especialmente a excelente jabuticabeira (Myrtus cauliflora Mart.). O nosso bondoso hospedeiro convidou-nos para jantar em sua casa, em companhia de alguns dos seus amigos; além do dito juiz-de-fora e excetuados nós, eram todos exclusivamente brasileiros natos. A mesa era guarnecida com talheres de prata, de bom gosto, e servida com iguarias de toda espécie, não só do país como da Europa. Sem grande espera, logo o tema da conversa foi a comparação da Europa com o Brasil. Por mais que nos esforçássemos por citar as superioridades de nossa pátria europeia sobre o Brasil, a maioria das vozes insistia em que o Brasil, tanto por sua posição, como sua riqueza de produtos, era independente, e pouco a pouco ganharia essa superioridade do espírito e da indústria. Durante as calorosas discussões, nós, estrangeiros, trocávamos olhares, exprimindo espanto mútuo, pois, antes que estes herdeiros da Europa se houvessem formado em conhecimentos mecânicos e artísticos, já se familiarizavam com as ideias progressistas do Velho Mundo. O império das ideias, que se espalha com a rapidez da luz em fluxo e refluxo, já se reconhece na vivacidade espiritual do brasileiro, em semelhantes conversações, frequentemente ouvidas, indicando as tendências do pensamento neste país.

Despedimo-nos, pesarosos, da alegre companhia e do generoso hospedeiro, e cavalgamos até Caeté, ainda essa tarde, ao encontro da tropa. Uma estrada nova, larga, bem calçada, passa por uma garganta de serra; estava, porém, apenas pronta a metade da distância entre as duas vilas. As montanhas por onde ela segue, são todas orladas, na parte baixa, de matas cerradas, e na parte de cima, são revestidas pela mais linda vegetação dos campos. Apenas havíamos galgado o Morro do Valério e seguíamos por outra montanha acima, o sol se foi deitando, e em breve nos envolveu tão profunda escuridão, que precisávamos continuamente atender à voz do guia, para não sairmos do caminho e nos despenharmos no abismo bem próximo. Contra esse perigo, serviu-nos o esplendor das constelações, que pouco a pouco foram surgindo da escuridão e, para nossa alegria, a figura da Grande Ursa, de que estávamos desde tanto tempo privados, apareceu-nos de novo. Tarde, alta noite, chegamos a Caeté, onde encontramos a tropa em ordem.

Caeté, antigamente também chamada Vila Nova da Rainha, é pequena localidade, irregularmente construída num belo vale fértil, ao sopé da Serra da Piedade. No vale, o solo compõe-se, em grande parte, de barro vermelho aurífero, do qual facilmente se separa o ouro. O irmão do intendente do Distrito Diamantino, o Sr. Dr. Ferreira da Câmara, possui, na vizinhança uma importante lavra, que tem, sobretudo nos filões de quartzo, abundância de ouro. Na madrugada do dia seguinte fizemos uma excursão à próxima Serra da Piedade. Essa montanha de rocha eleva-se a noroeste da vila, inteiramente isolada no vale, coberta toda em torno, debaixo até ao meio, de mato rasteiro; mais acima, tem capim, samambaias, uma espécie de bambu arbustiforme e algum arvoredo acaçapado de Gônfias, Loureiros, Malpíguias, Birsonirnas, Styraxes, Rupalas, etc., e, no cume, guarnece a bela vegetação do campo: Alstromérias, Amarílis, Orquídeas, Velosias, Micanias, Suavagésias, Declienxias, etc. A base da montanha consta de quartzito, sobre o qual, em muitos lugares, estão jazidas de micaxisto, contendo ferro, e de magnetita. Soberbo é o panorama que se descortina do alto desta montanha, de mais ou menos 5.400 pés de altitude, em cuja ascensão gastamos quatro horas; erguem-se, como gigantes, em torno dela: o Pico de Itabira, em Sabará; a Serra do Caraça, em Catas Altas; a Serra da Lapa etc.; e, diante de nós, a oeste, resplandecia a Lagoa Santa. A alma do espectador, frente a tais perspectivas, vagueia enlevada em visões, e, fitando, além dos campos, os montes e as habitações dos homens, consagra os lugares, que já por natureza dominam acima das regiões longínquas. Com esses sentimentos, entramos na morada de um eremita, construída junto de uma capela, no topo. Esse ermitério também tinha fama de milagroso, por ter sido habitação de certa mulher, tida em conta de santa, na região. Ela vivia ali desde muitos anos, sem outra alimentação, a não ser um ovo diariamente. O fato de ser ela sujeita a ataques de catalepsia talvez fosse a razão por que o povo a considerava milagrosa e visionária. Não chegamos, contudo, a vê-la, pois o governo havia tomado providências no sentido de afastá-la dali.

De Caeté para a frente, durante a longa viagem, tivemos que passar por grandes matas. Este arraial deve o seu nome provavelmente a isso, pois Caeté significa mata espessa (2). A mata que reveste a Serra do Mar vai acompanhando o Rio Doce e seus tributários Piranga, Gualacho, Percicaba (3) e de Santa Bárbara; a oeste, segue por Mariana afora, e estende-se até além da Vila do Príncipe. Costuma-se, por isso, diferenciar nesta fronteira muitos lugarejos com os apelidos: do Mato Dentro ou do Campo. Mata de igual extensão tivemos que percorrer no caminho de Cocais. Tem esta região aspecto tristonho, solitário, e somente no cume da montanha, coberto de capim-melado ou capim-gordura (Tristeges glutinosa, Nees) , e de algumas espécies de arbustos HyptisCentaureas eSpermacoceas, patenteiam-se-nos o panorama da majestosa Serra do Caraça, com suas encostas brilhantes, como prata, aos raios do sol.

Nestas matas encontra-se uma espécie de fumo-bravo (Nicotiana Langsdorffii) e a árvore almecegueira (uma espécie de Icica), de cujo córtex escorre uma excelente qualidade de goma, a Elimi. Em geral, essa goma é exportada do Rio de Janeiro em meio de outras. Quando saímos da mata da primeira montanha que galgamos, vislumbramos o Arraial de São João do Morro Grande, com as suas torres gêmeas, num vale melancólico. Antes do pôr do sol, fizemos a ascensão da segunda montanha, e alcançamos, depois de uma caminhada de cinco horas, o povoado de Cocais, cuja capela, circundada de palmeiras, destaca-se majestosamente num outeiro. Este lugar é, sobretudo, afamado pela quantidade e pureza do ouro aqui lavado, que aparece não só salpicado de pepitas, nos filões de quartzo, ou no barro, porém igualmente de pedaços grandes, lâminas e cristais, dos quais tem o Dr. Gomides uma notável coleção, além de outros minerais do interior do país. O ouro daqui, assim como o do Morro Grande, é, em geral, de 22 1/2 quilates. O proprietário da mais rica mina do distrito de Cocais, Santa Bárbara e São Miguel, é o Cel. Figueiredo, que emprega 200 escravos na lavra do ouro. Trazíamos carta de recomendação para ele; mas, infelizmente, o coronel já havia partido, para assistir, no Rio de Janeiro, aos festejos da coroação do rei. Nesse mesmo distrito, foi encontrado abundante ouro, em grandes camadas corridas de compacto limonito (marumbé), e bem assim jazidas de pedra de oleiro, com a qual se fabricam vasilhas, achando-se ainda muito ouro no denominado itabirito. Não distante de Cocais, na estrada que leva ao Distrito Diamantino, aparece um granito branco-avermelhado, de fina granulação, que recobre frequentemente um micaxisto rico de quartzo. Daí em diante, o caminho se foi tornando sempre mais solitário e despovoado; passava por terreno montanhoso, entre matas, alternadas aqui e ali com roça de milho e canaviais, e onde grandes trechos de terras cansadas foram invadidos por samambaias (Pteris caudata). Seguindo para Busceda e Duas Pontes, dois lugarejos, transpusemos um riacho que nasce de uma jazida de oligisto, e deve conter grânulos de platina. No dia seguinte, partimos da Fazenda Cabo d’Agosta, passando por açudes cercados de vegetação, pela Fazenda Tangue e um rico engenho de açúcar, em caminho para o pequeno Rio das Onças, que é todo circundado de altas matas. Papagaios e macacos, sobretudo o sagui-chico (Callithrix Gigot, Spix), e onças enchiam essas selvas com o seu vozerio. O pouso da noite foi péssimo e a chuva, que vazava do telhado do nosso rancho, não nos deixou dormir. Como até aqui, nos seguintes dias de viagemporfiavam matas virgens e campos, cada qual pela sua supremacia. Quando, ao meio-dia saímos da mata, seguindo ao longo de uma lagoa, apresentou-se-nos a Serra do Itambé e nela, à margem do rio, o arraial do mesmo nome, situado a 1.990 pés acima do nível do mar. Tratamos de subir, nessa mesma tarde, a montanha íngreme, para não pernoitarmos nesta região úmida, de neblinas. É a sua formação orogênica um quartzito esbranquiçado, de camadas mais ou menos acentuadas, cuja liga aparece às vezes, sobretudo nas fendas, como folhelhos de mica avermelhada. A sua encosta, que se estende vasta, é em parte coberta por lajes, lisas, nuas, e, a não ser isso, pela vegetação dos campos. Surpreendeu-nos, particularmente, o grande número de nascentes de água límpida e muito fria, que não só haviam formado profundos valos, mas também, aqui e ali, tinham cavado na pedra verdadeiros poços. Aqui a vegetação toma de novo o aspecto da mais alta região alpina; pouco arvoredo baixo de Ocotéias, Gôrfias, Centáureas, Liliáceas arboriformes, Velósias e Barbacenas, brenhas de Mirtáceas de folha miúda e Réxias, Cássias cobertas com as raras formas das Sedum villosum, Sauvagésias nas encostas de rocha, entroncadas Eriocáuleas e Xirídeas, a modo de juncos, por entre os espessos e altos capins, prendem a atenção do botânico. Obrigados a procurar pouso ao cair da noite, resolvemos pernoitar em Patos numa choupana vizinha. Quando caminhávamos pelo capim alto, tivemos a pouca sorte de pisar num montículo redondo, construído e todo furado por enxame de grandes marimbondos; atacados por eles, só pudemos escapar às cruéis ferroadas, atirando-nos de bruços ao chão, obedecendo aos brados de aviso do guia. Esses insetos habitam em buracos e furos na terra, e costumam não ser tão numerosos nas suas casas, como as abelhas. Eles têm quase o tamanho dos nossos vespões, são de cor esverdeada, e a sua ferroada produz inflamação com febre, e até delírio. Igualmente tão numerosos como estes incômodos bichinhos acham-se, nos arbustos de Réxias, uns besouros grandes, cinzento-escuros, os cucujus (Buprestis sculpta, Spix.). Por mais interessante que sejam para os naturalistas essas encostas, que se estendem em planície a perder de vista, para a lavoura são, entretanto, pobres, pois em diversos e vastos trechos só há terreno alagadiço, com capim ralo.

No dia seguinte, alcançamos de manhã cedo, o pequeno Arraial do Rio do Peixe, no vale e, ao entardecer, o morro de Gaspar Soares. Manuel Ferreira da Câmara, Intendente-geral do Distrito Diamantino, havia instalado aqui, à custa do governo, uma Fábrica Real de Ferro, no ano de 1812. Está situada num ressalto, no cume da montanha, consta de um alto forno e duas refinações. Os fornos, a máquina para moer o minério, os armazéns, as habitações do mestre-fundidor e dos operários estão montados com luxo, devendo ter custado uns 200.000 cruzados. Para forrar os fornos, mandou-se vir grés de Newcastle, na Inglaterra, pois o quartzito dos país torna-se facilmente friável ao fogo. Não encontramos o mestre-fundidor, um alemão, que não estava presente. Havia justamente partido para Vila Rica, e, por esse motivo, não funcionavam os fornos. Ademais, já desde alguns anos o alto-forno não trabalhava, por estarem à espera de diversos fundidores da Alemanha. Provisoriamente, produzem ambas as refinações o ferro necessário para o uso da vizinhança e do Distrito Diamantino. A água motriz é reunida no cume do morro, num grande tanque, cimentado com o minério de ferro, e conduzida por um canal. Muitos censuram ter sido feita a instalação nessa altura, que sofre falta de água nos meses de seca. Também o carvão precisa ser tirado das matas situadas em baixo, pois as da montanha não bastariam. Quando ao minério de ferro, é tão excelente e está em tal quantidade à mão, que seria suficiente para abastecer, durante séculos, todo o Brasil. Acima do quartzito, que é a formação inferior, estendem-se em camada compacta magnetita, micaxisto contendo oligisto e as tantas vezes citadas jazidas de minério de ferro. Diferenciam-se cinco diversas qualidades do minério. O mais rico, o compacto minério de ferro e oligisto tem 80% de metal, ao passo que os fornos só conseguem derreter 56% do minério aliado com diorito (Cabo Verde), que aparece em grandes fragmentos, como jazida, no barro vermelho, próximo da fábrica. Esse próprio diorito contém 10% de ferro. A fim de estender a fábrica, o Sr. Ferreira da Câmara, amigo dos grandes empreendimentos, resolveu ligar o Rio Santo Antônio com o Doce, para ser transportado o ferro até à costa marítima e, de retorno, trazer-se o sal, assim como outros artigos, de que há necessidade no sertão. Esse desígnio influiu sobretudo na escolha do lugar, contra o qual se elevaram protestos, por motivo da altitude e da falta de água, acusação que Ferreira da Câmara anulou perante o governo, pois ele mesmo tomaria a fábrica a seu cargo com reembolso de todas as despesas.

Uma légua a noroeste de Gaspar Soares, transpusemos o Córrego das Lajes, de cujo quartzito e micaxisto derrocados são lavadas pedrinhas de platina, ora redondas ora achatadas, que se destacam em tamanho das que aparecem no Rio Abaeté; nunca se encontrou, porém, nenhuma de peso superior a uma ou duas dracmas. Também em outro córrego da vizinhança, Ouro Branco, parece que se tem achado esse metal, cuja ocorrência, em lugar próximo à formação de ferro, merece ser tomada em consideração. Há quatorze anos passados, toda a região montanhosa de Gaspar Soares até Vila do Príncipe era revestida de densa mata virgem sem interrupção, continuando as matas do Rio Doce; atualmente, já grandes trechos dela foram abatidos; contudo, ainda é agreste e sombrio o aspecto da zona. Só para o nosso índio Custódio estas selvas pareciam alegres; pois não precisava proteger-se contra os ardores do sol, sob um galho bem folhudo como costumava nas regiões dos campos. Passando por Sumidouro, fazenda solitária, apeamo-nos no extenso Arraial da Conceição, à margem do Rio Santo Antônio, e pernoitamos na solitária Fazenda do Padre Bento. Uma das nossas mulas cargueiras havia-se descadeirado na subida do morro, caso que exigia rápido socorro. O arrieiro procurou remediar o animal com clisteres, cataplasmas quentes e aplicação de um emplastro. Para este último emprega-se, aqui no país, a resina balsâmica do lantim (Calophyllum Calaba, Jacq.), que exsuda em gotas límpidas, amarelo-claras, da casca retirada da árvore, e que é semelhante, em consistência e aroma ao óleo de terebintina. Enquanto se tomavam essas disposições, percorremos as matas próximas da Serra do Quati, e, como nos fôssemos internando descuidados no reino da natureza, e inopinadamente nos separássemos, um de nós, acompanhado pelo índio, e, por felicidade bem armado encontrou no meio da mata uma roça de milho isolada. O índio acabava de lançar a sua flecha numa arara vermelha e estava ocupado a procurá-la, quando um mulato reforçado chegou correndo e com aspecto ameaçador; fazendo girar um grosso cacete cheio de nós, perguntou com que direito se estava caçando nas suas terras. Respondeu-se-lhe pedindo desculpa e mostrando ao petulante a portaria real; o fazendeiro retrucou todo colérico: – “O Rei manda na casa dele, e eu na minha!” Entretanto, os escravos negros, com fuzis na mão, esgueiravam-se nos capins e pareciam esperar só o sinal do senhor, para atirar nos estrangeiros. Nessa perigosa situação, era preciso mostrar coragem e resolução; o viajante pôs-se sossegadamente a deitar balas no cano do fuzil, e, já que não se podia valer da persuasão em sua defesa, avançou para o inimigo com a arma em posição; diante disto, ele e seus escravos armados dispararam em debandada.

Do nosso pouso à Vila do Príncipe ainda distava oito léguas. A estrada continuava sempre por despenhadeiros, selvas e trechos de terreno ressecado com samambaias, passando por Onça, Bom-Sucesso e Taparoca, na direção do Arraial de Tapanhoacanga, povoação de uns 1.000 habitantes, que faíscam ouro. Em caminho para a Fazenda de D. Rosa, para a Fazenda do Rio do Peixe, o aspecto da região dos campos tornou-se mais belo.

Vila do Príncipe, principal cidade da comarca do Serro Frio, está situada a 3.200 pés de altitude, distando 32 léguas de Vila Rica, 28 de Sabará, 9 do Tejuco, 106 do Rio de Janeiro, sobre um outeiro que se prolonga em recôncavo formado por altas montanhas, cobertas de pastos. As ruas são ladeiras tortuosas e mal calçadas; as casas, pequenas e pobres. Na ocasião de nossa demora ali, estava-se justamente cuidando da construção de nova igreja. O número de habitantes tem-se reduzido nestes últimos decênios, visto o pouco resultado das minas de ouro, cada vez mais minguado, de sorte que, atualmente, não conta mais de 2.000 almas, e nesta zona de antiga opulência só se encontram vestígios de miséria. Fomos recebidos muito amavelmente, tanto pelo ouvidor, aqui residente, como pelo vigário. Este sacerdote levou-nos à sua casa e mostrou-nos o interior ornamentado com gravuras francesas e inglesas em cobre, e pô-la à nossa disposição. A sua freguesia estende-se pela maior parte da comarca e também pelo Distrito Diamantino; consta de 28.000 almas, e é administrada por ele e alguns coadjutores, pagos do seu bolso. O ouvidor é também intendente da Fundição de Ouro, que está anexa, à sua repartição; comparada com a de Vila Rica, é sem importância, e consiste apenas em alguns fornos, uma sala para pesagem e verificação das barras, e outra para estamparia e separação do quinto real. Também o ouro encontrado no Distrito Diamantino deve ser fundido aqui. A porção do ouro obtida dá, em média anual, uns 20 a 24 contos de réis. O metal aqui achado é de particular pureza, em geral de 22 a 23 quilates, e de bela cor. Na argila vermelha, que reveste em grandes extensões o quartzito, achou-se outrora grande porção de ouro maciço, com o peso de muitas libras, e também hoje se notam nela muitos cristais de ouro. Antigamente, parece que nas lavagens também apareceram brilhantes. Pena é faltar, para a exploração da maioria das lavras, suficiente água, que mesmo perto da vila é ajuntada em tanques, cavados nos pontos altos. Fomos tidos aqui em grande estima como médicos e tivemos de examinar grande número de doentes, que sofriam principalmente de doenças crônicas do peito, hidropisia, etc.

NYPL – Garimpeiros de Diamantes

NYPL – Garimpeiros de Diamantes

Como nos fosse só então concedida uma especial ordem régia para a entrada no Distrito Diamantino, que começa a umas cinco léguas daqui, deu-nos o intendente-geral do mesmo uma apresentação para os postos de fronteira, escrita por seu próprio punho, e teve o ouvidor a gentileza de mandar para Tejuco o seu próprio ordenança, levando o nosso requerimento e a carta inclusa com a licença do rei. Fomos então seguindo na direção N. O., por montes cobertos de mata, e fizemos pouso no rancho das Três Barras, onde, alguns dias antes, uma onça tinha espalhado terror geral; ali paramos à espera da desejada autorização. O mensageiro voltou nessa mesma tarde, e entregou-nos a resposta, em que o Intendente Ferreira da Câmara nos convidava a jantar com ele no dia seguinte, em Tejuco. Satisfeitos, afinal, com a tão almejada licença, depois do desassossego da espera, logo nos pusemos a caminho para o posto da fronteira, ainda distante légua e meia, o Arraial do Milho Verde. Esses Destacamentos ou Registros são dez, em torno do Distrito Diamantino, numa distância de cinco até seis léguas, isto é, começando a oeste de Milho Verde: Paraúna, distante de Tejuco dez léguas; Bandeirinha, três; Gouveia, cinco; Rio Pardo, sete; Andaial, quatro; Inhaí, sete; Inhasica, dez; Rio Manso, cinco; e Itaibaba, seis. Os soldados, aqui destacados, do regimento de Dragões de Minas, têm o dever de impedir a entrada de quem quer que seja, de onde quer que venha, e qualquer que seja a sua posição, sem uma ordem especial do intendente-geral. Os próprios habitantes do Distrito Diamantino, toda vez que em viagem transpõem as fronteiras, precisam de apresentar a licença escrita pelo próprio intendente-geral. Sem essas instruções, não entra nem o próprio governador da província de Minas. À saída da circunscrição diamantina, toda pessoa é submetida a rigorosa vistoria pelos soldados. São estes últimos encarregados de investigar, com minúcia extrema, não só todas as malas do viajante, todas as rugas e dobras dos pacotes, porém igualmente todas as partes acessíveis do próprio corpo, para se verificar se não levam escondido algum diamante; em caso de simples suspeita, é o viajante retido 24 horas, para se examinar se alguma pedra preciosa não foi engolida. Dessa vistoria ninguém é isento; depende, entretanto, dos soldados em serviço. A fim de que esses Registros não possam ser contornados pelos pedestres, patrulhas volantes percorrem o interior e fronteiras do Distrito e são autorizadas a prender qualquer um. Logo que o cabo, comandante do posto, tomou conhecimento da permissão escrita, tivemos de deixar o quartel e, transpondo o córrego, achamo-nos no Distrito Diamantino, tão ardentemente almejado.

Parece que a natureza escolheu para a região originária dessas pedras preciosas, os mais esplêndidos campos, e os guarneceu com as mais lindas flores. Tudo que havíamos visto de mais belo e soberbo em paisagens, parecia incomparavelmente inferior diante do encanto que se oferecia aos nossos olhos admirados. Todo o Distrito Diamantino parece uma chácara artisticamente disposta, a cuja alternativa de românticos cenários alpestres, de montes e vales, se aliam mimosas paisagens de feição idílica. Desde a costa marítima, tinha sido a princípio nosso ambiente o mato geral, com arvoredo de enorme altura, entrelaçado nos cumes; daí seguem-se trechos menores, cheios de bambus e samambaias, na parte mais alta das montanhas da costa; depois desses, à entrada do próprio sertão, sobretudo para o sul, estão os pampas, o campo-geral, planícies de graciosos e verdes ervais, interrompidos aqui e ali por alguns arbustos; nos cumes das encostas do planalto, que se estende do trópico para o norte, alternam-se a perder de vista, campos alpestres, ora com capões de densa folhagem sempre verde, ora com os mais ralos tabuleiros ou cerrados de grupos de arbustos densamente unidos, ora carrascos de mato baixo impenetrável. Mas na região em que cavalgávamos agora, parecia que todas essas formas se houvessem harmonizado num todo encantador. Os outeiros e gratas serpeantes, interrompidos por montanhas isoladas, são animados por claros arroios, ao longo do sopé das mesmas, vindos pelos valos, por entre mata de folhagem densa de árvores sempre virentes; junto das encostas estendem-se contínuos campos verdes, interrompidos por moitas de arbustos de toda espécie, e sobre as lombadas pouco inclinadas expandem-se os mais bonitos campos de pasto, nos quais estão distribuídas Lauráceas, moitas baixas de arbustos e arvorezinhas isoladas, enfeitadas com variegadas flores, de modo tão encantador, que se caminha por meio delas, supondo-se estar num parque artisticamente plantado. O próprio solo desse parque natural é coberto de uma camada de itacolomito de brancura deslumbrante, onde pequenas nascentes sussurram serpeantes, aqui e acolá. Finalmente, aparecem os últimos topos das encostas, muito recortados e fendidos, restos de tempo antigo, que se renovam incessantemente, como ruínas extremamente românticas, cobertas de arbustos e líquens. Sente-se o viajante, nesse delicioso jardim, atraído de todos os lados por novos encantos e segue extasiado pelos volteios do caminho que o leva de uma a outra das belezas naturais. Volvendo o olhar dos pacíficos e variegados campos para a distância, o espectador vê-se todo contornado por altos rochedos que, iluminados pelos vivíssimos raios solares, refletem claridade de seus vértices; recortados em formatos maravilhosos, ameaçam desmoronar, ou com terraços se amontoam uns sobre outros, no azul etéreo do céu, ou escancaram profundos vales, patenteando abismos, onde alguma cachoeira da montanha abre caminho com estrondo. Nesse magnífico ambiente fomos nos aproximando da primeira lavagem de diamantes, Vau, situada num vale solitário, junto do Rio das Pedras, a uma légua de Milho Verde. Vêem-se aqui diversas choças para os escravos negros, cuja tarefa é lavar os brilhantes retirados do rio e da vasa do fundo, misturada com muitos fragmentos de gnaisse e micaxisto. Não pudemos alcançar no mesmo dia a meta de nossa viagem, Tejuco, e fomos forçados a pernoitar numa pobre fazenda, Palmital, ali perto. Depois de havermos, no dia seguinte, galgado duas encostas de montanha, entramos no vale do Rio Jequitinhonha, detentor de ouro e diamantes, transpusemos a ponte sobre o mesmo, perto da qual existiu outrora muito produtiva lavagem de diamantes, e tivemos, afinal, a satisfação de alcançar o Arraial do Tejuco.

Notas:

  1. Aqui e no resto deste capítulo, bem como dos seguintes, o original traz sempre a grafia Tejuco. O vocábulo, como se vê em Teodoro Sampaio “O tupi na geografia nacional”, vem de ty-yuc “liquido corruto ou podre, lama, brejo”. (Nota da rev., Inst. Hist., e Geogr., Bras.).
  2. De caá, “folha, árvore”, de eté, “muito, verdadeiro”.
  3. No original, Percicaba. Esta é a denominação vulgar do Rio Piracicaba, que, engrossado por vários cursos d’água, é um dos primeiros afluentes do Doce. (Nota da rev., Inst. Hist. e Geogr.).

Fonte:

[SpixMartius1938] J. B. von Spix and C. F. P. von Martius, Viagem pelo Brasil 1817-1820, Nacional, I., Ed., , 1938.