Parte da história da Inconfidência Mineira

08-04-2011 22:19

    Uma das figuras de grande atuação e valor na conjuração foi o Padre José da Silva Rolim, homem abastado e culto. Filho do Sargento Mor José da Silva Rolim de Oliveira, Caixa da Régia Extração dos Diamantes, no Tijuco (atual Diamantina) e de Ana Joaquina Rosa, nasceu o padre Rolim em 1747, no famoso arraial dos Diamantes.

    Tinha outos irmãos entre os quais o bacharel pela Universidade de Coimbra, Plácido de Oliveira Rolim; Carlos que ordenou sacerdote em Mariana, e Alberto, de quem pouco se sabe. O padre Rolim e seus irmãos habitavam o arraial do Tijuco, onde tinham os seus negócios e nas frequentes viagens a Vila Rica, ao Rio de Janeiro e á Bahia, mantinham contato com as pessoas mais ilustres nessas cidades, sendo geralmente considerados e estimados, gozando de largo prestígio, sobretudo na região do Norte da Capitania de Minas. O padre José da Silva Rolim e seus irmãos eram voluntariosos e não levavam muito em conta as exigências do famoso regulamento conhecido como o Livro da Capa Verde.

   Acusados de contrabando de diamantes e de comércio ilegal, foram submetidos a uma Devassa, presidida pelo Desembargador da Relação do Rio de Janeiro, Dr. Antônio Diniz da Cruz e Silva. Como consequência dessas investigações, determinou o governador Luis da Cunha Menezes, que fossem os Rolim expulsos da Demarcação Diamantina, retirando-se eles para a Bahia, até que partisse o governador que se recusava a encaminhar á Coroa os recursos que haviam impetrado. Com a chegada do Visconde de Barbacena para assumir o governo da Capitania, retornaram ao Tijuco e de lá partiu o padre Rolim para Vila Rica, onde entregou a defesa de sua causa ao Dr. Cláudio Manuel da Costa que, com várias razões, pleiteou do Visconde de Barbacena a revogação da medida do seu antecessor. Foi provavelmente nessa época que se teriam estreitado as relações entre o padre Rolim e os demais componentes da trama libertária de Vila Rica.

    Nessa época era iniciada nas práticas maçônicas que dominavam nas Universidades européias e foi íntimo amigo e confidente de José Joaquim da Maia, enviado dos maçons do Rio de Janeiro a fim de obter de Jeferson, o apoio dos Estados Unidos para a revolução brasileira.

    Basílio de Brito enriquecera como contrabandista de diamantes e segundo a opinião de Tomás de Gonzaga, era homem de muito mau procedimento, cheio de culpas, que as autoridades abafavam por serem coniventes com suas trapaças. Onzenário e mau, era sócio em negócios escusos do sargento mor José Vasconcelos Parada e Sousa, que figura como o Pardelas, nas Cartas Chilenas, como nelas aparece Joaquim Silvério como Silverino. Mercador de negros e sonegador de Quintos, Basilio de Brito Malheiro é uma desas figuras que as revelações históricas nos trazem, provocando sustos ao nos lembrarmos de que homens assim possam deixar descendência de sangue e de conduta.

    Basilio de Brito Malheiro habitava no Serro do Frio, onde possuía lavras de ouro na fazenda do Palmital, onde passou os seus últimos anos, abominado por todos, tendo falecido já no século XIX.

    Deixou um testamento no qual se exprime de modo injurioso ao Brasil e nos brasileiros, demonstrando, com suas palavras, a reação unânime de quantos viveram em seu tempo, contra os que haviam traído a consciência coletiva da Capitania, toda ela integrada na conjuração libertária.

   Depois de queixar-se da falata de prêmios aos seus torpes serviços conclui:"... porém os filhos dos homens de bem que tem a desgraça de nascerem e e serem criados no Brasil, não herdam dos seus pais os estímulos de honra, mas adotam de boa vontade, os costumes dos negros, mulatos e gentios e mais gente ridícula que há nesta terra e de que está cheia, por cujo motivo peço ao meu filho que tenha sempre em memória esta verba do meu testamento; e os bens que herdar por meu falecimento, lhe peço, venda por pouco ou muito, e com esse produto se passe ao Reino a viver na mesma província onde viveu seu pai, etc."

    A razão que levava Brito Malheiro a vasar o seu terrível despeita nessa palavras terríveis era que "pelo ódio que o povo me tem, parece que hei de morrer assassinado".

    Diz ainda, o desgraçado, denunciante de 1789: "Todo o povo de Minas e o mesmo de todo o Brasil, me concebeu um implacável ódio, depois que se premeditou uma conjuração nas Minas, para manterem o Visconde de Barbacena que os governava e subtrairem-se da obediência ao seu legítimo soberano, e isto só por o Visconde me achar com capacidade para eu ajudar a ter mão no levante que queriam fazer".

    Esse testamento de Basilio de Brito Malheiro do Lago, escrito em 1802, revela mais uma vez, a extensão da Inconfidência, sua popularidade no seio do povo e o ódio público contra os que atraiçoaram os ideais da liberdade.

    Ao padre Rolim ficou emcubido de trazer toda a pólvora e gente do Tijuco para Vila Rica.

    Em 1788, encontrava-se em Vila Rica, Manuel Antônio de Morais, negociante no Serro do Frio, hospedado em casa de um associado seu Manuel Antônio de Morais. Tiradentes que o conhecia desde o tempo em que comandara guardas na Demarcação Diamantina, foi visitá-lo, procurando atraí-lo para a projetada sublevação. Também no Tijuco participava um negociante Domingos de Abreu Vieira.

    Outro participante Simão Pires Sardinha natural de Tijuco (Diamantina).

    Antônio José Dias Coelho (tenente) passou a comandar os destacamentos do Serro do Frio, com o fim principal de fazer descobrir e prender o padre José da Silva de Oliveira Rolim, como se prendeu em conjunto com Domingos Rodrigues de Abreu, capitão da Ordenança do distrito de Itambé, Comarca do Serro do Frio, foi quem prendeu o padre José da Silva de Oliveira Rolim, e na mesma ocasião se distinguiram, também três ou quatro pedestres do mesmo Distrito, por serem os que detetiveram e impediram o passo ao referido padre, que pretendeu romper pelo sítio onde estavam e até, segundo eles dizem, suborná-los. Ao dito capitão, dei uma portaria para ser proposto sargento mor das Ordenanças do Têrmo, quando vagasse, adiantando-lhe, logo, as honras competentes e também lhe dei uma carta de insinuação para a Câmara da Vila do Príncipe, para ser nomeado tesoureiro da Intendência na primeira ocasião, que só vem a ser daqui a dois anos, se antes desse tempo não suceder a extinção dela, pela sua pouca ou nenhuma utilidad, ou estabelecimento de outro método que a faça desnecessária.

    A prisão do padre Rolim e dos seus irmãos, no Serro do Frio, foi muito acidentada e devida a traição de um negro escravo, pois, muito bem se escondera o padre, na fazenda das Almas, em Itambé, de onde pretendia ganhar o sertão e fugir para a Bahia. Sua prisão foi feita depois de um cerco e assalto com tiroteio, tendo o padre Rolim resistido com bravura á numerosa tropa de cavarianos e pedestres, que tiveram de conduzi-lo amarrado até Vila Rica, tal a fereza com que lutou esse heróico inconfidente.

    Basilio de Brito Malheiro do Lago foi denunciante de muitos fatos e muito oportunamente, como consta da Devassa e depois continuou a ser um exato e zeloso pesquisador a bem do mesmo negócio, mostrando-se nesta ocasião, para tudo, em que parecesse ocupá-lo, com muitas demonstrações de honra e lealdade.

    O sargento mor graduado, com exercício de capitão do mesmo Regimento, José de Sousa Lobo, que tem estado imcumbido da segurança e incomuicabilidade dos presos, que estiveram ou se acham no segredo da Cadeia desta Vila e que vai conduzir agora para o Rio de Janeiro, o padre José da Silva de Oliveira Rolim.

    O tenente do mesmo Regimento, Fernando de Vasconcelos Parada e Sousa, que conduziu por duas vezes outros presosm do Tijuco, tendo ido na última delas, ainda mais longe, buscar em custódia, os irmãos do padre José da Silva de Oliveira Rolim.

    Sobre Antônio Diniz da Cruz e Silva; "Distinto conceito por sua literatura e probidade, tendo além disso um grande conhecimento dessa Capital e Capitania e não menos no Tijuco e Distrito dos Diamantes, que precisam de uma completa reforma, que arranque, pelas raízes, os inveterados abusos da sua desconcertante administração.

Domingos de Abreu Vieira, para Muchima  - Angola - Embarcou no dia 15 de junho, pela corveta "Santa Rita"

O padre José da Silva de Oliveira Rolim foi condenado á morte. Porém em Lisboa, a rainha D. Maria I comutou as penas de morte em prisão perpétua e degredo. Embarcou na fragata "Golfinho" para Lisboa em 24 de junho. Depois de alguns anos retorna ao Brasil o padre Rolim e revoga os seus bens confiscados durante o levante. JUNIOR, Augusto de LIma, Pequena História da Inconfidência de Minas Gerais, Imprensa Oficial de Belo Horizonte.