Dom João - Primeiro Bispo de Diamanitina

25-07-2015 23:17

Currículo  -  Dom João Antônio dos Santos

 

A Diocese de Diamantina foi criada pela Bula Pontifícia "Gravissimum Sollicitudinis" do Papa Beato Pio IX, no dia 06 de junho de 1854, tendo sido desmembrada da Arquidiocese de São Salvador na Bahia, e da Arquidiocese de Mariana MG. É uma das 12 primeiras Dioceses do Brasil, criadas no tempo do Império, antes da proclamação da República.


Na época, quando havia a união Igreja-Estado, para se criar uma Diocese, era necessário um Decreto do Imperador. A autorização foi dada pela Lei Civil, nº 673, de 10 de agosto de 1853, sendo executada em 1854.


Em 1856, no dia 15 de fevereiro, foi nomeado primeiro Bispo Diocesano, o Revmo. Sr. Pe. Marcos Cardoso de Paiva, que não chegou ser sagrado Bispo, por motivo grave de saúde. Seu pedido de exoneração foi aceito pelo Papa Pio IX em 1860.


Assim, em 1863, no dia 12 de março, foi eleito então definitivamente, o Cônego Dr. João Antônio dos Santos, Natural do Distrito de Rio Preto, município do Serro.


O Cônego Dr. João Antônio dos Santos estudou em Congonhas do Campo e Caraça. Fez os estudos de Filosofia e Teologia em Mariana. E foi enviado a Roma, já com o título de Cônego da Catedral, para se doutorar "In utroque Jure", isto é, em Direito Canônico e Direito Civil. De retorno, passando pela França, matriculou-se no Seminário de São Sulpício, onde aperfeiçoou os seus estudos de Grego, Hebraico, Física, Teologia. Tomou posse da Diocese no dia 02 de fevereiro de 1854, antes mesmo de ser sagrado Bispo. Foi sagrado Bispo pelo então Arcebispo de Mariana, Dom Antônio Ferreira Viçoso no dia 1º de maio de 1854.


Como Bispo diocesano de Diamantina, Dom João Antônio dos Santos fundou o Seminário Sagrado Coração de Jesus, inaugurando-o em 1867, e entregando-o aos cuidados dos Padres Lazaristas, chamados Padres de Missão, responsáveis pela formação do Clero. Os Padres Lazaristas trabalharam na formação do Seminário durante quase uma centena de anos. Dom João Antônio dos Santos fundou também o colégio Nossa Senhora das Dores, o qual foi entregue às Irmãs da Caridade, Vicentinas. Com o objetivo de proporcionar trabalho para as moças da região, Dom João Antônio dos Santos criou, juntamente com seus irmãos, Dr. Joaquim Felício dos Santos e Dr. Antônio Felício dos Santos, a Fábrica de Tecidos do Biribiri. Esta Fábrica de Tecidos foi, posteriormente, transferida para a sede do Município de Diamantina.


Durante o período do seu governo, Dom João Antônio dos Santos trabalhou incansavelmente pela abolição da escravatura, tendo sido um grande baluarte da libertação dos escravos. Consta que, pessoalmente, alforriou mais de dois mil escravos na região. Chegou a criar até mesmo uma moeda própria que circulava em Diamantina, e era aceita normalmente em toda a região. Em 1891, aos 83 anos de idade e quase cego, recebeu do Santo Padre, o Papa Leão XIII, S. Excia. Revma. Dom Joaquim Silvério de Souza, como Bispo Coadjutor. Dom João Antônio dos Santos veio a falecer em 17 de maio de 1905. Seu corpo foi sepultado na cripta da Catedral Metropolitana de Diamantina. Foi, portanto, Bispo Diocesano de Diamantina por 41 anos.