O comércio no Tijuco, durante o governo de Câmara, gozou de uma liberdade quase ilimitada, como nunca em tempo de algum outro intendende; as disposições do regimento que pagavão-lhe o desenvolvimento nunca foram executadas. Argumentava-se assim a população do arraial, construíam-se muitos edifícios importantes, abriam-se casas de negócios sem atenção as tabelas organizadas nos anos anteriores.

    A medida de despovoar a demarcação Diamantina, com o fim de evitar o contrabando, tão recomendado pela diretoria de Lisboa, foi sempre contrária as idéias de Câmara.

    Do gentio alegre, folgazão, e também bastante sensual, Cãmara amava a mesa, as festas, toda a sorte de divertimentos. Em sua casa, sempre cheia de amigos e convivas, dava repetidos jantares, banquetes, bailes, que se denominavam assembléias e outros folguedos.

    Possuía fora do Tijuco diferentes quintais, que, destinadas aos prazeres campestres, servião ao mesmo tempo de modelo para criadores e agricultores. Ali ensinava ao povo a tratar das criação e melhoramento das raças animais; ensinava-lhe a agricultura por sistemas até então desconhecidos. Câmara com razão odiava as velhas usanças, e não poupava esforços par desarreigá-las de nós. Porém o seu mais importante trabalho cuidando e os seus mais assíduos pensamentos eram reservados aos progressos do distrito diamantino. Segundo os srs. Saint Hilaire  e Mawe, "o sr. M. F. da Câmara provocou muitos melhoramentos em raça e propagação do gado vacum". Sigaud, biografia dos brasileiros ilustres.

    Desses quintais normais e mais célebre foi a denominada dos Caldeirões, a duas léguas de distância do Tijuco; em situação a mais aprazível e pitorescas; dentro de um bosque natural de altas e copadas árvores; cercadas  pelos alegres e sempre virentes campos, que se atendem ao noroeste do Guinda.

    O bosque, de forma oval, com quinhentas braças de comprimento e trezentos de largura, era atravessando em sua maior extensão pelo córrego dos Caldeirões, assim chamado pelas numerosas bacias de pedra de seu leito, cavadas pelas águas ao longo dos tempos, formando lindos e majestosos saltos.

    Foi no meio deste bosque, que Câmara teve risonha idéia de mandar construir a sua quinta. Era uma bela e graciosa vivenda, construída com delicado gosto, asseio e simplicidade; com seu quintal, patio, cercados, fontes, jardins amenos, plantados com esmero; e ao mesmo tempo hortaliça exóticas, úteis, que distribuía para serem propagadas.

    No interior tudo ostentava luxo e grandeza, dir-se-ía a habitação de um "sybarita". Do lado interior, a pouca distância, junto a um serrote, fez Câmara abrir, a poder de ferro e fogo, em uma dura rocha granitica, uma espaçosa escavação semi circular, com prateleiras formadas na mesma rocha, e fechada por um forte portão de madeira de altura de oito palmos.

    Era aqui sua vasta e singular adega, sempre fresca pela umidade, que transudara dos poros granito, e onde se guardavão os vinhos mais finos e deliciosos que lhe cgegavaão remetidos diretamente da Europa, e não sofrião, seja dito de passagem a química do Rio de Janeiro arte está já então conhecida, e que em nossos dias há chegado a um súbito grau de perfeição.

    Na margem oficial esquerda do córrego, havia, um magnífico tanque artificial construído de pedra, bastante seguro e espaçoso para poder conter pequenos barcos de vela, ricos, dourados, com todas as peças em miniaturas das grandes embarcações; servião para pescarias, regatas e outros divertimentos.

    Do lado superior, por baixo das seculares copadas árvores dos bosques, que entrelaçando por cima seus ramos formavam uma majestosa abobada de folhagens, estendião-se em um chão sempre limpo e assiado, longas e pálidas mesas de pedra imitando mármore sustendas por colunas cilíndricas, e com assentos ao redor, também de pedra.

    Nesta quinta, para aformesear a qual Câmara nada poupava quando o permitião os afanosos trabalhos de seu cargo, passar o tempo de folga inteiramente entregues aos prazeres; aí recebia constantes visitas numerosos de amigos, como: Saint Hilaire, Spix e Martius, João Mawe, Eschewege, etc.

    Ainda nessas ocasiões não perdia de vista os trabalhos da Intendência: todos os dias saião do Tijuco dois pedestres, um de manhã outro a tarde, que leva-lhe os requerimentos, que tinha de despachar, o expediente da administração.

    Em certos dias festivos, já conhecidos, grande parte do povo do Tijuco corria a quinta dos Caldeirões: - era por exemplo nos aniversários de Câmara.

    Então a noite iluminava-se o bosque abobada de folhagens que negrejava por cima, e em um solo alastrado de pura e alva areia, alcatifado de flores, branqueteava-se, dançava-se , divertia-se, até o romper a aurora.

    O caráter de Câmara combinou perfeitamente com o do povo do Tijuco, sempre alegre e amante de festas e prazeres.

    De sua quinta dos Caldeirões hoje só restão as quase ruínas. Da Revista do Arquivo Público Mineiro.

    São João da Chapada , Inhacica, Mendanha, Pinheiro, São Gonçalo, Inhaí, o Quartel do Indaiá nos tempos passados foi residência de destacamento militar - ou também alojamento dos soldados que todos os meses saíam do Tijuco para solicitar os terrenos de mineração.

    Em 1735, pasou por uma reforma e sua importância somente acabou com o desaparecimento da "Extração".

    Mas o seu povo ainda existe, trabalha, minera, peleja, vive... Espraiando á direita do rio Caeté Mirim e a embocadura do ribeirão Luis Carlos, este povoado deve muito a José Floriano da Silva que vindo dos lados do Pessanha aí constituiu família, e impediu que o Quartelzinho se apgasse no mapa municipal. Começou José Floriano, neto também Antônio, neta Maria Dorotéia da Silva, bisneta Maria Aparecida nasceram e foram criadas dentro da minúscula aldeia. A Terra de José Floriano deu-lhe apelido de Pessanha e até a descendência o conserva.

    Com seus amigos e povo construiu uma capela bem surtida de tudo, conseguiu escola, pagou os estudos de uma filha para ser professora normalista; uniu o lugar a Inhaí e São João da Chapada por autovia; comprou terras; plantou-as; deu serviço a quem não tinha e falecendo deixou um nome abençoado de todos.

   A origem do Arraial do Tijuco ainda permanece incógnito pelos historiadores. Existem vários documentos que relatam as primeiras entradas pelo Rio Jequitinhonha nos séculos XVII. As primeiras Bandeiras formada pelos portugueses em busca das pedras preciosas que os bugres carregavam e ornavam nos seus corpos como enfeite atraía á atenção dos europeus. Ao indagar aos bugres onde eles conseguiam as pedras preciosas e o ouro, os tapuias sempre apontavam para o sertão mineiro. A fome de ficarem ricos e poderosos os portugueses arranchados na Bahia, que era a capital do Brasil nesse período, levantaram as primeiras Bandeiras em busca da minas. A primeira Bandeira a sair da Bahia foi no dia 5 de novembro de 1550; a segunda foi organizada pelo próprio Tomé de Souza e chefiada por Martins Carvalho, seguiram por terra, partindo de Porto Seguro, pelas trilhas dos bugres, conseguindo chegar até o Rio São Mateus. A terceira expedição organizada ainda pelo Governador Geral em busca da Serra do Resplandescente, chefiado pelo peruano Francisco Bruza de Spinosa e do padre Manuel da Nóbrega, orientados pela Serra dos Aimorés, passaram pelas terras da Filadélfia (hoje Teófilo Otoni) e chegaram até ao Rio Jequitinhonha nas proximidades do "Estreito". Seguindo as nascentes de vários rios tributários do Jequtinhonha fez um mapa indicando as faixas limites de cada nascentes dos rios.  Na quarta expedição  em 1573, Sebastião Fernandes Tourinho penetra pela primeira vez e se faz o descobridor e recebe o título de descobridor de Minas Gerais, que na verdade quem foi o descobridor era o explorador Francisco Bruza de Spinosa. Sebastião Fernandes Tourinho partiu de Porto Seguro  e retornou a Bahia pelo Jequitinhonha, e a segunda subindo pelo Rio Doce, voltou pelo Vale Caravelas (Ba). Chegando a Bahia logo em seguida entregou ao Governador Luiz de Brito relatos de imensa riqueza em ouro e pedras preciosas; Na quinta expedição realizado por Antônio Dias Adorno, no ano de 1576, pelo Vale Caravelas, com 150 homens brancos e 400 índios, chegaram a misteriosa Lagoa de Vupabuçu. A Dias Adorno seguiu-se Diogo Martins Cão e várias outras expedições como do escritor viajante Gabriel Soares de Souza, Marcos de Azevedo, Castanho Taques, Fernão Dias Paes Leme, Manuel Pires Linhares, Matias Cardoso de Almeida, Manuel de Borba Gato, Rodrigo de Castelo Branco. Bem na verdade muitas destas expedições não conseguiram o seu êxito desejado, mas serviu para abrir caminhos pelos sertões de Minas Gerais, conhecer os seus rios caudalosos e famosos, as grandes serras, lagoas e matas que fizeram a história; Algumas das expedições referenciavam pelo Pico do Itambé, que era o farol guia das primeiras expedições. Muitas destas expedições fracassaram devido á grande distância que tinham que ser percorrido, as densas matas fechadas, as doenças endêmicas, os ataques ferozes dos selvagens, foram as dificuldades encontradas pelos primeiros exploradores. Com a mudança da capital do Brasil da Bahia para o Rio de Janeiro, coincidiu com a descoberta dos primeiros filões de ouro nas Minas Gerais, do qual foram formadas novas bandeiras para exploração do ouro. 

    Bandeirantes e aventureiros, vindos á procura de riquezas, na Comarca de Serro Frio, chegam á confluência de dois córregos de nome Pururuca devido a saibros grossos encontrados no leito deste córrego, e o Grande, por ser mais volumoso. Para decidir qual rio a seguir tiraram á sorte lançando um lenço no ar, para onde o vento o levasse seria o caminho a seguir.  No entanto o lenço tomou a direção do Rio Grande. Decididos penetraram rio acima, chegaram a um pântano sobre o qual serpeava um pequeno córrego. dEram o nome de Tijuco, que, em linguagem indígena, significa lama.

    Conta a lenda que alguns caçadores atiraram em um veado que caiu no pântano. Ao retirá-lo, verificaram que seu pelo estava salpicado de outro: - maravavilhados com a descoberta, ali fixaram morada.

    A notícia se espalhou como um furacão e logo outras bandeiras chegaram pra explorara as riquezas auríferas e surgiu então o Arraial do Tijuco que, em 1831 passou a vila, com o nome de Diamantina, por causa da recente descoberta dos diamantes. E a 6 de março de 1838 passou a cidade.