Olímpio Mourão

03-01-2013 09:45

Olímpio Julio de Oliveira Mourão

 Foi um autêntico chefe político mineiro dos fins do século passado e primeiras décadas do século XX.

 Nasceu em Diamantina, no dia 8 de Março de 1857.

  Fez os primeiros estudos em escolas particulares da mesma cidade. Completou-os depois pelo próprio esforço, como um auto-didatadigno de nota.

  O seu pai, o velho advogado João Raimundo Mourão, vendo no filho reais inclinações para a carreira jurídica, tencionava mandá-lo estudar Direito. Não o fez, entretanto, por questões financeiras.

  Olímpio Mourão casou-se muito jovem, tendo apenas 19 anos, ainda desempregado.

  Os primeiros anos da vida do casal foram passados com grande economia e muitas privações.

  Ocupou cargos diversos, antes de se firmar como advogado provisionado, profissão que exerceu com brilhantismo, até a morte.

  O conhecido jurista e ex-ministro Joâo Luiz Alves afirmava que Olímpio Mourão, não sendo formado, estava, entretanto em condições de ensinar aos bachareis em Direito, pela sua inteligência esclarecida e grande prática profissional.

  Olímpio Mourão ocupou, sucessivamente, os cargos de promotor público, professor da antiga Escola Normal de Diamantina e funcionário dos Correios, repartição em que chegou ao cargo de contador. No exercício deste último, foi elogiado pelo Administrador dos Correios pelo traçado que fez de um mapa das linhas postais do Estado de Minas que executou "com proficiência e cuidado pouco comuns".

  Em 1896, foi levantada a sua candidatura a deputado pelo Partido Constitucional de Diamantina. Entretanto, não pode aceitar essa indicação, por motivos ponderáveis.

  Em 15 de Novembro de 1896, foi eleito Agente Executivo Municipal de Diamantina obtendo estrondosa vitória sobre os seus concorrentes.

  De tal modo agradou ao eleitorado a sua atuação no governo do Municípío, que em 1º de Novembro de 1897, foi reeleito para o mesmo cargo.

  A convenção política reunida em Belo Horizonte, em 1898, indicou Olímpio Mourão como um dos candidatos a deputado estadual.

  Durante a legistatura da sua estreia na Câmara, foi distinguido com inequívocas provas de de prestigio e apreço pelo Presidente do Estado, Dr. Silviano Brandão.

  A consideração em que o presidente tinha o jovem político diamantinense era tal que se dignava procurá-lo, na casa em que se hospedara, para, com ele, tratar de assunto políticos e administrativos. Poucos deputados terão recebido iguais provas de consideração da parte do Governo.

  Forçado a comprimir despesas para equilibrar a situação financeira premente do Estado, o Presidente Silviano teve que exonerar muitas professoras e, para estudar a situação, solicitou dos chefes políticos municipais uma lista das cadeiras primárias do seu município com o nome das professoras. Olímpio Mourão o fez, relativo á Diamantina e encabeçou a lista com o nome da sua senhora que era professora de uma escola isolada da cidade.

  Ao terminar a sessão do Congresso, quando Olímpio Mourão partiu da Capital, de volta á sua terra, o Presidente do Estado, pessoalmente, e alguns secretários foram levá-lo á Estação Central em um gesto de excepcional homenagem jamais prestada a um político do interior, embora com quebra de protocolo.

   Ao chegar a Diamantina, foram requintadas as festas em sua recepção. A quinze quilômetros da cidade foram ecnontrá-lo mais de trezentos cavaleiros que o ovacionavam entusiasmadamente.

   Na cidade, encontrou as ruas ornamentadas para recebê-loe a festa, na sua residência, se prolongou até a madrugada.

  Apesar do falecimento do Presidente Silviano Brandão, o prestígio de Olímpio Mourão não sofreu, pois, na renovação da Câmara, o seu nomem foi escolhido pela convenção partidária, não apenas para deputado, porém para senador. Eleito por expressiva maioria, foi, desde então, renovado nesse alto posto até a dissolução dos congressos dos estados consequente da vitória da revolução de 1930.

   Dotado de aguda percepção política, Olímpio Mourão não foi entusiasta da "República Nova", entrevendo a determinação no poder por parte do ditador, fato que se verificou integralmente, como é do conhecimento geral. Recebeu também com frieza a instituição das hostes facistas que se denominaram "Legião de Outubro" de camisa cáquis, impostas em má hora por políticos que não se firmaram no conceito das pessoas esclarecidas.

                                             Câmara Municipal de Diamantina-2012

   Quando o velho Presidente Olegário Maciel, obedecendo as instruções do Sr. Francisco Campos, hostilizou o partido que o elegera pouco antes, Olímpio Mourão preferiu um rompimento honroso, arrostando as iras do Governo, a uma adesão comenda. Efetivamente, na primeira eleição que se seguiu a convulsão de 1930, respondeu ele com as urnas, inflingindo no governo a maior derrota que teve. Talvez, em todo Estado de Minas.

    A vingança não se fez recuperar: como prefeito de Diamantina foi nomeado em seu velho desafafeto que não conseguiu entretanto apagar o seu autêntico valor.

    Depois dessas eleições, a saúde alquebrada de Olímpio Mourão não lhe permitiu mais atividades de vulto.

   Em julho de 1932, partiu para Belo Horizonte para tratar da saúde. Nessa cidade, veio a falecer no dia 5 de setembro de 1933, cerca de hora e meia antes do falecimento do seu adversário, o Presidente Olegário Maciel.

MOURÃO, Paulo Kruger Corrêa, A Estrela Polar, nº1, pág. 3, Diamantina 1952.