Caminho do Carro

15-03-2011 23:27

Diziam os antigos que, no tempo da extração do diamante e ouro, os carros de boi, que vinham carregados de gêneros e mercadorias do Serro Frio e outros lugares não podiam subir a ladeira do Arraial de Baixo, por ser íngreme demais; pelos lados da Chácara do Juca Neves, tornava-se mais longe, de modo que a Intendência daqueles tempos julgou bem servir a população do velho Tijuco, mandando cortar as abas do morro sobre o qual fora levantada a Igreja do Rosário, a partir do córrego Lava-pés, assim cognominado, porque os mineiros e garimpeiros, quando o atravessavam, após o serviço e retornando á casa, nela lavavam seus pés, sujos de lama.

            Esse caminho, que flaldejava o Morro do Rosário, e termina á Praça Dr. Prado, antiga Cavalhada Velha, até hoje, conserva sua calçada de pedras, duras, grandes e redondas a que o povo chama de pé de moleque.

            Por ser feita para dar caminho aos carros carregados, ficou com esse nome que até em nossos dias é conservado.

            Logo abaixo do Lava-Pés existia uma pequena casa, á semelhança de uma fazendola e diversas mais afastadas, mas todas com quintais que eram plantados de mandioca-pão, e onde oseus moradores ocupavam do fabrico de ótima e seca farinha, razão por que aquele sítio se denominou Farinha Seca, nome pelo qual é conhecido até hoje.

Voz de Diamantina, Caminho do Carro e Farinha Seca, 1943.