Curiosidades de Leonardo Pinheiro
A iluminação em Diamantina
Nos antigos tempos, a nossa cidade era iluminada, primeiro, a azeite fumarento, com grandes lampiões de folha, suspensos por correntes, ás esquinas das ruas. Veio, depois, a iluminação a querosene, em lampiões, feita por arrematação, e havendo empregados para ascender, ás 6 horas da tarde, e apagar ás 12 horas da noite, os lampiões, os quais faziam o serviço, carregando escadas ás costas.
O interessante é que no período lunar, não havia iluminação; os lampiões eram retirados dos postes, e passavam por uma limpeza, sendo recolocados depois da lua cheia.
Quando havia espetáculos no velho Teatro de Santa Isabel, os lampiões a querosene sé eram apagados meia hora depois que aqueles terminavam.
Veio-nos , em seguida, a iluminação a gás de acetileno, que pouca ou nenhuma vantagem oferecia. Afinal, veio a luz elétrica, a principio muito boa e, depois, péssima com o aumento do consumo.
Diamantina, hoje, tem ótima luz.
Em certa ocasião que a cidade ficou ás escuras, o saudoso Juca Boi arranjou pedaços de archotes e os colocou nos lampiões.
A propósito da tradicional festa do Divino, nos antigos tempos de Diamantina, contavam os antigos: Certa vez, foi sorteado imperador um velho de vida irregular, que vivia em união ilícita.
Isto explica-se, porque, nos antigos tempos, não havia seleção na escolha de pessoas, para servir como festeiros.
O homem ficou tão comovido e contente com a escolha do Divino, que foi logo á igreja do Amparo; e, diante do trono, abre os braços e assim se exprime; “Ah! Seu Divino, até que, enfim, você me desabusou; vou-me casar com a bruaca velha e...”.
É excusado dizer que o casamento, se efetuou logo.
Quem diria? – O pitoresco Bairro do Rio Grande, onde hoje, se cuida da vida espiritual dos homens e se prodigaliza a caridade aos velhinhos desamparados, justamente ao alto da rua do Areão, era o ponto em que, nos antigos tempos de Diamantina, se executavam os infelizes condenados á morte.
Ainda há poucos anos, encontravam-se, ali, dois tocos dos postes do tringulo da forca.
Contavam os nossos antepassados as cerimônias impressionantes que precediam á cena horrível do enforcamento aterrador.
Precedia-na, pela manhã, na velha Sé, a missa em que o sentenciado recebia a sagrada comunhão.
Leonardo Pinheiro