Igreja de São Francisco de Assis

06-01-2011 21:27

    Segundo Aires da Mata Machado Filho, foi iniciado a construção deste templo em 1766 e de 1772, quando os irmãos da Ordem Terceira Franciscana de Diamantina se comprometeram a pagar as despesass da ereção da Igreja, solicitando ao Governador do Bispado permissão para celebrar atos religiosos na Capela "que se ache benta, ornada com os paramentos convenientes para tão majestoso sacrifício". O templo foi construído por Antônio Fernandes de Oliveira . Documentos recentes encontrados por Sílvio Vasconcelos revelam que o primitivo nome desta igreja era "Capela de Nossa Senhora da Conceição da Ordem Terceira de São Francisco".

    Existe um retrato a óleo de Serafim de Menezes, Barao de Araçuaí, benfeitor da Igreja no século dezenove.

    Uma figura de roca em tamanho natural de uma imagem de Santa Margarida de Cortona, vindo do Rio de Janeiro em 1767.

    No teto do antigo consistório um artista desconhecido pintou Jesus pregado na cruz a conversar com Francisco. Acompanhdo a pintura, que é datada de 1795, Lê-se:  "-  Que he isto? ò bom Jesus, eu me confundo

                                        Entre tanto favor, fineza tanta

                                     - A virtude, Francisco, hé que me encanta

                                       Por ela, do alto empyreo desço ao mundo".

    Reproduzindo o conhecido milagre, o artista cometeu um pequeno engano, pois o crucifixo que falou ao santo, não é esculpido conforme o desenho sugere, mas sim pintado, á maneira de Giótto e Cimabue. Essa relíquia acha-se atualmente na Igreja de Santa Clara, em Assis, onde é mostrada aos visitantes.

    Viveu muitos anos no Tijuco, onde fez parte da Ordem Terceira de São Francisco, e foi sacristão desta Igreja, o Irmão Lourenço de Nossa Senhora, uma dessas misteriosas figuras que perambularam ppelas Minas Gerais no século dezoito. Segundo alguns, não era outro senão Carlos, irmão de Leonor de Távora, amante de D. José I, milagrosamente salvo do horrendo suplício que dizimou suas família em Portugal, por ocasião do atentado ao Rei. Saint Hilaire, que visitou a Capela e cas de Nossa Senhora Mãe dos Homens na Serra do Caraça, mais tarde erguida pelo nosso personagem, escreveu : " Há algo de misterioso na vida do irmão Lourenço. Um dos governadores da província  sob cujo govêrno viveu, tinha-o em grande consideração e há suspeitas de que ele pertencesse a uma família condenada por crime de alta traição no ministério do Marquês de Pombal". No testamento registrado em Mariana, a 8 de março de 1806, e reproduzido no número nove da Revista do Arquivo Público Mineiro, desfaz essa suposição e esclarece definitivamente o mistério da orgiem do Irmão Lourenço. "Declaro que sou natural da Freguesia de Nagozelo, têrmo de S. João da Pesqueira, bispado de Lamengo, filho legítimo de Antônio Pereira e sua mulher Ana de Figueiredo, ambos já falecidos. Vivi sempre no estado de solteiro, e nunca tive filhos."

    O Irmão Lourenço veio muito jovem para o Brasil e viveu algum tempo no Tijuco em casa de Martinho de Souza Távora, filha natural de um fidalgo português. NUm documento datado de 1770 e reproduzida por Dom Joaquim Silvério de Souza, o Irmão Lourenço, ainda no Tijuco, usava o hábito de São Francisco, era sacristão na igreja de São Francisco. Ninguém sabe por qual motivo o Irmão Lourenço abandonou o Tijuco.

    A Capela Mor foi pintada por José Soares de Araujo, artista famoso e depois retocado entre 1878 e 1890 por Agostinho Luís de Miranda. Os douramentos foram custeados pelos devotos e Irmãos da Ordem, conforme os arquivos da Irmandade, datados entre 1778 e 1782.

    No trono do altar mor, Francisco de Assis brinca com Jesus Cristo, enquanto Nossa Senhora da Conceição descansa em sua redoma.  O douramento dos altares lateriais é bastante posterior ao da capela mor datado em 1884.

    Num dos altates laterais Santana, espera a homenagem dos fiéis.  Também de roca é a imagem de Santo Ivo, advogado e irmão terceiro franciscano, nascido na Bretanha, em 1300.

    Na sacristia, São Francisco, em tamanho natural, recebe, transfigurado, os estigamas em Montalverne.    

    Dependurada na parede, uma certa Maria Teresa de Jesus, pintada num ex voto, vem contando, desde 1784, que estando enfêrma de "hum entrás" recorreu ao Santo e ficou boa.

    Na mesma sala, a cruz que, segundo tradição, contém fragmentos do Santo Lenho. No pátio ao lado esquerdo, cemitério de gavetas. Embutidos na parede. Do livro Passeio a Diamantina, Almeida, Lucia Machado de.