Beco do Isidoro, chafariz e Teatro

14-01-2011 10:19

    No chamado Beco do Isidoro, segundo alguns pesquisadores dizem que ali morou o escravo Isidoro. A casinha dele ainda existe e foi restaurada pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Viveu nesta casinha segundo a tradição era escravo de um certo Frei Rangel, que vivia no comércio de diamantes, e com ele aprendera os segredos da mineração.

    No largo do Chafariz do Rosário, antigamente corria em bica de pau  que trazia a água uns dizem que vinha do terreno dos fundo da Casa de Chica da Silva, outros dizem que vinha da Avenida da Saudade próximo ao antigo depósito de Antartica pela redondeza do Grupo Júlia. No chafariz com algumas caras de carrancas de pedra de sabão, no alto lê "Governando o Ilmi. e Exmo, Sr. Luiz da Cunha Menezes, 1787".

    No Largo do Rosário também ficava o antigo Teatro Santa Isabel, que foi construído pela Sociedade Promotora da Instrução Pública que desejava aplicar a renda no custeio de hum hospital, fechado por falta de verba. Com o dinheiro obtido por subscrição popular, comprou-se em 1838 um pequeno prédio, depois reformado e adaptado para teatro. A primeira apresentação ocorreu por volta de 1841, quando foi estreado o famoso pano de boca de cena, pintado por Estanislau de Miranda, e no qual o Rio Jequitinhonha, representado por um ancião de longas barbas, recebia de um anjo uma grinalda de flores. De seu leito haviam saído o ouro, os diamantes. Glória a ele, portanto. Mais tarde o teatro foi reformado e aumentado, até que em 1913 a mesa administrativa da Santa Casa o demoliu, aproveitando o material na constução de novo teatro noutro local, e vendendo o terreno ao Goveno do Estado para que nele fosse construído a cadeia.

    No teatro reunia a melhor gente do Tijuco para ouvir o poeta e escritor João Nepomuceno Kubitscheck e outros oradores nas festas cívicas. A platéia emocionava assistindo "Suplícios de Uma Mulher", de Dumas Filho, "Espôsa Mártir", de George Sand, "A Louca dos Pirineus", "O Máscara Negra". Também enlouquecia a platéia em delírios o mágico Lajournade, que, graças a um jogo de espelhos, soltava horrendos esqueletos pela sala afora... E havia o acrobata José Fonseca que evoluía no palco com incríveis malabarismos em cima de fio de arame. A Companhia Coimbra, que dançava, cantava a bela Sofia, estrela da Companhia, os homens vinham a delírios. Neste teatro passou Avelina del Vale, que tocava "Castanuelas  e tinha Salero. Também foram apresentadas as peças musicadas de Artur Azevedo e as comédias de Martins Pena e Joaquim Felício dos Santos.

Sem falar nos dias de carnaval, num andor carregado por negros exibia-se o deus Baco vestido de folhas de parreira, cetro na mão. Anunciado por clarins, percorria a cidade e, no regresso, abria as portas do Teatro Santa Isabel. As famílias instalavam-se nos camarotes e dançavam na platéia, enquanto nas torrinhas e galerias isolados por tabique, funcionava o "Cinzeiro" com entrada independente, uma espécie de cabaré.

    Conta-se que no carnaval de 1890, como não terminasse o baile de terça feira á meia noite, surgiu no palco, vestido de Morte o artista José da Cunha Vale, mais conhecido por Laport. O mascarado trazia nas mãos um grande livro aberto, que mostrava ao público, e no qual se achava escrita a advertência bíblica: "memento, homo, quia pulvis est, et in pulveren reverteris", o bail acabou logo.

    Foi neste teatro que o povo do Tijuco soltou gritos de entusiasmos em 1888, vendo pela primeira vez a Paixão de Cristo nos quadros estáticos da lanterna mágica e, pouco depois "O Banho Impossível" "A Magia de Rosa" com figuras que... se moviam. Do livro Passeio a Diamantina, Almeida, Lucia Machado de.