Um cruzeiro descaracterizado

18-02-2011 07:32

    Quem sobe a pista de asfalto, que dá acesso a igreja do Bom Jesus, nem imagina que ali, segundo a lenda, foi o local onde a árvore Acaiaca existiu.

    Esta árvore era sagrada para os silvículas. Segundo consta, os bandeirantes que garimpavam no córrego do Tejuco, começaram ter atritos com os índios, pois eles queriam que os habitantes da terra, trabalhassem para eles de sol a sol nas catas dos garimpos de ouro na região; além disto os abusos dos europeus com as índias eram constantes. Isto gerou um estado de guerra entre as partes: índios e bandeirantes, com constantes  excaramussas de ambas as partes.

    Os bandeirantes aproveitando de uma pajelança que ocorreu no lugarejo do atual Inhaí, onde todas as tribos do Alto Jequitinhonha se encontravam para se comfraternizarem, subiram o morro que dava acesso ao local onde a árvore estava. Não exitaram. Eliminaram os poucos guardas que estavam guarnecendo o símbolo sagrado e com os seus machados tombou a Acaiaca. Quando os índios regressaram, ainda alcançaram os bandeirantes dando os últimos golpes na sagrada árvore. Aí travou-se uma encarnisada batalha onde os índios foram derrotados, sendo a maioria deles decaptados.

    Com o pasar do tempo, o povo diamatinense erigiu no local um grande cruzeiro com todos os martírios e adro, em homenagem a centenas de índios que ali perderam a vida na defesa de seu símbolo sagrado.

    Hoje, ao passarmos pela subida do asfalto observamos que no local que na autrora, tinha um imponente cruzeiro, está fincado no meio do jardim um cruzeiro, sem os martírios e o pior ainda sem o adro.

    Será que a Prefeitura e principalmente o IPHAN, não observaram isto? É com uma simples coisa é que se acaba com a cultura de um povo.