Folias de Reis

30-11-2017 15:31

Foto do acervo Zé da Sé - Vista da cidade de Diamantina

FOLIAS DE REIS

 

Antigamente, no bom tempo, no tempo de nossos antepassados, tempo de simplicidades os foliões tiradores de Reis, tocando violas, flautas, violões, chique—chique, reco—reco, caixas ou pandeiros, á porta das casas, eram recebidos com alegria, ganhavam presentes e também dinheiro. Ao despedirem-se, cantavam sempre, em agradecimento, dirigindo-se ao dono da casa: «Deus lhes pague sua esmola: Deus lhe dê muito que dar, Deus lhe dê coroas de rosas, E no céu um bom lugar.» Se eram, porém, mal recebidos, a desforra era esta: «Essa barba de farelo Não tem nada pra nos dar; Deus permita vires em breve, gavião, gavião Caracará...» Hoje, porém, como tudo está mudado! Não se vêm mais aquelas folias em que se entoavam cantigas tradicionais de Reis, aquelas canções antigas que se referiam á chegada dos Reis Magos a Belém, já em nossos dias, estão introduzindo a musica moderna, fora do estilo, que destoa, completamente da tradição. A folia de hoje pode agradar pelo gosto, pela harmonia, mas não tem a beleza da tradição. Trocar o antigo pelo moderno constitue um crime! A folia que está esmolando em benefício da construção da Capela de N. S. da Consolação, no Arraial de Baixo, desta cidade, percorre as ruas da cidade, com acompanhamento de músicos, sob a direção competente do professor Manuel José Nobis, entoando uma canção antiga, harmoniosa, composição do saudoso maestro João Batista de Macêdo—o Pururuca.

Reis, Xisto, Minha Tiras, Voz de Diamantina, pág. 2, Diamantina, 4 de janeiro de 1953, nº 40.