mineração em diamantina 3

19-07-2015 11:52

da exportação de diamantes mineiros, coligidos por Rodolpho Jacob, indicam a chegada da nova conjuntura que se estenderia até 1930, com alguma oscilação de ano a ano: TABELA 9 – Exportações de diamantes mineiros, em quilates (1896-1903) Ano Quilates exportados 1896 1.960 1897 4.045 1898 6.290 1899 7.555 1900 12.205 1901 10.830 1902 16.660 1903 27.535 Fonte: JACOB, 1911, v. I, p. 175. Nesta fase de reaquecimento da economia do diamante, entre os anos 1890 e 1930, fator de enorme relevo foi a demanda de gemas preciosas dos Estados Unidos da América, país que já despontava como a maior potência mundial e possuía numerosa camada de milionários em busca de símbolos de status. Compradores estadunidenses de diamantes passaram a frequentar Diamantina ou estabelecer, na cidade, representantes seus. Fato, aliás, comemorado pela imprensa local, como mostra a notícia transcrita abaixo: Em companhia de seu filho A. D. Helbogen, está hospedado no Hotel do Comércio o sr. C. M. Helbogen, grande joalheiro dos Estados Unidos da América do Norte e comprador de diamantes e brilhantes. É uma boa ocasião de apresentarem ao distinto estrangeiro todos os nossos produtos para propaganda das riquezas da nossa terra. Infelizmente os pequenos negociantes de brilhantes ignoram que os pedristas mais afamados daqui exercem um verdadeiro trust, monopolizando desta forma todo o comércio de pedras em detrimento dos menos abastados. É, pois, esta a mais asada ocasião de se safarem dos monopolistas e ao mesmo tempo, exibirem as nossas riquezas, que não ficam abaixo no comércio mundial desse gênero. Devemos notar também que os nossos pequenos negociantes ignoram o valor do que aqui chamamos fazenda grossa, pois é justamente o que está preferindo o nosso ilustre hóspede e pagando por ótimos preços.66 As companhias mineradoras na virada para o século XX Graças à participação de Diamantina em exposições provinciais, nacionais e estrangeiras desde 1858, e aos esforços da Escola de Minas de Ouro Preto para modernizar o setor mineral, capitais estrangeiros foram atraídos para o Alto Jequitinhonha. Em 1898, a Companhia Boa 66 BAT. A Idéa Nova, ano VI, n. 267, 21 de maio de 1911, maço 65, gaveta 3. 35 Vista, organizada por capitais franceses, instalou-se em lavras de Curralinho, usando máquinas modernas e energia elétrica. Em seguida, uma companhia americana, Pittsburg Brazilian Dreadging Co., com capital de 1.500 contos de réis, instalou a primeira draga para extração de diamantes em Lagoa Seca, no ano de 1907. Outra companhia americana, Diamond King Mining Co., com capital de mil contos de réis, instalou, em 1908, draga em Mendanha, no Rio Jequitinhonha. Em 1909, formou-se em Nova Iorque a Brazilian Dreading Co., com capital de um milhão de dólares, que instalou, no ano seguinte, pesados maquinismos no Rio Jequitinhonha, nas proximidades de Mendanha. Assim, em 1909 havia quinze empresas estrangeiras de mineração em Diamantina, a maioria delas americanas (COUTO, 2002, p. 237-239). Diamantina se percebia, então, como a “Kimberley do Brasil”.67 O quadro abaixo fornece dados sobre as empresas nacionais e estrangeiras de mineração que atuavam no município de Diamantina em 1909: QUADRO 3 – Principais companhias de mineração (Diamantina, 1909) Nome da empresa Capital inicial Sede Local da lavra Pittsburg Brazilian Dreading 1500 contos Pittsburgh Lagoa Seca Diamond King Minning Co. 1000 contos Wells Ville Mendanha Dattas Diamond & Gold Co. 6000 contos Oil City Datas Brazilian Diamond Placer Co. 1000 contos Pittsburgh Terra Branca Brazilian Diamond Minning Co. 3000 contos Boston Rio Jequitinhonha Premier Sopa Diamond Minning Co. 3000 contos Pittsburgh Sopa Bay State Diamond Co. 1000 contos Boston Itaipaba Lavra do Mato Minning Co. 3000 contos Oil City Lavra do Mato Companhia Boa Vista 1282 contos Paris Bom Sucesso Fonte: BAT. Acervo José Teixeira Neves. Caixa 3, Livro 1, fl. 29. A Companhia de Mineração Boa Vista, com capital inicial de 1.282 contos de réis, foi inicialmente dirigida por Luiz de Rezende e o diretor técnico foi o engenheiro Antônio Lavandiera. As ações da empresa, de 100 francos, em pouco tempo alcançaram a cifra de 5 mil francos cada uma. Ela operava movida por usina hidrelétrica de 100 HP, acionada pelo córrego Junta-Junta, com desmonte hidráulico de jato de seis atmosferas de pressão e máquina de lavagem (MACHADO FILHO, 1980, p. 188). A euforia não durou muito, porque a companhia passou a produzir resultados oscilantes e sofrer interrupções de atividades, ao mesmo tempo em que passava da direção de franceses para ingleses. Por volta de 1917, suas atividades estavam 67 BAT. O Itambé, n. 99, 1903. 36 paralisadas. A empresa foi reorganizada no ano de 1918, mudou de nome – para Companhia Brasileira Diamantífera – e de controle acionário, tornando-se nacional. O capital da sucessora da Companhia Boa Vista, com sede no Rio de Janeiro, era de três mil contos e os maiores acionistas Henrique Lage, Guilherme Guinle, Rocha Miranda, Sampaio Corrêa, Fontes, Paulo de Frontin, Martineli, John Gordon e Antônio Luiz Santos. O novo presidente foi o Dr. André Gustavo Paulo de Frontin, diretor secretário Antônio Luiz dos Santos e diretor técnico o engenheiro Dr. Estanislau L. Bousquet (professor aposentado da Escola Politécnica do Rio de Janeiro). Em 19 de março de 1919, a Companhia Brasileira Diamantífera comprou as lavras, máquinas e propriedades territoriais da antiga Boa Vista, das mãos da firma diamantinense Ramos Guerra & Cia. Tudo pelo preço de 350 contos de réis, 150 contos pagos pela propriedade imóvel e 200 contos pelas concessões diamantinas e máquinas. Ficou excluída da transação a usina elétrica de Santa Maria, com as terras e águas que a constituíam. A firma Ramos Guerra & Cia. se comprometeu, pelo prazo de um ano, a manter a linha de força para a casa de bombas na Boa Vista e fornecer eletricidade para as máquinas da Companhia durante o dia, bem como manter o telefone para serviço da mineradora.68 Dessa forma, a Companhia Brasileira Diamantífera operou até o fim dos anos 1950. Poucas vozes locais ousaram destoar do coro de loas às companhias estrangeiras. Uma delas foi a Igreja que, por meio do jornal A Estrela Polar, chamou a atenção dos diamantinenses para o caso da Mina de Morro Velho, em Nova Lima, onde “a miséria é o apanágio dos mineiros”.69 Outra voz foi a de um cidadão americano, radicado na região e que tivera experiência nas minas da Califórnia, que escreveu: As leis vigentes no Brasil sobre mineração concedem uma amplitude de poderes exorbitantes às companhias que se formam para explorar os terrenos concedidos, prejudicando os pequenos exploradores e ao próprio estado. (...) Quanto ao Jequitinhonha, o celeiro diamantífero do Norte de Minas, podem-se aplicar as mesmas considerações que em relação ao Rio das Velhas [concedido a um só explorador].70 Ora, a preocupação com os pequenos mineradores nunca fora, de fato, a base das propostas dos grandes mineradores e diamantários locais, e nem das autoridades da Repartição dos Terrenos Diamantinos, para o setor mineral. Os grandes de Diamantina viram na corrida das 68 BAT. Escritura de venda, Livro de Notas n. 35, Cartório do 1º Ofício, 1919, maço 497, fls. 33-38v 69 BAT. A Estrela Polar, n. 24, 1905. 70 APM. Minas Gerais, n. 10, 12 de janeiro de 1905. O autor do artigo assinou JRSSR CAMRY. 37 companhias pela aquisição de lotes diamantinos uma oportunidade para catapultar suas fortunas. As companhias precisavam de áreas para lavrar e estavam dispostas a pagar bem por elas. Os grandes mineradores locais souberam especular com o valor dos terrenos, conforme mostram os dois exemplos a seguir. Em 20 de novembro de 1897, o Tenente-Coronel Antônio Eulálio de Souza constituiu seu bastante procurador o Dr. Francisco José de Almeida Brant, residente em Ouro Preto, com poderes especiais para transferir para a Companhia Boa Vista um lote de terrenos diamantinos, de 44 mil metros quadrados, no lugar denominado Boa Vista.71 Já o Coronel Justiniano Fernandes de Azevedo, em 27 de novembro de 1897, constituiu seu procurador a Charles Spitz, para vender ou ceder concessões que possuía nas cabeceiras do Jequitinhonha, em sociedade com outros mineradores. Os lotes seriam vendidos pela quantia total de 500 contos de réis (64.767 libras esterlinas), o pagamento podendo ser realizado em ações das companhias interessadas.72 Os garimpeiros e faiscadores viram a chegada das companhias de mineração com um misto de curiosidade, desconfiança e temor, a julgar pela observação da memorialista Helena Morley sobre seu pai, o garimpeiro Alexandre Dayrell. Em 1893, o pai de Helena Morley estava no Paraúna para ver uma lavra que um francês queria comprar e pediu a ele que fosse ver se valia a pena. Uma semana depois, Alexandre Dayrell voltou a Diamantina e sua filha registrou as palavras que, então, foram proferidas por seu pai: As provas não foram boas. Meu pai diz que sabia que as lavras de lá não são iguais à Boa Vista e à Sopa. Ele diz que o francês já encomendou maquinismos e que tirar diamante agora vai ser diferente do sistema de bateia. Os maquinismos vão mexer tudo e os diamantes já saem separados. Meu pai acha que para lavras boas e sem água o processo vai ser bom, porque eles vão puxar água de longe em canudos de ferro. Eu sei que vou ter saudades dos lavadores virando as bateias e a gente vendo o diamante estrelar no esmeril. Só quem nasceu na mineração como a nossa família é que conhece esse prazer (MORLEY, 1988, p.85). Nesta citação, evidencia-se a desconfiança do minerador com relação às técnicas novas, ao maquinismo que o francês havia encomendado. O experimentado garimpeiro admite que o equipamento talvez oferecesse vantagens para alguns tipos de lavra, mas não vai além disso. Sua filha é mais incisiva: a mecanização do garimpo poderia retirar-lhe seu fascínio, “que só quem nasceu na mineração conhece” realmente. A dimensão da tradição e o desejo de garimpar como 71 BAT. Procuração, Livro de Notas n. 46, Cartório do 2º Ofício, 1897, maço 161, fls. 38v-39. 72 BAT. Procuração, Livro de Notas n. 46, Cartório do 2º Ofício, 1897, maço 161, fls. 46-47v. 38 se fazia no passado insinuam-se, aqui, na narrativa da normalista, que ela procura mostrar como uma opinião partilhada por toda a sua família. Que papel teria desempenhado na economia regional o capital estrangeiro atuante na mineração, na virada do século XIX para o XX? As elites diamantinenses saudaram a chegada das empresas estrangeiras, uma vez que elas estavam conscientes de que o setor necessitava de maior concentração para lograr aumento de produtividade, baseado na adoção de técnicas mais adequadas. Disso dá mostra a matéria relativa à chegada da Companhia Boa Vista, que dizia: “Venha, portanto, o estrangeiro empreendedor arrancar todas essas riquezas que jazem do seio da terra por falta de capital e iniciativa dos naturais”.73 A expectativa reinante na cidade era a de que, com os “ingleses”, o progresso e a modernização se implantariam no município. As companhias estrangeiras, operando em grande escala e empregando maquinaria complexa e divisão técnica de trabalho sofisticada, promoveriam transformações significativas nas bases técnicas da extração. Elas também revolucionariam o terreno das relações de trabalho, por causa de sua opção pelo assalariamento e emprego de contabilidade racional nos empreendimentos. Entretanto, logo se patenteou a frustração dessas expectativas. O número relativamente reduzido de empregados dessas companhias impossibilitou difusão generalizada das novidades que elas representavam. Vale ressaltar que as companhias estrangeiras de mineração sempre atuaram em estreita associação com os garimpeiros tradicionais, pois assim elas compravam minérios a preços aviltados e promoviam a exploração de áreas de suas concessões minerais alugando-as para os garimpeiros, eximindo-se da fiscalização oficial. Por outro lado, as companhias estrangeiras em geral operaram com altos e baixos, com muitas interrupções e por tempo curto. As razões do fracasso da ampla maioria delas estavam na má administração de suas atividades, nos problemas decorrentes do uso de técnicas e equipamentos que se mostraram inadequados para a região, nos movimentos especulativos realizados por suas diretorias nas bolsas dos países-sede dos capitais das empresas. Enquanto, em 1909, quinze empresas de mineração atuavam em Diamantina, na década de 1950 apenas três companhias estavam em operação: a “Brasileira Diamantífera” (antiga Boa Vista), a “Mineração do Machado” (na localidade de Maria Nunes), ambas comandadas por capitais nacionais, e a “Minas Serrinha”, de capital norte-americano. As 73 BAT. O Município, n. 195, 1899. 39 companhias estrangeiras, portanto, não favoreceram a acumulação interna nem modernizaram a infraestrutura econômica e as relações de trabalho na região. A indústria da lapidação de diamantes: esperança e fracasso A crise internacional de preços do diamante, iniciada na década de 1870, despertou os grandes mineradores do Alto Jequitinhonha para a conveniência de conhecer todos os meandros da “indústria do diamante”. Eles organizaram representações que partiram para o Rio de Janeiro, Lisboa, Londres e Amsterdã. Os representantes dos mineradores de Diamantina visitaram casas compradoras de diamantes, lapidações, joalherias e empresas mineradoras. Voltaram convencidos de que o diamante deveria ser industrializado. Desta disposição surgiu o impulso para a instalação da indústria da lapidação no antigo Tijuco. Em 1873, o jornal O Jequitinhonha saudava o nascimento do setor de lapidação em Diamantina: “Vimos vários brilhantes lapidados na fábrica diamantinense do Comendador Serafim Moreira da Silva pelo Sr. Josefino Pereira da Silva. O trabalho perfeito. Enfim! Está criada a indústria da lapidação em Diamantina pela iniciativa individual”.74 As principais lapidações do município foram instaladas entre os anos de 1873 e 1875, principalmente na cidade de Diamantina e no distrito de Gouveia. Os pioneiros do setor foram: o Comendador Serafim Moreira da Silva, fundador da “Fábrica da Palha” (1873); o Barão de São Roberto, Quintiliano A. Ferreira, fundador da “Fábrica Vitória Augusta” (1874) e o Conselheiro João da Mata Machado, fundador da “Fábrica da Formação” (1875). Todos eles mineradores e negociantes de diamantes. Os lapidários responsáveis por esses empreendimentos eram oficiais de origem portuguesa, que aprenderam a arte de lapidar no Rio de Janeiro. No ano de 1878, os irmãos Felício dos Santos fundaram a lapidação do Biribiri, com 18 rodas, dentro das instalações da fábrica de tecidos da firma Santos & Cia. Segundo José Teixeira Neves, no ano de 1887 as principais lapidações de Diamantina eram: a Fábrica de Biribiri, com 42 rodas de lapidar; a Fábrica Vitória Augusta, instalada em Gouveia, com 18 rodas; a Fábrica da Formação e a Fábrica da Palha, ambas com 12 rodas e localizadas nos subúrbios da cidade. Todas essas lapidações empregavam força hidráulica para mover seus maquinismos e mão de obra recrutada no seio da juventude da região. O capital de giro era fornecido pela fortuna de seus proprietários, há muito envolvidos no comércio regional 74 BAT. O Jequitinhonha, 2 de setembro de 1873. 40 de pedras. A Fábrica Vitória Augusta foi fechada na ocasião da morte de seu fundador, o Barão de São Roberto, em 1895. A Fábrica da Palha também teve suas atividades encerradas com a morte do Comendador Serafim Moreira da Silva, no ano de 1897. A Fábrica do Biribiri, ligada principalmente a Antônio Felício dos Santos, funcionou regularmente até meados da primeira década do século XX, quando a firma Santos & Cia. começou a enfrentar forte crise financeira. Em 1911, a referida lapidação foi fechada, no momento da passagem do controle da Fábrica de Tecidos de Biribiri para as mãos do Banco Hipotecário do Brasil. Em 1887, a produção anual de diamantes lapidados no município teria sido de 3.481g, aproximadamente 17.400 quilates. Já no ano de 1890, havia no município de Diamantina 146 pessoas ocupadas nas fábricas de lapidação, cuja produção anual girou em torno de 5.520 quilates. A produção do ano de 1890 representou menos de um terço da produção de diamantes lapidados do ano de 1887. Entre 1875 e 1882, havia, em Diamantina, muitas lapidações com menos de seis rodas de lapidar, instaladas em diversos pontos do município – Curralinho, Mendanha, Sopa, Palmital, Rio Manso, Caeté-Mirim e Datas. Seus proprietários eram negociantes de pedras sem maiores recursos, que não conseguiam comprar gemas brutas em maior quantidade. Para atrair fregueses, os donos dessas pequenas lapidações e os lapidários dispararam uma “guerra de preços”, reduzindo dia após dia o valor cobrado pelos serviços de corte e polimento dos diamantes, afetando inclusive os preços dos serviços das maiores lapidações. Os jornais anunciaram em suas páginas os lances dessa guerra: “A contar-se de 1º de junho próximo em diante, a lapidação de diamantes de terceiros na Fábrica da Formação, será por combinação dos sócios, para os diamantes de quilate para cima na razão de 15$000 por quilate e para os de 20 quilates para cima o que se convencionar”.75 Outro anúncio: “O abaixo assinado declara que na sua fábrica d’ora em diante, se lapida diamantes de um quilate para cima, a 12$000. Igualmente, cliva [corta] diamantes em qualquer parte que convenha a seu dono, a 4$000 o quilate. Diamantina, 14 de fevereiro de 1876. Serafim Moreira da Silva”.76 Mais um anúncio: “Fábrica de lapidação. Lapidam-se diamantes de quilate para cima, na fábrica de João da Mata Machado, a 8$000 por quilate e de menos quilates até doze grãos a 10$000 por quilate. Garante-se perfeita lapidação e 75 Monitor do Norte, ano 1, n. 51, 28 de novembro de 1875. Gaveta 2, maço 12. Acervo Soter Couto. FAFIDIADiamantina. 76 Monitor do Norte, ano 2, n. 9, 13 de fevereiro de 1876. Gaveta 2, maço 13. Acervo Soter Couto. FAFIDIA. 41 brevidade”.77 Um último anúncio, que mostra, além da “guerra de preços”, as dificuldades financeiras em que operaram as lapidações: Josefino Pereira da Silva, tendo separado a sociedade particular que tinha com o Sr. Luiz Paulino de Oliveira Miranda, participa aos seus numerosos fregueses que continua a trabalhar na mesma fábrica da Palha; e atendendo a escassez de diamantes e dificuldades de venda dos brilhantes, resolveu-se a lapidar desta data em diante a 7$000 por quilate sendo de 4 quilates para cima, e que em vista da redução de preço na lapidação e grandes despesas da fábrica e oficiais, não pode mais trabalhar fiado. Aproveitando esta ocasião pede a todos os fregueses que ficaram devendo lapidação virem quanto antes saldar suas contas.78 As numerosas lapidações de tamanho reduzido, com menos de seis rodas de lapidar, não possuíam recursos para investir em equipamento e na qualificação profissional dos lapidários. Operaram de forma rotineira e irregular, trocando de proprietários diversas vezes, em transações que só faziam depreciar o capital nelas empregado. A “Fábrica dos Cafundós”, situada no distrito de Curralinho, ilustra esta faceta da trajetória das lapidações da região. Adquirida um ou dois anos antes das mãos de um minerador da localidade pelo casal Joaquim José Ferreira Rabelo e Dona Amélia Eulália Vieira Rabelo, a lapidação possuía seis rodas. No dia 4 de novembro de 1878, os novos donos lavraram escritura de venda de “duas forças de roda de lapidação e partes competentes” para João Antônio, pela quantia de 500$000 rs.79 Essa pequena lapidação, a partir de então, ficava dividida entre dois proprietários, cada um deles com número ínfimo de rodas de lapidar. Que perspectiva de sucesso tal arranjo poderia produzir? As pequenas lapidações, lidando com o diamante da região que é de lapidação mais difícil, operando com técnicas e equipamentos defasados em relação aos empreendimentos congêneres do Rio de Janeiro e da Europa, lutando contra o costume da venda fiada e enfrentando a baixa saída dos brilhantes na praça do Rio, entraram numa espiral de endividamento, que rapidamente levava os empreendimentos à falência. Mesmo as maiores lapidações tiveram dificuldades para expandir sua produção e aperfeiçoar a qualidade dos serviços de corte e polimento, tanto em função da queda dos preços do diamante como da baixa aceitação pelo mercado carioca das pedras lapidadas em Diamantina. Na medida em que os preços dos serviços de lapidação mantiveram-se comprimidos, inclusive 77 Monitor do Norte, ano 2, n. 9, 13 de fevereiro de 1876. Gaveta 2, maço 13. Acervo Soter Couto. FAFIDIA. 78 BAT. Diamantina, ano 3, n. 14, 8 de julho de 1877. 79 BAT. Escritura de venda, Livro de Notas n. 36, Cartório do 2º Ofício, 1878, maço 161, fls. 51-52. 42 por causa da concorrência das pequenas “fábricas de lapidar”, faltaram recursos para a modernização do setor. Isso porque, para homens como Serafim Moreira da Silva, Antônio Eulálio de Souza, Antônio Cassimiro de Almeida, José Alexandre de Souza, Licínio Balsamão e outros diamantinenses, a expansão dos negócios deveria ocorrer exclusivamente por meio do reinvestimento de lucros, sem recorrer à emissão de debêntures ou aos empréstimos bancários. Este foi o comportamento de diversos pioneiros da indústria têxtil mineira verificado por Maria Teresa Ribeiro de Oliveira (2002, p. 244). Não surpreende, portanto, que a Fábrica da Formação, do Conselheiro Mata Machado, mantivesse as mesmas 12 rodas no período 1875-1915; e que a Fábrica da Palha, iniciada em 1873 com 12 rodas, alcançasse 18 rodas no começo dos anos 1880, mas em 1887 voltasse a ter 12 rodas. A tabela seguinte traz informações sobre o capital imobilizado em algumas lapidações de Diamantina: TABELA 10 – Capitais empregados em lapidações de Diamantina (1878-1902) Ano* Proprietário N. rodas Capital Capital (libras) 1878 Joaquim José Ferreira Rabelo 06 1:500$000 65,39 1895 Quintiliano A. Ferreira 18 6:000$000 603,62 1895 Luiz Augusto de Ávila 04 3:764$080 378,68 1896 Souza & Balsamão 09 36:000$000 3.973,51 1902 Antônio Cassimiro de Almeida - 4:800$000 401,00 1902 Antônio Eulálio de Souza 12 10:000$000 835,42 Fonte: Acervo José Teixeira Neves, Inventários e Livros de Notas. BAT Nota: * O ano assinalado refere-se à data para a qual há registro do capital do empreendimento. As informações da tabela devem ser lidas com cautela. Em primeiro lugar porque, nos negócios do diamante, a informalidade foi (e continua sendo) a regra, de modo que os dados são lacunares e pouco precisos. Uma cortina de fumaça escondia as atividades dos mineradores e negociantes de gemas, que buscaram insistentemente fugir do controle do Fisco. Em segundo lugar, os registros existentes nos Livros de Notas dos cartórios diamantinenses referem-se às firmas lapidárias, sem discriminar, na ampla maioria dos casos, as cifras concernentes a instalações, terrenos, máquinas e equipamentos. Por exemplo, o capital da firma de Luiz Augusto de Ávila incluía o valor de duas casas baixas de morada, cobertas de telhas e sitas no Arraial de Datas, e o valor dos terrenos, instalações e equipamentos da fábrica de lapidação, no lugar 43 denominado Cachoeira do Dada.80 Já no caso da firma Souza & Balsamão, o capital mencionado inclui as quantias destinadas pelos sócios para a aquisição de diamantes, isto é, o capital de giro inicial da empresa, que ficava na casa de 24 contos de réis. A organização do trabalho nas maiores lapidações da região não seguia modelo único. Na Fábrica do Comendador Serafim Moreira da Silva, o mestre lapidário e os aprendizes eram diretamente contratados pelo proprietário. O contrato de Josefino Pereira da Silva com o Comendador, assinado em 1873, estipulava para o lapidário as seguintes cláusulas: a) o salário do oficial seria de seiscentos mil réis mensais, como gratificação pelas pedras que o Comendador apresentar a fim de aprender a arte de lapidação; porém, se a quantia lapidada anualmente na fábrica ultrapassar os seiscentos mil réis, ele receberia o valor de mil réis por quilate cortado e polido; b) os diamantes que o proprietário permitisse aos aprendizes lapidar nos domingos e dias santos não entrariam nos cálculos de remuneração do oficial; c) o oficial obrigava-se a ficar no trabalho da Fábrica até 1875 e; d) toda despesa de comestíveis correria por conta do proprietário. 81 Documento similar foi firmado entre o Comendador e os aprendizes de sua lapidação, os jovens Olegário José de Figueiredo, Rafael Antônio Coelho e Elias Cândido da Silva,82 pelo qual estes últimos se dispunham a trabalhar “do nascer ao pôr do sol” exclusivamente para a Fábrica do Comendador, durante cinco anos, sob pena de pagar multas elevadas caso rescindissem o contrato. Os aprendizes comprometiam-se, também, a lapidar somente os diamantes do proprietário. Era outro o modelo de funcionamento da lapidação dos franceses Richies & Vial, situada na Palha. Suas rodas eram alugadas para os discípulos dos mestres lapidários Josefino Pereira da Silva e Luiz Paulino de Oliveira Miranda.83 Um terceiro modelo de funcionamento de lapidação aparecia na empresa Souza & Balsamão, que começou a operar no distrito de Datas em 1896, com nove rodas de lapidar. Esta sociedade mercantil, anteriormente referida, tinha os objetivos de comprar diamantes, lapidá-los e vende-los nas praças de Diamantina e do Rio de Janeiro. O sócio José Alexandre Souza, que entrou com 24 contos de réis, encarregava-se da compra dos diamantes; o segundo sócio, Licínio de Oliveira Balsamão, que entrou com 12 contos de réis, 80 BAT. Escritura de dívida e hipoteca, Livro de Notas n. 19, Cartório do 1º Ofício, 1895, maço 42, fls. 42-44. 81 BAT. Escritura de contrato, Livro de Notas n. 19, Cartório do 1º Ofício, 1873, maço 42, fls. 8v-10v. 82 BAT. Escritura de contrato, Livro de Notas n. 19, Cartório do 1º Ofício, 1873, maço 42, fls. 10v-12v. 83 BAT. Acervo José Teixeira Neves, caixa 7, envelope 5, fl. VII. 44 fazia o trabalho de lapidação.84 Isto sugere que a “fábrica de lapidação” propriamente dita fora montada com capital de 12 contos de réis ou até menos. No ano de 1877, o jornal Monitor do Norte percebeu que o futuro das lapidações de Diamantina não seria tão promissor quanto desejara, em 1873, o editorial do periódico O Jequitinhonha. Em 4 de fevereiro de 1887, o Monitor do Norte publicou a seguinte matéria: Mais ou menos até julho do ano passado iam-se vendendo regularmente no Rio de Janeiro os diamantes lapidados em nossas fábricas, e com quanto os preços pouco animassem, o pequeno lucro e a pronta venda estimulavam a lapidação e remessa, e assim até esse tempo alguma coisa se fez. De agosto para cá, os preços de nossos brilhantes caíram no mercado do Rio de Janeiro a uma cotação tão baixa, que é impossível (...) sujeitar-nos a ela.85 Para os redatores do Monitor do Norte, a razão do problema era dupla: de um lado, o fato de que “o Rio, na verdade, [era] um mercado relativamente pequeno, [que] não comporta grande sortimento de diamantes lapidados”; de outro lado, a queda dos preços dos brilhantes era principalmente decorrência da ação dos “especulistas da Europa, que têm interesse em fazer desaparecer as nossas fábricas”. Para enfrentar o problema, os redatores sugeriram que os diamantinenses continuassem a lapidar suas gemas, mas que as retivessem pelo tempo necessário para fazer subir os preços dos brilhantes, e só então enviá-los ao Rio de Janeiro. A proposta dos homens de imprensa da cidade simplesmente não era factível, porque exigia um grau de articulação entre os atores, envolvidos na restrição voluntária da oferta de brilhantes, nunca encontrado no mundo da mineração regional. Na verdade, o problema pouco decorria da ambição dos europeus, mas do fato de que a indústria local não possuía condições para enfrentar a da Capital e a da Europa por causa da deficiência da aparelhagem e da menor qualificação dos lapidários diamantinenses. Por isso, “no Rio, no Pátio dos Milagres, onde existe o comércio de diamantes lapidados, as pedras de lapidação defeituosa são consideradas ‘pedras de lapidação diamantina’”.86 A tabela seguinte traz informações sobre a variação temporal do número de lapidações no município de Diamantina, mostrando que o setor estava em vias de desaparecer a partir da década de 1890: 84 BAT. Escritura de contrato, Livro de Notas n. 19, Cartório do 1º Ofício, 1896, maço 42, fls. 86-87. 85 Monitor do Norte, ano 3, n. 4, 4 de fevereiro de 1887, p. 2. Acervo Soter Couto, gaveta 2, maço 13. FAFIDIA. 86 BAT. Voz de Diamantina, ano 3, n. 1, p. 4, 26 de março de 1938. 45 TABELA 11 – Número de lapidações em Diamantina (1875-1919) Ano Número de lapidações Com 10 ou mais rodas Com menos de 10 rodas Total 1875-1882 6 12 18 1887-1892 4 3 7 1896 4 1 5 1912 1 1 2 1916-1919 3 - 3 Fonte: BAT. Acervo José Teixeira Neves. A Estrela Polar, n. 46, 24 de novembro de 1912. Na década de 1910, restava no município apenas uma lapidação digna de destaque: a Fábrica da Formação, adquirida em 1915 por José Neves Sobrinho, grande comerciante (proprietário da “Casa Cruzeiro do Sul”) e comprador de diamantes. Assim que assumiu o comando da lapidação da Formação, José Neves Sobrinho pôs a funcionar 36 rodas de lapidar e instalou luz elétrica e telefone nas dependências do empreendimento, no ano de 1919. No serviço de lapidação de José Neves Sobrinho trabalhavam, em 1922, 36 operários, gerando produção anual de 400 quilates de pedras lapidadas, com valor estimado em 350 contos de réis, ou 48.409 libras esterlinas.87 A remuneração dos operários era pelo “sistema de empreitada” – recebiam de acordo com sua capacidade de trabalho, de 8$500 a 60$000 rs o quilate lapidado, conforme o tamanho do diamante e a qualidade do trabalho realizado.88 Quando os negócios de José Neves Sobrinho foram enredados pela crise de 1929, a fábrica de lapidação recebeu avaliação de 100 contos de réis (2.273 libras esterlinas).89 A forte redução do número de lapidações nas primeiras décadas do século XX pode ser explicada agregando-se, aos fatores anteriormente citados, a tendência ascendente dos preços dos diamantes a partir de 1905. Com a entrada vigorosa dos americanos no mercado regional de pedras, logo após o término da Primeira Guerra, o preço da oitava de diamantes ficou, por alguns anos, em torno de três contos de réis, incríveis 210 libras esterlinas.90 Assim, para os mineradores 87 Cabe destacar que, conforme o Relatório do Secretário das Finanças de Minas Gerais (Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1929), referente ao exercício de 1928, a exportação de diamantes e pedras preciosas (em gramas), no ano de 1922, foi de 707.311. Vê-se, pois, que a quantidade de diamantes lapidados nesse mesmo ano em Diamantina, 400 quilates, é ínfima. Na verdade, isso ocorreu em todo o período aqui estudado. 88 BAT. O Momento, 15 de janeiro de 1922, p. 3, gaveta 6, maço 91. 89 BAT. Concordata preventiva de José Neves Sobrinho, Cartório do 2º Ofício, 1930, maço 216, fl. 4. 90 Para uma crônica ainda que com lacunas da tendência de alta dos preços dos diamantes no período 1905-1920, pode-se consultar a matéria do jornal O Momento, de 15 de janeiro de 1992, comemorativa do valor das riquezas e possibilidades econômicas de Diamantina. BAT. Gaveta 6, maço 91. 46 locais não fazia sentido lapidar as gemas extraídas. O melhor era vendê-las rapidamente, brutas mesmo. Esse foi o golpe de misericórdia no setor. Olhada em perspectiva, portanto, a indústria de lapidação em Diamantina fracassou redondamente porque não logrou alcançar os objetivos esperados no início da década de 1870. As lapidações do município, tecnicamente defasadas e a maioria delas de funcionamento bastante curto e irregular, processaram quantidades reduzidíssimas das pedras extraídas nas lavras da região, agregando pouco valor ao principal produto da economia regional. 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Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 1994. 48 ANEXO 1 – Grandes mineradores do município do Serro (1865-1869) Local Ano Mineradores Imposto (R$) Córrego dos Ausentes 1866 Aureliano Augusto Leão 56,6 mil Capivari 1866 Nicolau Teixeira de Araújo 43 mil Brogodões (rio do Peixe) 1868 Joaquim Carlos de Abreu, Dr. José Joaquim Ferreira Rabello, João José Simões, Henrique Carlos de Vasconcellos Lessa, Modesto Correia de Almeida e José Feliciano Correia da Almeida 35 mil Córrego Cadete (rio do Peixe) 1866 Major José Ávila Bittencourt 31,9 mil Córrego Água Quente 1868 Firmiano Corrêa de Souza 30 mil Rio Capivari 1868 Joaquim Pereira de Assumpção 30 mil Córrego Duas Pontes 1868 Joaquim Carlos de Abreu, Dr. José Joaquim Ferreira Rabello, Dr. Bernardino José Pereira de queirós, Joaquim Antônio de Souza, Serafim Alves Pinheiro 30 mil Brumado (Descoberto) 1868 Vigário Agostinho Francisco Paraíso 30 mil Córrego Bernardino 1869 Antônio Raimundo da Costa 30 mil Córrego Riacho (Pedra Redonda) 1868 Luiz Ferreira dos Santos, Luciano Jorge de Souza 30 mil Córrego Santana (Pedra Redonda) 1868 Luiz Ferreira dos Santos, Luciano Jorge de Souza 30 mil Córrego Malheiro 1868 Pedro Vieira Pinto 30 mil Córrego São João 1869 Joaquim Rodrigues de Loyola (confluente Rio do Peixe) 30 mil Córrego Pai Félix 1869 Francisco de Paula Araújo (confluente do Capivari) 30 mil Córrego Gales 1869 José Libânio Horta 30 mil Massangano 1866 João Jacomeny 30 mil Rio do Peixe 1867 Pedro Generoso de Almeida e Silva 30 mil Córrego Retiro (Cafundós) 1864 José Ferreira 30 mil Córrego Sumidouro 1868 Manuel Francisco Lopes (Pedra Redonda) 30 mil Capivari Pequeno 1868 Serafim Ribeiro Caldas 30 mil Córrego Prata Grande 1868 José Pedro Lessa 30 mil Córrego Retiro e Ribeirão São Bartolomeu 1869 José Pedro Lessa 30 mil Córrego Mandiocal 1868 Paulo Fernando Leão, Pedro Barreto Lima, Torquato Pinheiro Neves 30 mil Córrego São Gonçalo 1865 Capitão João Raimundo Mourão 20 mil Rio do Peixe 1866 Dario Clementino da Silva 20 mil Acabasaco 1866 Francisco José de Souza 20 mil Córrego São Gonçalo 1867 Francisca Tereza d’Aguiar Souza 20 mil Rio do Peixe 1867 Dr. José Joaquim Ferreira Rabello 19 mil Rio do Peixe (Caeté) 1866 Francisco José Simões 20 mil Fonte: APM. Livro de Termos de Contrato e Arrendamento de Lotes (Serro, 1865-69). TD-08