Monumento Histórico

05-02-2011 10:28

    Monumento histórico, preciosidade única na espécie em todo o Brasil! - Irrisório!

    Terra caipóra esta nossa!

    Diamantina, sempre civilizada e culta, escrinio de inesgotáveis riquezas naturais, jamais deverá consentir que, além desse tesouro, que eleva seu nome e o tonra conhecido pelo novo e velho mundo, se diga e propague que seu Mercado não pode e nem deve ser demolido, porque constitue um monumento histórico, de estilo raro, a ponto de preterir-se a sua conservação á construção de um novo edíficio, para a Diretoria R. Dos Correios e Telegráfos desta cidade, de vez enquando, ameçada de ser transferida para outra cidade do norte do nosso Estado.

    Dizem que o nosso Barracão, vulgo Mercado Municipal, é antigo, quando, há uns quarenta e poucos anos, mais ou menos, a Municipalidade, criando o Mercado Público, o ampliou. Existiam em Diamantina três rústicos ranchos de tropas, semelhantes em estilo e construção a muitos outros, como os do Serro Frio e outras cidades antigas o interior de Minas Gerais.

    Nesta cidade existiam três em espécie: dois na Cavalhada Velha, hoje Prça Barão de Guaicuí, sendo sempre o predileto em questão o mais asqueiroso e repelente pela sua imundicie.

    A Municipalidade de então, estabelecendo o Mercado Público, proibiu, os ranchos de tropas, no centro da cidade, desaparecendo então os do Manoel Cesar, nos baixos do sobrado de seu prédio, e o rancho do José Corrêa da Silveira, sito onde hoje se acham a Farmacia "Gruta de Lourdes" e "Casa Gurya".

    Afinal, o rancho de tropas, transformado em Mercado, permanecerá, para nossa vergonha, como um menos cabo á higiene, senão descretido da Saúde Pública?

    Permanecerá ali, para sempre, o repelente museu de micróbios, vulgo jaburú, e paraíso das moscas, porque o Patrimônio Histórico Artístico Nacional assim quer e a lei determina?

    Ó temporas, ó mores!...

    Agora, vejamos a situação de Diamantina: O Sr. Diretor Geral dos Correios e Telegráfos, quando aqui esteve, assegurou-nos que a Diretoria Regional daqui não sairia, e que o seu prédio seria iniciado, dentro de poucos dias, devendo ser assentada a sua primeira pedra até junho. Entretanto, até hoje, nada se providenciou a respeito, aguardando, talvez a chegada do engenheiro para escolher o local.

    Mas, aonde o local?

    Acresce ponderar: Si não se pode demolir o feio Barracão, que, além do seu aspecto desolador, constitue ele um foco de miasmas, também não se pode tocar em outros prédios antigos ainda, para obter o terreno com as dimensões de que o prédio dos Correios e Telégrafos necessita. Quasi todos os prédios de Diamantina são de estilo colonial, portanto, a demolição deles também proibe o Patrimônio Histórico Artístico Nacional.

    A finalidade que procupa o espírito culto e esclarecido do diamantinense, que ama sua terra, é a demolição do aleijão estravagante, cuja conservação Diamantina condena e repele.

    Todos querem o edíficio no coração da cidade, e a Prefeitura dispõe de verba?

    Esperemos. Que não nos seja preciso voltar ao assunto, para dizer, com franqueza, sobre a verdade, e a verberar a nossa inactividade ou inércia.

Voz de Diamantina, 1939.