Chácara da Chica da Silva

04-06-2011 10:52

    Subsídio para um livro de José Augusto Neves, "O Passado de Diamantina. Reminiscência de seu Centenário, -1838-1938".

    Como consta da respectiva escritura lavrada em cartório do tabelião Francisco Antonio de Aguilar, a Chácara da Chica da Silva foi arrendada em 30 de março de 1837, ao Sargento Mór Bernardo da Silva Brandão por Bento Dias de Moura, procurador bastante do Morgado João Germano Fernandes de Oliveira Grijó.

    A chácara era situada em subúrbio desta cidade, que hoje tem o nome de Palha, no pé do Rancho alemã, junto á lavra do riacho de São Francisco.

    O arrendamento se fez por espaço de quinze anos, a se contar desde a data da escritura, pela quantia de Cr$ 30,00 (trinta mil réis) anuais, sendo pagos Cr$ 15,00 (quinze mil réis) ao outorgante, ao se fazer a escritura e ficando este obrigado a validar em todo o tempo o arrendamento e a dissolver todas e quaisquer dúvidas futuras.

    O outorgado se obriga a pagar ao outorgante, no tempo aprazado, a quantia declarada, com a cláusula de se lhe levar em conta a despesa necessária para a conservação do edifício, reparando a casa já arruinada e levantando muros em toda a chácara. Para isto obrigou mais os seus bens havidos e por haver.

    Do exposto se conclue que a Chácara da Chica da Silva, do que hoje só existe a lembrança tradicional, nesse tempo já estava em ruínas, demandando reparos dispensiosos.

    Foram testemunhas deste contrato de arrendamento Antonio Freire da Silveira e João de Castro Barcelar Junior, a requerimento de Francisco de Paula Ferreira, em 4 de outubro de 1837, pagando de imposto Cr$ 2,40 - dois mil e quatrocentos réis.

    Em mera homenagem ao nosso ilustre patrício João Germano Fernandes de Oliveira Grijó, grande diamantinense, grande brasileiro, por quanto a posse daquele implica necessariamente a deste predicado de perfeição cívica, conservamos a memória imperecível de seu nome, ligada á daquela Chácara, de que a tradição nos conta haver sido uma belíssima residência de verão, em nossa terra e onde ao hóspede jamais falava o conforto então proporcionado pelos grandes centro civilizados. Tehon, janeiro de 1943, Voz de Diamantina.