Casa do Padre Rolim

11-01-2011 19:13

    Na Rua Direita em pleno Largo da Intendência, também chamado Largo da Sé, hoje Praça Conselheiro Mata Machado, encontramos o Museu do Diamante e o prédio da Prefeitura Municipal.

    Segundo os documentos da época,, a casa pertenceu ao Inconfidente Padre José da Silva de Oliveira Rolim, tendo passado á Real Fazenda quando os bens do sacerdote foram confiscados por ocasião da revolta de 1789.

    Num dos documentos datada de Lisboa, 1799, "Dom João por Graça de Deus Príncipe Regente de Portugal e Algarves, d'águem e d'além mar, em África Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e India" diz: "Sou servido ordenar que, se a respeito dos eclesiásticos compreendidos em tão execrando delito não tiver havido sentença com que se despusesse dos bens que lhes foram sequestrados, o juizo do sequestro provisionalmente procede na venda dos ditos bens, sendo da natureza dos qeu "servando servari non possunt", como são ainda os de raiz no continente dessas Minas Gerais, recolhendo-se o preço delas, etc".

    A casa do Padre Rolim foi colocada em leilão, sendo arrematada pela quantia de 1:128$150 reis pelo doutor José Soares Pereira da Silva, que acabou vendendo para Dona Ana Clara Freire. Depois de alguns anos, num documento datado de Ouro Preto, 21 de maio de 1823, Martim Francisco Ribeiro de Andrada, do Conselho de Estado de Sua Majestade o Imperador, Ministro e Secretário de Estado de Negócios da Fazenda, Presidente do Tesouro Público Nacional num documento diz: "O mesmo augusto senhor (o Imperador D. Pedro I) houve por bem ordenar por portaria expedida pela secretaria do Estado dos Negócios da Justiça, de vinte e dois do corrente mês, que fôsse embolsado o Padre José da Silva de Oliveira Rolim da mesma quantia entrada nos cofres da mesma junta, provenientes das arrematações feitas de alguns bens de seu patrimônio eclesiástico, em execução das ordens dirigidas de Portugal pelo Conselho Ultramarino, etc".

    Um novo decreto de desapropriação no ano de 1943, a casa ficou pertencendo á Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que nela fêz instalar um Museu especializado destinado a documentar o ciclo do diamante em Minas Gerais.

    Na entrada do museu, no lado direito, sla com mesas, arcazes e diversos oratórios. Um deles, que fica na parede do fundo - abriga uma bela imagem de Santa Bárbara, em madeira policromada. No mesmo se encontra um crucifixo com gotas de sangue imitando rubi. Encontra-se confessionários onde o primeiro Bispo de Diamantina D. João, como o padre Mendanha e outros, ouvia e perdoava os pecados da sociedade local.

    Na grande mesa encontra-se uma balança de pesar diamantes e caixa de pesos (quilates) para pesara os diamantes; Grande imagem de Nossa Senhora bem rústica. Na parede, quadro representando a Circuncisão do Menino Jesus, com traços orientais das figuras. Na mesma arca, bengala de cana da Índia que pertenceu ao jornalista Antônio Tôrres. Na mesa ainda se encontra dois missais romanos datados de 1715 e 1860. Dois oratórios: um completo, com registro dos santos, impresso no Tijuco; outro com imagens em pedra sabão e um São José de Botas, vestido á moda do século dezoito. Na mesa de um deles, cilício para cintura. Na próxima sala encontra-se uma cama antiga e um relógio que pertenceu á família Tôrres. Na próxima sala encontra-se um mostruário com vales que circulavam como dinheiro (burrusquês) por volta de 1808, emitidos por fábricas particulares; moedas de cobre; carimbos do Império. Também D. João o primeiro bispo de Diamantina criou o seu burrusquês que com ele comprava a Carta de Alforria dos negros.

    Numa sala bem pequena e aconchegante com botinhas de cetim cor de mel, com fivela de prata, uma caixinha de música; uma caixa de couro com tachões para guardar cartolas.

    Num dos quartos ao fundo encontra-se os instrumentos de torturar escravos: argolas, correntes de ferro, troncos, chicotes, palmatórias, "bacalhaus", ferros de braza para marcar negros fugitivos ou os quilombolas. Um enorme caldeirão onde cozinhavam o feijão com angú  e os restos de animais como pé de porco, mocotó do boi, vísceras dos animais, coração, língua, orelhas tudo era bem cozido para os escravos, mas lembrando que nem sempre tinham o cardápio á carne os escravos.

    Na parede figuras de andor de Nossa Senhora das Mercês, eperança e proteção dos cativos. Em outro quarto santos de roca e uma coleção  de cabeças avulsas a serem encaixadas nas imagens de madeira, conforme os dias e as conveniências. Guarda um banco e uma arca da época do Tijuco.

    Na sala de armas, se vê uma varanda onde se vê uma cartela barroc. No fundo vê o pátio calçado no tradicional pé de moleque. No fundo do quintal no pé do morro, um enorme buraco onde se esconde a mina d'água onde nasce o córrego do Tijuco. Alguns mitos dizem que é um dos túneis que liga a "Cidade de Cristal da Princesa Asteca".

    Dentro de uma sala do museu guarda uma mesa redonda de "pés de onça" e tampo de mármore torneado. Em cima dela, crivos para classificar diamantes. Encontra-se alguns objetos de serviço de mineração como: balanças, medidas (onças) para avaliação das pedras, mostruário de formas e lapidações para diamantes. Mesas e cômodas com imagens de santos antigos, arca banco, roda de fiar e grande armário da região diamantina, filetado e com embutidos contendo louças e porcelana das Ìndias.

    No sala algumas pinturas em pano. Jesus está nascendo, na outra David toca harpa, e na última, a flagelada forma de Cristo estampada no sudário que envolveu seu corpo. Na parede um retrato a óleo de Egídio, morador do Tijuco no século XVIII, e ao que dizem, neto de Fernão Dias Pais.

    Num quarto pequeno uma cama de casal, em estilo Maria I, em cuja cabeceira dois pombos se beijam, entre guirlandas. "O amor nos unio", diz o letreiro em filetes de madeira clara. os móveis com entalhes filetados, são bem característicos da região diamantina. Nas paredes, quadros trabalhados em papel pintado com pó de ouro.

    Também numa sala antes guardava os diamantes, uma coroa de ouro cravejada de pedras preciosas, por motivo de segurança não sei se ainda é guardada no cofre ou em outro local. Do livro Passeio a Diamantina, Almeida Lúcia Machado de.