Levante dos negros

14-09-2011 18:01

“A GALINHA ESTAVA MORTA E
PRONTA E SÓ FALTAVA ASSAR-SE”: A
REVOLTA ESCRAVA DO SERRO
(MINAS GERAIS, 1864)
Isadora Moura Mota*
Resumo
Este artigo conta a história da rebelião
escrava do Serro, movimento que reuniu
mais de quatrocentos rebeldes em Minas
Gerais, no mês de outubro de 1864.
Cientes dos projetos emancipacionistas
em debate no parlamento nacional e da
guerra civil nos Estados Unidos,
escravos das lavras de diamantes,
fazendas e cidades do Serro e Diamantina
planejaram uma “guerra contra os
brancos” para obter sua liberdade. Eles
contavam com o apoio de comunidades
quilombolas e homens forros. Através
da análise desta revolta, esperamos trazer
à tona as culturas e experiências da
escravidão no nordeste mineiro, assim
como suas relações com o cenário
político da década de 1860.
Palavras-chave: Rebelião, Cultura
Escrava, Minas Gerais.
HISTÓRIA SOCIAL Campinas - SP NO 12 35-51 2006
Artigo
* Mestranda em História Social na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e
bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
Agradeço a José Celso de Castro Alves pela leitura e comentários feitos a este artigo.
Abstract:
This essay tells the story of the Serro
slave rebellion, which gathered more
than four hundred rebels in Minas Gerais
in October of 1864. Aware of the
emancipationist projects debated in
Brazil’s National Assembly and the U.S.A.
Civil War, slaves from the diamond mines,
farms and the cities of Serro and
Diamantina planned a “war against the
whites” in order to obtain their freedom.
They expected to be supported by
maroon communities and black freedmen.
Through the analysis of this revolt, we
wish to reveal the slave cultures and
experiences in the mineiro northeast, as
well as its relationship with the political
landscape of the 1860s.
Keywords: Rebellion, Slave Culture,
Minas Gerais.
“A GALINHA ESTAVA 36 MORTA E PRONTA E SÓ FALTAVA...
A princípios de maio de 1864 reuniu-se todo o povo vindo das diversas
partes do norte de Minas Gerais para celebrar a sagração do bispo D. João
Antônio dos Santos. Tinha-se escolhido comemorar a chegada do cônego no
decorrer da festa do Divino Espírito Santo, evento central no calendário religioso
de Diamantina, então a cidade mais importante da comarca do Serro Frio.
Fogos de artifício abrilhantaram as ruas do seu antigo centro e acalmaram,
mesmo que temporariamente, os ânimos dos que ali viviam como proprietários,
seja de terras ou de trabalhadores. As festas pareciam um raro momento de
trégua naqueles anos de escalada de dois problemas crônicos na região: a luta
dos faiscadores pobres contra o processo de privatização das lavras
diamantíferas e a multiplicação dos quilombos ao redor dos arraiais de mineração.
Na memória dos escravos, porém, a chegada do bispo marcara um
momento de reviravolta em suas vidas. Foi nos bastidores das celebrações de
maio que cativos dos municípios vizinhos de Serro e Diamantina começaram a
preparar a “guerra contra os brancos” destinada a libertá-los definitivamente
do cativeiro. O planejamento envolvia escravos fugidos e assenzalados num
raio de mais de 80 km e tinha centros de decisão dispersos pela região. Em
Diamantina, escravos da lavra do Barro começaram desde cedo a guardar
armas e dinheiro, em ação conjunta com os quilombolas do vale do
Jequitinhonha.1 No Serro, tudo começara com um plano de fuga coletiva para
o sertão das Gerais acertado por pelo menos seis escravos para “antes da
chegada do Senhor Bispo”, estratégia sempre adiada pelo temor que nutriam
alguns deles de serem mortos no caminho. 2
1 OFÍCIO do delegado de Diamantina, João Raimundo Mourão, ao presidente da
província de Minas Gerais, Pedro de Alcântara Cerqueira Leite, 29 out.1864. Arquivo
Nacional do Rio de Janeiro (ANRJ): Ofícios de Presidentes de Província (MG), IJ 1,
maço 628 (1864).
2 1° interrogatório de Nuno, escravo de Veríssimo Pereira dos Reis, 24 out.1864. Arquivo
Nacional (doravante ANRJ): CORTE DE APPELAÇÃO, PROCESSO-CRIME de
Insurreição, José Cabrinha (escravo), Serro, cx. 3700, maço 5014 (1865), p. 22.
ISADORA MOURA MOTA 37
Entre eles estava o cabra Nuno que em certo domingo, indo trabalhar
em suas obras de ferreiro na fazenda Sesmaria, resolveu convidar para a fuga
alguns de seus “parceiros”. Num encontro marcado no quarto da escola da
propriedade, localizada na periferia do Serro, falou aos demais sobre seus planos
e procurou convencê-los das chances de sucesso com os argumentos de que
os jornais noticiavam a ocorrência de uma “guerra” e que já havia chegado
“ordem para a liberdade dos escravos” no Brasil, mas que os brancos insistiam
em ocultá-la.3 Atentos a tudo, o pedreiro José Cabrinha e o alfaiate Demétrio
hesitaram, mas Cabrinha logo respondeu ter “coisa melhor” e “era o plano de
insurreição”. Ele e Demétrio justificaram-se “pela leitura que tinham das folhas”,
nas quais “viam que os Liberais tratavam da liberdade dos escravos, e que por
isso deviam estes tratar de havê-la imediatamente por suas mãos”.4
Uma vez convencidos de que o momento político era mesmo dos mais
favoráveis, os escravos decidiram pela realização de uma “porcaria na cidade
do Serro”.5 Rapidamente o levante se tornou assunto de cartas e conversas
espalhadas pelas senzalas e estradas entre Serro e Diamantina, onde cresceu o
número de participantes. A rebelião parecia ser apenas uma questão de tempo.
Como bem afirmou o tropeiro africano Faustino, “a galinha estava morta e
pronta e só faltava assar-se”.6 A eclosão foi marcada para o último domingo de
3 1° interrogatório de José Cabrinha, escravo de Francisca de Araújo Padilha,
24 out.1864. Idem, p. 24.
4 2° interrogatório de Nuno, escravo de Veríssimo Pereira dos Reis, 22 nov.1864. Idem,
p. 87.
5 Depoimento de Joaquim Bernardino Pereira de Queiroz, 21 nov.1864. Idem, p. 66.
6 Depoimento de Vicente Gonçalves de Queiroz, 21.out.1864. Idem, pp. 9. Esta frase de
Faustino gerou outra interpretação na rápida análise de Clóvis Moura sobre a insurreição
de 1864. Segundo ele, ela constituía parte da senha criada pelos rebeldes para coordenar
a ação dos escravos da cidade e dos quilombolas no dia da rebelião. Eles deveriam
repetir que: ‘a gente de João Batista Vieira estava pronta e que os de cá ainda estavam
à toa, que a galinha estava morta e pronta e só falava assar-se’. Em nosso trabalho,
não encontramos evidências de que esta fosse uma senha para deslanchar o levante.
(Cf. MOURA, pp. 99 e 100).
“A GALINHA ESTAVA 38 MORTA E PRONTA E SÓ FALTAVA...
outubro de 1864, quando escravos das duas cidades deveriam marchar para o
Serro, certos da coadjuvação da “rapaziada sujeita das matas”, dos forros já
avisados e de alguns “homens de gravata”.7 Somente das minas do Barro e do
Duro, em Diamantina, se esperava a vinda de algumas centenas de cativos.
A conspiração atravessou quatro meses, fortalecida cada vez mais pela
circulação de informações sobre a guerra de secessão nos Estados Unidos e a
existência de projetos políticos emancipacionistas no Brasil. Ao indagar
moradores do Serro sobre os fatos contados por Nuno, por exemplo, o alfaiate
Adão confirmara “que havia guerra a respeito da liberdade dos escravos” num
outro país.8 Em 9 de outubro, porém, o segredo foi rompido pela trêmula voz do
carpinteiro Vicente. Convidado duas vezes a tomar parte na insurreição, o escravo
finalmente resolvera denunciá-la a seu senhor por conhecer “as tristes
conseqüências disto”.9 Ao ser meticulosamente interrogado pelos “melhores
cidadãos” da cidade do Serro, Vicente fez revelações que horrorizaram as
autoridades e deram início ao esforço repressivo que levou mais de dois meses
para debelar a rebelião. Passado o primeiro susto as autoridades tiveram que
se empenhar por anos a fio para sufocar o “ódio de escravos”,10 que teimava em
continuar buscando inspiração na conjuntura política nacional e atlântica. Em 1865,
seria a vez da guerra do Paraguai instigar novos levantes em Minas Gerais.11
7 1° interrogatório de José Cabrinha, escravo de Francisca de Araújo Padilha,
24 out.1864. p. 24.
8 Depoimento de Eva Joaquina de Campos, 21 out.1864. Idem, p. 14.
9 Depoimento de Vicente, escravo de Francisco Cornélio Ribeiro, 24 out.1864. Idem,
p. 18. A denúncia de Vicente pode ter sido motivada pela expectativa da alforria. De
fato, logo após seu depoimento, os cidadãos do Serro cotizaram-se e compraram sua
liberdade, uma prática razoavelmente comum entre senhores de escravos ansiosos em
descobrir e sufocar levantes. Cf. Jornal do Commercio, 07 dez.1864, p. 1.
10 Comentário feito pelo jornal O Voluntário (Diamantina) em referência ao espírito
insurgente que ainda rasgava o Serro em 1865. Transcrito no Jornal do Commercio,
17 jul.1865, p. 2.
11 Arquivo Público Mineiro (doravante APM): Seção Provincial, códs. 1093, 1094 e 1095
(1865).
ISADORA MOURA MOTA 39
Este artigo constitui uma análise da revolta escrava de 1864, cuja ênfase
recai sobre a tentativa de compreender as experiências da escravidão no norte
de Minas no contexto político dos anos 1860. Enveredando por um espaço onde
a mineração há muito havia garantido uma forte presença centro-africana e o
crescimento da população livre de cor, esperamos nos aproximar da cultura
escrava singular que brotava da convivência entre os já envelhecidos africanos
e seus descendentes, nas últimas décadas da escravidão no Brasil.
1. “Guerra contra os brancos”
A antiga comarca do Serro Frio, situada no nordeste de Minas Gerais,
reunia sob sua jurisdição os termos do Serro, Conceição e Diamantina. Incrustada
na serra do Espinhaço, a região fora constituída no encontro da pecuária
extensiva, da agricultura de subsistência e da mineração de ouro e diamantes.
Na segunda metade do século XIX a comarca abarcava uma vasta zona agrícola
e pastoril que alimentava, principalmente, a população dedicada à mineração
diamantina. As fazendas de cana-de-açúcar e grãos se espalhavam por toda
parte e as lavras se estendiam pelos leitos fluviais e dorsos das elevações
ribeirinhas, nos arredores de Serro e Diamantina. Franqueadas à exploração
privada desde 1832, estas prosperavam sobretudo nas jazidas próximas ao rio
Jequitinhonha. O ouro se tornara escasso e já não atraía grandes inversões de
capital e mão-de-obra. (Cf. SANTOS).
Na década de 1860 Diamantina figurava como o principal centro urbano
do norte mineiro. Em 1856 reunia em torno de 17 mil habitantes,12 número
bastante superior aos 10.584 moradores do Serro.13 Embora não haja números
12 Estimativa do vigário da paróquia a pedido da câmara municipal de Diamantina. Cf.
SOUZA, p. 116.
13 “Mapa das Freguesias, Distritos, Fogos, Populações parciais e geral do Município
do Serro” (1856), elaborado pelo delegado de polícia Bento Carneiro. APM: Seção
Provincial, Presidência da Província, cx. 50, documento 24.
“A GALINHA ESTAVA 40 MORTA E PRONTA E SÓ FALTAVA...
precisos para o período em que ocorre a rebelião, o recenseamento geral de
1872 mostra que, nesta época, a população escrava ainda representava cerca
de 39% dos habitantes em Diamantina e 18% no vizinho Serro, sendo constituída
principalmente por escravos nascidos no Brasil.14 O segmento crioulo era
especialmente numeroso no Serro, correspondia a 60% dos cativos do distrito
da cidade desde a década de 1840.15 A maior concentração escrava em
Diamantina era explicada pelo dinamismo de sua economia. Entre as décadas
de 1830 e 1870, o município passou por um segundo boom de extração
diamantífera que provocou uma corrida de pessoas à região e foi capaz de
sustentar constantes importações de escravos africanos. Provenientes
especialmente da África centro-ocidental, eles tenderam a permanecer na região
após a extinção do tráfico atlântico, sendo empregados, sobretudo, como
lavradores e mineiros. (Cf. SLENES)
Foi neste cenário marcado pela maciça presença dos afro-brasileiros –
fossem escravos, libertos ou nascidos livres –, que se descobriu o plano de
levante em 1864. Logo após a denúncia de Vicente, José Maria Brandão,
delegado do Serro, escreveu apavorado ao chefe de polícia de Minas sobre o
que estaria por vir. “A segurança individual nesta Cidade e seu termo está em
perigo iminente, achamo-nos sobre um vulcão prestes a arrebentar vitimando a
Cidadãos pacíficos, Mulheres e Crianças”.16 De acordo com as confissões dos
primeiros escravos presos na cadeia do Serro, a revolta ainda era viva, prevista
para 30 de outubro quando os rebeldes se reuniriam no alto do morro que abrigava
a igreja negra do Rosário, no centro do Serro. Deveriam estar munidos de
14 Anuário Estatístico de Minas Gerais, 1921, v. 2, p. 16 e 25.
15 Entre a população livre, 78% eram pardos, crioulos, cabras ou mestiços. Relação
nominal dos habitantes do distrito da cidade do Serro, freguesia de Nossa Senhora
da Conceição, município da mesma cidade, e comarca do Serro Frio, 21 dez.1840.
APM: coleção Mapas de População, cx. 9, inventário 15, microfilme, 68 p.
16 OFÍCIO enviado por José Maria Brandão ao Chefe de Polícia de Minas
Gerais, 10 out.1864. APM: Seção Provincial, maço 1047.
ISADORA MOURA MOTA 41
feixes de capim cabeçudo seco, espadas e das armas que conseguissem juntar.
A ordem era provocar um incêndio nas casas dos negociantes de diamante
mais abastados do lugar, dentre eles o tenente-coronel que guardava o armamento
da Guarda Nacional. Ao toque da confusão os cativos roubariam o arsenal com
o qual esperavam tornar-se “invencíveis” e iniciariam a matança dos brancos
pelos “principais”. Da ação dos rebeldes não escapariam nem mesmo aqueles
escravos que se recusassem a aderir. Diziam os líderes que se eram cativos,
por força, deviam ajudar sob pena de serem considerados “falsos”.17
Imediatamente após as primeiras averiguações, José Joaquim Ferreira
Rabello, deputado provincial, havia pouco, eleito pelo norte mineiro, tratou de
avisar o presidente da província Pedro de Alcântara Cerqueira Leite. Certo de
que os cativos não estavam sozinhos, o futuro Barão do Serro elegeu de imediato
os inimigos a combater e passou a reconsiderar as evidências que os proprietários
não haviam sabido tomar como alerta:
Temos dados para acreditar que esta manifestação é aconselhada por
homens de cor, da ínfima classe da sociedade, que talvez guiados pela
horrível esperança nos saques e latrocínios não se temam de afogaremse
no sangue de seus concidadãos. Infelizmente várias circunstâncias,
que passaram desapercebidas no meio da tranqüilidade e sossego em
que vivíamos tornam-se hoje indícios veementes. Tais são, instrução de
alguns escravos que lendo as ocorrências da guerra civil nos Estados
Unidos as transmitem aos que não sabem ler, compras de armas de fogo
feitas por alguns mais audaciosos, certo estado de agitação entre eles,
ajuntamentos e grupos de quatro mais indivíduos, conversações
figuradas e enigmáticas. Poucos ou nenhuns (sic) meios de detê-la
temos.18
17 Interrogatório de Adão, escravo de Marcos Vaz Moura, 28 out.1864. ANRJ: CORTE
DE APPELAÇÃO, PROCESSO–CRIME de Insurreição, José Cabrinha (escravo), Serro,
cx. 3700, maço 5014 (1865), p. 33.
18 Idem.
“A GALINHA ESTAVA 42 MORTA E PRONTA E SÓ FALTAVA...
De fato, a guerra civil norte-americana fazia parte havia algum tempo
das conversas e do noticiário local. Nas páginas do jornal O Jequitinhonha –
único periódico regional publicado na comarca do Serro na década de 1860 –, o
conflito vinha ganhando ampla cobertura, desde 1861, na interpretação de liberais
como o jornalista Joaquim Felício dos Santos. Além do acompanhamento direto
das batalhas feito por meio do contato com os paquetes que aportavam no Rio
de Janeiro, o jornal publicou diversos artigos sobre as prováveis conseqüências
da abolição nos EUA para o regime escravista brasileiro.
Na cobertura de O Jequitinhonha, a Guerra de Secessão se misturava,
freqüentemente, com a exaltação dos projetos emancipacionistas que corriam
no Parlamento imperial. O jornal divulgou especialmente as propostas gradualistas
de Silveira da Mota e Tavares Bastos e nelas buscou inspiração para defender
iniciativas dedicadas a “melhorar a sorte dos escravos” e tutelar a futura transição
da escravidão para o trabalho livre no Brasil. (AZEVEDO, 1987: 62-67). Incluídas
na pauta do Partido Liberal, tais reformas nada tinham de radical, mas
influenciaram editoriais que chegaram a clamar pela abolição no Município
Neutro, capital do império.19 No periódico, acreditamos que os escravos
revoltosos tenham encontrado o material para criar os “abolicionistas” e a “guerra
pela liberdade” que os levaram a considerar a possibilidade de derrotar seus
senhores em 1864. Nuno fora mesmo bem preciso ao informar os parceiros da
Sesmaria sobre o conflito nos EUA e, ao que tudo indica, era à proclamação de
emancipação, assinada por Abraham Lincoln em 1863, que se referia ao dizer
que a ordem para a emancipação já havia sido dada.
A par do que se passava no norte mineiro, o presidente Pedro de Alcântara
Cerqueira Leite acreditou desde o início que o levante poderia ser facilmente
sufocado. Para isso, enviou 24 praças de cavalaria ao Serro, recomendou
vigilância às autoridades policiais, sobretudo nos termos em que era maior a
19 O Jequitinhonha, 21/06/1862, p. 3.
ISADORA MOURA MOTA 43
acumulação de escravos, e concordou com a reunião de 40 praças da cavalaria
e 60 da infantaria da Guarda Nacional na Casa do Contrato, centro de Diamantina.
O otimismo do presidente da província nutria-se da certeza sobre as boas
disposições dos moradores da região, que disto já haviam dado “belo exemplo”
em 1863, ao desbaratar “centenares de homens resolutos, quando invadiram a
Lavra chamada do Duro”.20 Certamente não suspeitava que o núcleo da
insurreição viesse a ser justamente a lavra “pacificada” em 1863.
Ainda em outubro de 1864 as autoridades descobriram que o plano de
insurreição denunciado por Vicente fora elaborado por José Cabrinha, Nuno e
Demétrio na fazenda Sesmaria, e que estavam convidados para o movimento
todos os cativos dos fazendeiros e mineiros dos distritos do Serro, Itambé, Milho
Verde, São Sebastião das Correntes, Rio do Peixe, Diamantina e São João da
Chapada. Tentaram provar o envolvimento do forro Herculano Manoel de Barros
na conspiração, mas nada encontraram para incriminá-lo além da proximidade
com o alfaiate Adão, cabeça do levante na cidade do Serro, de quem
provavelmente era irmão. Incomodava-lhes uma conversa havida entre os dois
na venda de Herculano, havia pouco. Estando Herculano à espera de um freguês
que vinha lhe pagar uma dívida e já se demorava, tratara de desabafar um
pouco. Comentou na ocasião,
20 OFÍCIO enviado pelo presidente de Minas, Pedro de Alcântara Cerqueira Leite ao
ministro da Justiça Francisco José Furtado, 20 out.1864. ANRJ: Ofícios de Presidentes
de Província (MG), IJ 1, maço 628 (1864). Dentre as diversas invasões de terras que
caracterizaram a história de Diamantina, pelo menos desde 1840 até a crise dos
diamantes em 1870, a ocupação do Duro foi a mais sangrenta. Sentindo-se injustiçados
pelas leis reguladoras dos terrenos diamantinos que lhes reservavam apenas o direito
de explorar lotes praticamente esgotados de diamantes, os faiscadores, ou pequenos
mineradores, persistiram na luta pela redistribuição das terras, questionando o direito
dos arrendatários em manter suas minas. Em 1863, mais de seiscentos deles enfrentaram
as forças policiais na lavra de Felisberto Ferreira Brant, resultando em dezenas de
mortos e feridos.
“A GALINHA ESTAVA 44 MORTA E PRONTA E SÓ FALTAVA...
que ele interrogado já tinha sido alfaiate, bolieiro, tropeiro, pescador e
soldado, e que nunca tinha sido logrado, e que agora nesta taverna
estava ameaçado a ser logrado, e no ato de dizer ele interrogado que já
tinha sido soldado, Adão lhe perguntara se tendo ele sido soldado como
tinha voltado de novo ao Cativeiro, nesta ocasião ele dissera a Adão,
que servira em uma fortaleza cercada pelo mar, aonde havia muralhas, e
que Adão lhe pedira explicação do feitio das peças, e que ele dera a
explicação pedida, e disse a Adão que voltou para casa por ter mandado
avisar ao então seu senhor, que ele se achava com praça na dita Fortaleza
por ter sido recrutado, ignorando-se a sua condição.21
Tal diálogo foi o bastante para Adão imaginar o apoio de Herculano à
insurreição que planejava e repetir para seus companheiros que, se duvidassem
da verdade do plano, fossem perguntar ao “mestre”. Outros libertos,
especialmente mulheres,22 chegaram a ser interrogados, mas não foi possível
pronunciar nenhum dos “homens de cor da ínfima classe da sociedade”
apontados pelo deputado Rabello. Não havia como classificar de delito a
convivência que nutria os projetos de liberdade dos escravos.
A revolta se beneficiou enormemente da rede de solidariedade construída
entre libertos e escravos sobretudo a partir do ambiente de trabalho. (REIS:
350-389). Na comarca do Serro, muitos ex-escravos atuavam como pequenos
proprietários, artesãos, viviam de suas “agências” ou trabalhavam como
“jornaleiros”, por exemplo na mineração de ouro e diamantes. No trabalho
coletivo de extração e lavagem das pedras nas lavras, labutavam lado a lado
com os cativos. Além de minerar, outras atividades eram desempenhadas
conjuntamente: escravos e forros buscavam lenhas nas matas, dormiam nos
21 Interrogatório de Herculano Manoel de Barros, 24 out.1864. ANRJ: CORTE DE
APPELAÇÃO, PROCESSO-CRIME de Insurreição, José Cabrinha (escravo), Serro,
cx. 3700, maço 5014 (1865), p. 21.
22 Maria Severina dos Santos e Eva Joaquina de Campos, ambas, mulheres que “viviam
de suas agências” no Serro, eram amigas de Rita, filha de Herculano, e estavam
avisadas do levante. Idem, p. 10 e 12.
ISADORA MOURA MOTA 45
ranchos da beira dos rios diamantinos, freqüentavam as mesmas vendas ou
compareciam às igrejas e irmandades locais. (Cf. SOUZA). A polícia temia
especialmente os libertos que serviam como falas dos quilombolas, isto é,
informantes que os alertavam sobre a organização de expedições de combate,
serviam de parceiros comerciais ou ofereciam refúgio, quando necessário. Em
1864 muitos deles ajudaram os escravos a conseguir armamento e a espalhar a
notícia da insurreição, servindo como “ponte” de comunicação entre as cidades
e as matas do norte mineiro.
Uma vez presos os líderes serranos a atenção das autoridades se voltou
para as lavras de Diamantina, onde enfrentavam maior resistência. Na mina do
Barro, em São João da Chapada, estimavam haver mais de quatrocentos cativos
“em uma circunferência menor de vinte mil braças, os quais além de acharemse
quase à fala dispõem de meios pecuniários pela riqueza da referida lavra”.23
Tamanha densidade de escravos era explicada pela natureza dos serviços de
mineração na região, onde um mesmo veeiro de diamantes se estendia
subterraneamente pelas lavras do Barro e do Duro. Poucos metros de distância
separavam os dois serviços pertencentes a sociedades que tinham em Rodrigo
de Souza Reis e Felisberto Ferreira Brant os seus maiores expoentes. Ambos
haviam sido pioneiros na utilização de máquinas a vapor que ajudavam a drenar
a água dos rios e direcionar a força hidráulica para as escavações das minas. A
modernização do processo de extração dos diamantes havia transformado o
Duro e o Barro nas lavras mais rentáveis de Diamantina, mas ainda não havia
sido capaz de superar a utilização intensiva do trabalho servil, que continuava a
ser desempenhado sob a ameaça constante de doenças e acidentes.
Em novembro de 1864, cerca de cem praças da Guarda Nacional ainda
não tinham sido suficientes para prender os escravos do Barro, que permaneciam
insubordinados e buscavam apoio nas alianças sociais construídas nas
23 OFÍCIO enviado pelo juiz de direito João Salomé Queiroga ao presidente de Minas
Pedro de Alcântara Cerqueira Leite, 29 out.1864. ANRJ: Ofícios de Presidentes de
Província (MG), IJ 1, maço 628 (1864).
“A GALINHA ESTAVA 46 MORTA E PRONTA E SÓ FALTAVA...
vizinhanças. O delegado de Diamantina logo descobriu, com a prisão da liberta
Vitória da Costa, que os quilombolas dos subúrbios do município tinham
comunicação permanente com a lavra. Fora justamente no Barro que Vitória
tomara conhecimento do levante, mais precisamente na rancharia de Rodrigo
de Souza Reis, onde dois escravos lhe contaram que “eles estavam para ficarem
(sic) livres, e Ricos e os brancos pobres”.24
Mais conhecida pela alcunha de “Vitório”, a ex-escrava andava sumida
no mato desde 1863, quando fugira junto com os escravos João Pinheiro, Maurício
e João do Dó para o chamado quilombo dos Ferreiros, no subúrbio de Diamantina.
O mocambo tinha o nome do córrego que lhe cortava quando da sua fundação,
mas havia se transportado recentemente para os fundos da casa do padre
Januário, no Caeté-mirim. Segundo Vitória, moravam nos Ferreiros outras
mulheres forras e cerca de 21 escravos pertencentes aos maiores mineradores
de Diamantina. Ali, todos se alimentavam “da carne de vaca que pegavam no
campo”,25 promoviam razias nas povoações e não ficavam isolados, comerciando
mantimentos com as senzalas da redondeza. Às mulheres cabia a vigilância do
quilombo e, para pânico dos brancos, Vitória afirmara que todos os “negros do
mato” portavam foices e alguns poucos possuíam também armas de fogo.Como
esperavam os rebeldes da Sesmaria, eles realmente estavam prontos para
coadjuvá-los na insurreição, e seu quilombo no “sertão” era um dos destinos
prováveis dos escravos após a luta na cidade do Serro.
Além dos Ferreiros, outras comunidades de escravos fugidos espalhadas
pela serra do Itambé e pelo vale do Jequitinhonha estiveram envolvidas na
insurreição. Aderiram a um movimento organizado por muitos daqueles com os
quais mantinham relações de parentesco ou comércio – cativos e libertos –,
num momento em que a vida quilombola estava ameaçada. (Cf. GOMES). Na
24 Interrogatório feito pelo delegado João Raimundo Mourão à Vitória da Costa, 19 nov.1864.
Biblioteca Antônio Torres: processos criminais (Diamantina), maço 81, p. 4.
25 Idem, p. 3.
ISADORA MOURA MOTA 47
década de 1860 os subúrbios do Serro e Diamantina estiveram sob intensa
pressão das razias e crimes perpetrados pela “rapaziada sujeita das matas”.
Por um lado, tais ações ensejaram a sobrevivência dos quilombos e das
solidariedades que o cercavam, provendo mantimentos, produtos de troca e
alimentando o medo dos habitantes que hesitavam em denunciá-los. Por outro,
porém, estimularam a multiplicação das investigações e expedições de batida
que acabaram por trazer à luz boa parte desta rede de contatos. Assim ocorreu,
por exemplo, com o quilombo dos Ferreiros que, em agosto de 1865, foi
inteiramente destroçado no Mendanha, periferia de Diamantina.
A rebelião de 1864 resultou para seus protagonistas num trágico desfecho.
Concluído no final de novembro daquele ano, o julgamento de nove escravos
serranos não condenou nenhum deles à morte. Apenas o pedreiro José Cabrinha,
considerado o cabeça da revolta, acabou sentenciado com a pena de galés por
vinte anos. Nuno, Demétrio, Adão, o pajem Leonel e Sebastião foram punidos
com penas de açoites que variaram de 900 a 200 chibatadas, combinadas com
o uso de ferro no pescoço por períodos de três meses a um ano. Pronunciado
como um dos líderes, o mineiro Antônio chegou a ser preso, mas fugiu antes
que pudesse ser julgado. Alexandre, irmão de José Cabrinha, e o tropeiro Faustino,
único escravo africano indiciado no processo, foram absolvidos. Curiosamente,
nenhum cativo de Diamantina foi condenado por envolvimento no levante. Os
alfaiates David e Francisco, vendidos há pouco tempo do Serro para aquela cidade,
sofreram interrogatório, mas apenas David foi punido com o recrutamento.
2. A “rapaziada sujeita”
As dezenas de interrogatórios colhidos em 1864 mostraram que a
insurreição estava ramificada numa comunidade escrava peculiar, formada a
partir da integração dos dois principais municípios do norte mineiro. Embora
estivessem presentes, os africanos constituíram minoria numa insurreição
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planejada por escravos crioulos do Serro e Diamantina. A liderança presa pela
polícia compunha-se de cativos nascidos em Minas e residentes há bastante
tempo nas propriedades de origem. Dos 40 escravos citados nos autos criminais,
21 foram identificados segundo sua naturalidade. Deste total apenas um era
africano, dezesseis eram nascidos em distritos da própria comarca do Serro e
quatro foram denominados genericamente como crioulos. Dentre os rebeldes
as autoridades encontraram também diferentes cores: dos 20 escravos com
alguma referência a respeito, havia oito cabras, oito crioulos, três pardos e
um preto. Sob o comando dos cabras José, Nuno e Adão, se reunia uma vasta
gama de cativos com ofícios especializados, atuantes nos meios urbano e rural.
Dentre dezoito escravos com indicação a respeito a maior categoria era
constituída por cinco alfaiates, seguidos por dois pedreiros, dois tropeiros, dois
mineiros, um oficial de ferreiro, um oficial de sapateiro, um marceneiro e um
carpinteiro. Além destes, acrescente-se ainda três cativos empregados em
serviços domésticos e um bom número deles ocupado na exploração das lavras
diamantinas, trabalho que exigia alto grau de especialização.
A predominância de escravos especializados no comando do levante pode
estar ligada a diversos fatores. Homens como José Cabrinha ou Adão
desfrutavam de enorme respeito entre seus companheiros, sendo apontados
por muitos rebeldes como os mais astutos “para cabalar a rapaziada”26 e
gozavam de grande mobilidade. Estes trabalhadores circulavam entre diversas
propriedades, sendo freqüentemente aproveitados por vários membros de uma
mesma família senhorial ou alugados para o desempenho de serviços entre o
Serro e Diamantina. O aluguel era uma prática tradicional na comarca do Serro,
rentável para os senhores, mas por vezes perversa para os escravos. Ainda
que permitisse a ampliação do mundo social dos cativos, implicava quase sempre
26 Depoimento de Joaquim Bernardino Pereira de Queiroz, 21 nov.1864. ANRJ: CORTE
DE APPELAÇÃO, PROCESSO-CRIME de Insurreição, José Cabrinha (escravo), Serro,
cx. 3700, maço 5014 (1865), p. 66.
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o abandono temporário dos “direitos costumeiros” conquistados por eles na
propriedade de origem. Os escravos alugados facilmente figuravam entre os
que recebiam o pior tratamento de novos senhores que visavam extrair deles o
máximo de trabalho no menor tempo possível. (COSTA: 85-86). É possível que
muitas adesões à rebelião tenham sido inspiradas em experiências como esta,
comuns, sobretudo, nas lavras diamantinas.
As autoridades preocuparam-se enormemente com a correspondência
trocada entre os escravos especializados do Serro e acabaram descobrindo
que diversas cartas haviam, de fato, sido enviadas nos meses de setembro e
outubro de 1864. Elas provinham principalmente do núcleo letrado constituído
pelos cativos da Sesmaria, fazenda de D. Francisca de Araújo Padilha, onde se
produzia aguardente. Durante o correr do processo, Demétrio, José Cabrinha e
David declararam saber ler e escrever, assinando, por conseguinte, todos os
depoimentos que prestaram. Sebastião disse “ler muito mau a letra redonda”,27
e é certo que Adão e Nuno também lidavam de alguma forma com a língua
escrita, pois receberam várias missivas de José Cabrinha. Além dos escravos,
Herculano Manoel de Barros foi único liberto indiciado a declarar “saber ler e
escrever mal”.28
A significativa presença de crioulos especializados entre os rebeldes
precisa, ainda, ser pensada no contexto das estratégias repressivas da polícia.
Foi sobre eles que se voltaram, imediatamente, as suspeitas dos senhores. Os
indícios sobre a participação de africanos eram claros, mas a maioria dos que
foram identificados nas investigações jamais foi presa. Os escravos africanos
constituíam boa parte da força de trabalho nas lavouras de cana do Serro ou
em minas como a do Barro, de onde ajudaram a traçar alianças duradouras
com os quilombos circunvizinhos. (Cf. MACHADO FILHO). Nestes espaços, uma
nova cultura em que se mesclavam elementos da vivência sob a escravidão e
27 Interrogatório do escravo Sebastião, 23 nov.1864. Idem, p. 98.
28 Auto de qualificação de Herculano Manoel de Barros. Idem, p. 7.
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do passado africano estava possivelmente a solidificar a solidariedade que
garantiu dois meses de resoluta resistência por parte dos rebeldes.
As motivações da rebelião de 1864 foram múltiplas e continuaram a
inspirar os escravos nos anos seguintes. Podem ser buscadas nas durezas do
cativeiro nos pequenos engenhos e lavras de Minas; nas percepções cativas
sobre as guerras e o emancipacionismo da década de 1860; no questionamento
da autoridade dos brancos pelas invasões de terras; bem como na força e
vulnerabilidade dos quilombos mineiros.29 As comunidades de fugitivos das serras
do Itambé e do Espinhaço funcionaram como grandes campos de treinamento
para o levante, e seu grau de solidariedade aos escravos indica o claro do papel
que desempenhavam na organização social das comunidades escravas da
Comarca do Serro. Ao engajarem-se na insurreição, é bem possível que
buscassem proteger as relações sociais e econômicas que haviam
cuidadosamente construído com as senzalas. Em 1864, especialmente, um
importante espaço de autonomia para escravos e quilombolas se encontrava
em jogo. O acesso a terra estava ameaçado pela escalada da repressão policial
e pelo avanço do loteamento de terrenos diamantinos nas periferias de
Diamantina, destinado ao assentamento dos faiscadores pobres.
A rebelião do Serro acabou por abrir um período de acirramento do
protesto escravo em toda a província de Minas Gerais. Iniciada sob os rumores
da Guerra de Secessão norte-americana, ela foi sufocada com a prevenção e
força cabíveis a um país em estado de guerra. Foi a eclosão do conflito contra
o Paraguai que levou à ultimação do processo contra os rebeldes que, no início
de 1865, ainda se arrastava em demorados recursos. Novas conspirações
escravas na cidade do Serro foram descobertas pela polícia nos meses de maio
e agosto de 1865, engrossando o cômputo de pelo menos vinte outras espalhadas
29 O levante de 1864 se insere também numa longa tradição de protesto em Minas que
abarca, por exemplo, os diversos levantes ocorridos na década de 1830, tais como o
dos escravos da família Junqueira em Carrancas, 1833, e o daqueles de Mariana e
Ouro Preto, em 1835.Cf. Andrade, 1996.
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por toda a província de Minas Gerais naquele ano. Os cativos continuavam a
falar claramente “em liberdade, em Lopez do Paraguai, e muitas outras coisas
perigosas”,30 esforçando-se em levar adiante projetos políticos arraigados nas
comunidades e culturas negras formadas por escravos, libertos, homens e
mulheres livres pobres. Não pretendiam deixar de participar de um momento
crucial das discussões sobre o futuro da escravidão no Brasil.
30 Ofício reservado enviado pelo delegado de Caeté, Caetano de Souza Telles Guimarães,
ao Chefe de Polícia de Minas Gerais (15/09/1865). APM: Seção Provincial, cód. 1095.
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