Os últimos anos de Olímpio Mourão

01-09-2013 09:49

 No dia 3 de fevereiro de 1927, o casal Olímpio-Mariana lúcido e em bom estado de saúde, completou os cinquenta anos de matrimônio, celebrando as bodas de ouro.

  É certo que, anos antes Olímpio Mourão havia sentido sintomas de angina-pectoris e vivia usando de precauções para evitar que o mal agravasse repentinamente.

   Contudo, no seu jubileu ainda era bastante forte e ainda bastante ativo na advocacia com que sustentava a família. Durante anos foi ele advogado da firma inglesa "Cascalho Sindicate Limited" de que fazia parte o então conhecido Mr. Stanh pe Galleway. Esta firma explorava o diamante nas proximidades de Diamantina.

   Na época das bodas de ouro a casa do final do Macau bastante despovoada pelo êxodo dos filhos, animou-se de novo com a chegada de filhos, noras e netos que vinham tomar parte na comemoração. Naquele dia, houve missa na Catedral, ou melhor, na antiga Sé depois demolida, com homilia alusiva á efeméride do Padre Gabriel Amador, seguindo-se visitas ao casal e, á noite, banquete comemorativo do meio século de vida, matrimonial, abençoada com a existência de muitos filhos, netos e até bisneta.

 

   O casal ainda viveu unidos mais de seis anos, até o falecimento de Olímpio de Mourão em 1933.

   Em 1930, o político diamantinense viu com apreensão o rumo que tomavam os acontecimentos consequente a sucessão do Sr. Washington Luiz na presidência da República Antônio Carlos, desejando ser o sucessor, percebeu que o político de Macaé se inclinava por uma solução paulista, favorecendo o Sr. Júlio Prestes. Daí, o rompimento de Minas, Rio Grande do Sul e Paraíba afim de sustentar a candidatura de Getúlio Vargas á curul presidencial da Nação. Este entrava então em cena e não quereria mais deixar a ribalta, onde representou por muitos anos saindo pela porta do auto-extermínio.

     Depois do movimento vitorioso de 1930, os políticos entraram em agitação. Olegário Maciel hostilizara o P.R.M. que o elegera pouco antes. Olímpio Mourão, conservador, ficou fiel ao partido, sob a chefia do grande Artur Bernardes.

     Tal atitude valeu ao político diamantinense o ostracismo, sendo dado a vitória aos seus opositores. O velho Olegário nomeara prefeito de Diamantina o maior adversário de Olímpio Mourão - o Sr. Francisco Neto Motta.

       Olegário Maciel teimava em manter o título de Presidente em lugar de o interventor como nos demais estados.

      Olímpio Mourão, então chegou a dizer que, se Olegário era ainda Presidente, ele seria também senador. Isto teve a força de uma profecia, porquanto ambos deixaram de ter qualquer cargo no dia 5 de setembro de 1933, em que todos os dois morreram. Esclareça-se que Olímpio Mourão estava mal, de cama, sendo seu passamento aguardado, enquanto Olegário parecia de saúde normal ou não constava que sua vida sofresse perigo. Contudo, morreu repentinamente, na banheira naquela mesma data, no Palácio da Liberdade.

    E, conjunto irônico de circunstâncias: Olímpio Mourão faleceu em Belo Horizonte na residência  gentilmente cedida de D. Almerinda Mota irmã do seu maior adversário politico - o Sr. Francisco Neto Mota.

     Na noite do seu velório, lá compareceu o coronel José Vargas a mandado do interventor interino Dr. Gustavo Capanema para solicitar licença para seus funerais serem feitos por conta do Estado. E a família aceitou agradecia.

     Tempos depois, o distrito de Campinas, que integra ao Município de Diamantina, passou a chamar-se Senador Mourão.

KRUGER, Paulo Corrêa Mourão - Últimos anos de Oímpio Mourão, Vd, pag. 3, Diamantina, 1973.