Família Matta Machado- primeiro banco particular fundado em Minas Gerais

01-09-2013 15:35

A biografia dos homens do passado, é necessário para que a geração de hoje a conheça. A Diamantina teve homens de valor, e no entanto são desconhecidos e mesmo esquecido pelos parentes. Aqui cito por exemplo, o Capitão João da Mata Machado, chefe da tradicional família Mata. Foi um homem bom, honesto, á toda a prova e de um dinamismo pouco comum, no meado do século XIX.

 A sua vida exemplar era um espelho no qual todos se miravam! Quem tinha uma encrenca qualquer na vida o procurava para solução do caso. Era um verdadeiro juiz de paz nato.

 Meu pai que era um seu fanático admirador, dizia que ele era um homem sem igual em Diamantina. O Banco Almeida, Reis & Cia, único estabelecimento de crédito em toda Província de Minas Gerais, em 1865, foi fundada por ele, o Major Antonio Felício dos Santos, Rodrigo de Souza Reis, Modesto de Almeida  e Josefino Vieira Machado ( Barão de Guaicuí). Francisco Diogo de Araujo Tameirão, por ter sido escriturário do referido Banco, ficou com o apelido de Chico do Banco. Anos depois Carlos Gabriel de Andrade, Barão de Saramenha, fundara outro, em Ouro Preto.

 

 Diamantina sempre na vanguarda! Indo o capitão Matta, á França, vender uma partida de diamantes, por não haver na ocasião, comprados no Rio, de lá trouxe um maquinário para lapidação, mantendo a fábrica na Formação. O lapidário era o português Luiz Paulino, vindo do Rio para tal fim.

 Em 1870, no Rio hospedado em casa de comércio de J. Braga & Cia, á rua do Hospício 42, tendo a necessidade de ir ao reservado, impensadamente deixou um pacote com dinheiro em cima de um fardo, no armazém; mas quando saiu do referido reservado, não mais o achou! Envergonhado com a sua imprevidência, ele, o homem ponderado, nada disse ao dono da casa, sujeitando-se ao prejuízo. Apenas aos seus filhos João e Alvaro, estudantes de medicina, recomendou que fizessem mais economia, porque havia tido grande prejuízo na venda dos diamantes.

 Aqui chegando, continuou calado, nem mesmo á sua senhora contou o acontecido. Mas de um ano depois, voltando ao Rio e hospedando-se na mesma casa comercial, ouviu o chefe da firma - Jerônimo Braga, na mesa, contar que o varredor do armazém, há mais de um ano, tinha encontrado, atrás de um fardo, um pacote com avultada quantia e que até aquela data, ninguém ainda o tinha reclamado.

 Aí então entrou com explicação como se tinha dado o caso, acabando por receber o dinheiro. Muito grato ao honesto varredor, o trouxe para Diamantina afim de melhorar a sua situação financeira. Abriu-lhe um negócio de secos e molhados, mas o portuga, além de analfabeto e não tendo queda pra o comércio, fracassou, dando-lhe não pequeno prejuízo.

 Afinal levou-o para a Formação como chacareiro, visto ser esta a sua verdadeira profissão. O Capitão João da Matta Machado faleceu, salvo engano, em 1884, legando a Diamantina o seu grande filho de saudosa memória, o Conselheiro Matta Machado, ministro do Império e que muito fez por sua terra, á semelhança do Juscelino!

 Transcrevo justamente o que ouvia meu pai contar sobre a vida do biografado.

IGNOTUS, VD, pág. 4, nº 11, Diamantina, 1961.