Lenda da Acaiaca
A Lenda da Acaiaca
Nas proximidades do Tijuco, vivia poderosas tribos dos Botocudos. Eles invadiam, saqueavam os pequenos grupos de moradores na região do Arraial. Os Botocudos eram os impecílios para a ganância dos brancos que queriam arrancar os tesouros da terra.
Conta-se que numa elevação do terreno do Arraial do Tijuco havia um belo e frondoso cedro que os índios, na sua língua, chamavam "Acaiaca".
Segundo a lenda, certa vez, o Jequitinhonha e seus afluentes encheram-se tanto que transbordaram , inundando toda a terra. Os montes e as árvores mais altas ficaram cobertos e todos os índios morreram. Somente um casal de índios escapou, subindo na Acaiaca. Quando as águas baixaram, eles desceram e começaram a povoar novamente a terra.
Por isso os índios tinham grande veneração pela árvore. Acreditavam mesmo que, se ela desparecesse, a tribo também desaparecia.
Os Ttijuquenses, que conheciam aquela superstição, esperavam uma oportunidade para derrubar a Acaiaca. Esta ocasião não se fez demorar: a tribo retirou-se para as margens do Ipiacica, onde festejariam o casamento da formosa Cajubi, filha do cacique da tribo, com o valente guerreiro Iepipo. Enquanto os bugres, assim distantes, se embebedavam e se entregavam ás danças, aos tambores, se divertiam, os tijuquenses derrubaram, a golpes de machado, a majestosa Acaiaca e atearam fogo nela.
Quando os índios viram por terra a árvore sagrada ardendo em chamas, ficaram aterrorizados e prorromperam em grandes lamentações, pois, conforme acreditavam, desesperadamente, junto ao tronco decepado da Acaiaca.
Cumpriu-se a profecia: pouco tempo depois da morte de preciosa árvore, surgiu grande desavença entre o cacique da tribo e os principais guerreiros. A confusão entre eles terminou em uma luta sangrenta, ficando o chão coberto de cadáveres.
Ao olhar a taba, após a última façanha, os tijuquenses ficaram aterrorizados com tal destruição.
Os poucos sobreviventes fugiram apavorados e se dispersaram pelas matas. Iepipo, a esperança dos bugres, jazia entre os guerreiros mortos, e Cajubi desaparecera, levando no coração o ódio e a vingança.
Nessa noite fatal, uma horrível tempestade caiu sobre o arraial do Tijuco, arrancando árvores, casas de taperas, telhados de capim e rochedos; - tal fato muito assombrou os tijuquenses.
Piracaçu, o velho pajé, deitou um frio olhar sobre o que restava da tribo; apolpando e mergulhando as mãos nos restos mortais da Acaiaca, agrrando nas suas mãos um pouco das cinzas, voltou-se para o acampamento dos bandeirantes e, fixando-lhes a vista, cheio de ódio e fogo, lançou sobre a população que nascia, eterna na maldição.
O céu escureceu e dali a pouco as chamas ainda iluminava pelas labaredas que subiam da árvore incendiada. O pajé com as cinzas que carregava nas mãos, subiu no elevado do Ibitira e de lá começou a lançar as cinzas no chão, enquanto o céus clarevava pelos relãmpagos e o barulho dos trovões assustavam os brancos. O pajé Piracaçu atirava do alto do Ibitira para o abismo dizendo: - "Estas cinzas serão o terror, o castigo deste povo!". E assim que as cinzas e os carvões tocavam na terra se transformavam em lindos diamantes que cintilavam com a chuva que caía e a enxorrada os levavam para várias partes da região.
Assim as profecias foram concretizadas, mais tarde foi encontrado diamantes, do qual o povo foi castigado e sofreram com as duras leis que a Coroa portuguesa impôs ao povo do Arraial do Tijuco. Até hoje ainda muitos acreditam que os diamantes brotam (nascem) da terra.