Hospitais antigos

16-08-2011 09:07

    Em Diamantina existem dois hospitais antigos: um do século XVIIIe outro iniciado na centúria passada.

    O primeiro referido é a Santa Casa de Caridade a que o povo costuma chamar de modo abreviado de "Caridade". É uma construção pitoresca e paisagistica formada por duas alas de um só pavimento unidas á capela central mais elevada e com uma torre ao centro.

    Na frente e nos terrenos da Santa Casa existem sepulturas de pessoas que não pertenciam ás irmandades quando do seu falecimento. Lá está espultado um jovem médico, Dr. Carlos Leite, chegado a Diamantina por volta de 1885 ou mesmo antes; ali se encerraram dois estrangeiros, o Dr. Dayrell, chamado de Dr. Inglês, e outro súdito britânico, o protestante Sr. Samuel D. Evans, este no quintal da casa.

    O escritor, Soter Couto, em seu livro, revela alguns dados históricos sobre essa beneficiente instituição. A Santa Casa fora fundada pelo ermitão Manuel de Jesus Fortes auxiliado pelo Padre Dr. Carlos da Silva e Oliveira Rolim e pelo Capitão Manoel Rodrigues de Carvalho. Segundo parece, estes últimos concorreram com a compra da casa onde o ermitão instalou o hospital. Em 1792, formou-se a diretoria da Instituição sob a presidência  de Rafael da Rocha Neves Quinteia, integrada, dentre outros, pelo sacerdote referido e por Belchior P. de Oliveira, nome que coincide com o do Padre Tijucano que influenciou D. Pedro I para declarar o Brasil independente de Portugal.

    Esta piedosa instituição lutou com sérias dificuldades no correr destes cerca de 180 anos da sua existência, resultando o seu fechamento por duas vezes. Com auxilio de pessoas caridosas pode abrir novamente suas portas para servir aos necessitados.

   Em 1884, a Casa passou aos cuidados das Irmãs Vicentinas que, em 1899 tiveram de se retirar por questões com o provedor, voltando novamente em 1902, tal como informa a obra citada.

    A Santa Casa de Diamantina teve a singularidade de possuir uma casa de espetáculos  - o velho Teatro Santa Isabel construído talvez lá por 1840 - de cuja modesta renda se utilizava. Mais tarde, este teatro foi desmanchado para se construir uma cadeia local, A Santa Casa teve depois subvenções federais, estaduais e municipais, além de renda dos pensionistas ali internados. Um dos seus provedores , o Sr. Cosme Couto, muito concorreu para aumentar o patrimônio do hospital e para as modificações do velho edíficio.

    Em 1888 foi iniciado nos terrenos da Santa Casa um pavilhão destinado a alienados que, mais tarde, teve outra serventia

    Existe ainda em Diamantina o "Hospital da Saúde" benemérita instituição do Barão de Paraúna, Sr. Antônio Moreira da Costa. Sua esposa D. Querubina Augusta Moreira da Costa, ao falecer ainda jovem, sem filhos, solicitou do seu marido que sua meação da fortuna "fosse empregada, sobretudo, em socorrer a pobreza enferma e desvalida pela forma e teor que melhor entendesse o legatário", tal como informa o Cônego Severiano Campos Rocha, no opúsculo que trata do Hospital. Informa ainda que o Capitão Antônio Moreira da Costa fora agraciado por D. Pedro II com o título de Barão de Paraúna por carta imperial de 6 de julho de 1889.

    Em seu testamento o referido titular determinou que parte do seu espólio fosse empregado na fundação de um hospital com o nome e sob proteção de Nossa Senhora da Saúde.

    O Hospital foi instalado no dia 9 de abril de 1901. É o prédio importante no final da Rua do Macau de Baixo, tendo uma capela para o culto interno e público.

    Em uma das salas, estão os retratos a óleo do Barão de Paraúna e de sua esposa. No jardim fronteiro erigiu-se um monumento para guardar os restos mortais do distinto casal, havendo em uma das faces deste uma inscrição latina em memória dos referidos benfeitores.

MOURÃO, Paulo Krüger Corrêa, Voz de Diamantina.