O velho relógio da Sé

Ás vezes, certos assuntos têm sua razão de ser.

Aquele velho relógio da antiga Sé, que dá as horas num sino rachado, onde para?

Muitos indiferentes, talvez, não possam me responder.

Está colocado, desde que se demoliu a velha Sé, e que a sede da frequezia se transferiu para o antigo e histórico tempo de S. Francisco de Assis, - na torre única dessa igreja, era tão bem cuidada.

Alguns anos depois que se ergueu a primeira Igreja Matriz de S. Antônio, com cinco altares, todos com relevo dourados numa oficina de ferreiro da terra, foi feito o grosseiro maquinismo desse relógio, estilo daqueles tempos coloniais.

Dois pesos enormes, que desciam até alcançar a terra, davam movimento ao relógio. Não sabemos porque o fabricante não conseguiu que o sino velho e rachado vibrasse, dando as horas, pelo impulso do balado. O martelo batia ao lado do sino.

Colocaram o relógio na torre, e o sino rachado, que é o mesmo até hoje, numa das janelas da torre que davam para a praça que tem o nome de Conselheiro Mata.

Logo abaixo, fixou-se um mostrador de madeira, em forma circular.

O sino, como até hoje, dava as horas por meio de um martelo que batia em sua orla, parecendo que o ferreiro, só anos depois, aprendeu como fazer o sino dar as horas pelo impulso do badalo, o que se acredita, porque o relógio do Carmo, fabricado pelo mesmo, batia pelo badalo.

O sino da velha Sé era o regulador público da cidade, e a Municipalidade é que pagava a um relojoeiro para cuidar dele e dar-lhe corda, de 24 em 24 horas.

REIS, Xisto, Voz de Dtna, 1949.