O diamante perdido

    Raimundo Gôgô, havia perdido, certa noite, um bom diamante, no beco do Zé Leite, e logo comprou uma vela de sebo por 60 réis e uma caixa de fósforo por 40, para procurara uma vintém que perdera.

    É excusado dizer que a troça foi dpenar: todos que passavam riam-se a valer e caçoavam da ingenuidade de Gôgô, porque havia perdido 20 réis e gastara 100 para procurá-lo.

    No entanto, quando chegou á casa, o simplório do Gôgô, foi quem se riu, deveras, a fartar, do espertos, porque, si ele caisse na esparella de dizer que havia perdido um diamante grosso, de quilates, não acharia bem cedinho, no dia seguinte.

    Não se deve, pois nunca julgar o homem pela aparência, nem o pau pela casca...

    Outra: contavam os antigos de Diamantina, que Raimundo Gôgô, matriculara-se no nosso Seminário; mas, depois de algum tempo, não entrava em sua cabeça.

    Em férias, pensou e refletiu, achando que o meio mais fácil para conseguir o seu intento, era torrar o dicionário latino, e ingerí-lo ás pitadas, misturando-o com o pó (rolão).

    Debalde a sua idéia! O remédio não produziu resultado satisfatório, e o Gôgô, coitado, teve que sair do Seminário.

Xisto Reis, Voz de Diamantina, pág. 2, nº 35, 1937.