Polícia Assassina

15-03-2011 19:06

No remoto ano de 1908, dois estrangeiros que estavam fazendo pesquisas mineralógicas em Cafundós, margem do rio Jequitinhonha distrito de Exração, foram tomados como salteadores, por estarem bem armados. O sub delegado de Curralinho, hoje Extração, alarmados com os boatos, veio á cidade expor ao delegado de polícia o caso. E este, violento e mau como era o domínio público, mandou uma escolta com ordem de não prender os supostos salteadores, que os matasse e enterrasse no mesmo lugar. E assim foram assassinados com requintes de crueldade as indefesas criaturas! E ainda mais! Um dos corpos foi enterrado com vida , conforme voz corrente na cidade! O sub delegado de Curralinho fazia parte da faditica escolta. O jornal “Idéia Nova” noticiando a tragédia, o caso ficou conhecido além das fronteiras da cidade. Dias depois chegou á cidade um delegado especial, acompanhado do Cônsul francês, para abrir inquérito. Desenterrados os corpos, constatou a indentidade dos mortos. E aí o caso complicou, porque sendo os supostos salteadores engenheiros franceses, o governo brasileiro teria que entrar em entendimento com a França! Castigo?  Os autores de tamanha façanha, antes de serem julgados pela justiça dos homens, Deus castigou a todos: o delegado teve um derrame, ficando paralítico e babando o resto da vida; o sub delegado do Curralinho, quando examinava uma arma de fogo, esta disparou matando-o, o cabo comandante da escolta, foi morto, por um seu cunhado, à porta de sua casa no alto do Grupiara, onde hoje está situado o Grupo Escolar Joaquim Felício; outro soldado morreu na rua do Amparo, com dores cruciantes, sem nenhum remédio que lhe desse alivio; também teve um derrame outro soldado inutilizado por toda a vida – babão e idiota. Não cito os nomes para não molestar parentes que ainda vivem.

            O governo brasileiro não foi obrigado á indenização porque os malditos franceses voluntários e clandestinos vieram se meter entre carnibais.

Ignotus, Policia Assassina, pág. 2, vd, 1961