A vinha
Henrique Dumont
26-07-2011 09:04Acaba Mundo
04-04-2011 18:03Uma luta com os índios
04-04-2011 17:56Curiosidades de Leonardo Pinheiro
03-04-2011 18:52Em Mercês de Diamantina (1869)
31-03-2011 22:45Peixe do Mendanha
31-03-2011 22:28Ouro no Tejuco
31-03-2011 08:13Escravo Recompensado
31-03-2011 08:07Constituição de 1891
31-03-2011 08:02Censo
20-03-2011 20:20Curiosidade do Carnaval antigo
O rei momo veio, aquele mesmo já nosso conhecido; mas, desta vez foi Sua Majestade carregada em padiola pelas rua cententária da cidade. Que bonito!...
Tivemos dois carros alegóricos, bem organizados; e a celebre Banda do Sapo Seco deu a nota com suas originalidades, saindo com um jumento; velho e manso, no qual se via amontado um boneco cujo rosto bem caracterizado, apresentava o retrato de Hitler, - o terrivel alemão, que assombrou o mundo...
Essa figura exótica foi queimada, duas vezes, por avião, em praça pública.
A banda apresentou suas figuras vestidas de pano de saco de estopa, aludindo á crise aterradorea das fazendas, que vai ameaçando o mundo a convertê-lo pela sua sensualidade da moda num novo paraiso terreal...
Os cordões estiveram influentes e os bailes, nos dois clubes diversivos locais, "Acayaca" e "Democrata", bastante animados.
Foi-se, afinal, o carnaval, e quem o viu só de longe, que levante as mãos para o ceu!
Uma coisa, porém, não deve escapara ao nosso reparo: é que usaram de um brinquedo grosseiro, inconveniente, de atirar polvilho e farinha de trigo nos cavaleiros. Seria efeito da pinga pura?
Tenham paciência: quererão fazer voltar o celebre entrudo com a caiação, dos antigos tempos?
Voz de Diamantina, 1946.
Os diamantes eram reunidos em saquinhos e prontos para serem entregues aos judeus da Flandres (Europa), que foram os que mais lucraram com sua lapidação e comércio.
Ameaçados constantemente pelo despotismo das leis e da perseguição do governo real, ameçados pela fome, de degredo, de açoites e de confisco, apavorados com receio de desagradar o rei de Portugal, os negros e mulatos do Serro Frio souberam resistir heroicamente refugiando-se nos quilombos encravados nos cumes de serra, inserindo nas matas e nos sertões garimpando os diamantes que pertenciam á Coroa portuguesa.
Martinho de Mendonça, de acordo com Rafael Pires Pardinho e com o placet de D. André de Melo e Castro, delimitou a Demarcação das Terras Diamantinas que ficaram assinaladas por seis marcos padrões:
1º - Na barra do rio Inhaí.
2º - No córrego das Lages, uma légua acima da barra.
3º - No penhasco da Serra do Ó.
4º - No morro chamado das Bandeirinhas.
5º - Numa pedreira da Tromba da Anta.
6º - Na cabeceira do Rio Preto.
Ampliação da demarcação de limites das Terras Diamatinas, sendo: - "Começando nas cabeceiras do rio Paraúna até cortar pela serra dos Pousos Altos, que fica a quatro léguas, e seguindo até o morro do Itambé que são seis léguas, se passa para as cabeceiras do rio Jequitinhonha do Mato, que distam quatro léguas, e daí ás do Jequitinhonha do Campo, mais légua e meia. Corta-se então pela serra que vai sair ao Rio Manso o que forma um espaço de oito léguas; busca-se o serviço chamado da Cangica o qual está dali a três léguas e neste lugar se atravessa o rio Jequitinhonha, seguindo por fora do arraial do Inhaí que fica adiante quatro léguas, e saindo pela serra de Caeté mirim até a cabeceira do rio Pardo Grande, que são seis léguas, se anda por ele abaixo dez léguas até a Contagem do Rebêlo aonde há uma cachoeira chamada do João Antônio, que ali faz extrema; passa-se o rio á outra banda, procurando outra cachoeira que há no rio Pardo Pequeno em uma fazenda chamada a Forquilha, e este intervalo é de cinco léguas; dali se caminha doze até o sitío chamado Bandeirinha, subindo pelo dito rio Pardo Pequeno acima; busca-se então o arraial de Gouveia, que são quatro léguas e del se vão encontrar já de volta as cabeceiras do rio Paraúna."
O rio das Pedras, depois de um curso de dez léguas, junta-se ao Ribeirão do Inferno num local chamado Itaipaba, formando assim o Jequitinhonha, cujo curso integral estava sujeito ao regimem especial da Intendência.
O primeiro Registro ou Patrulha era no Rio Manso, o segundo em Santa Cruz, o terceiro num local denominado Passagem do Ventura, o quarto em Simão Vieira, o quinto em Conceição, o sexto sobre a passagem da estrada que levava a Bahia, o sétimo em Tocaias, o oitavo no Rio Pardo chamado Sertão.
esses destacamentos de soldados se achavam distribuidos por uma extensão de cento e cinquenta léguas e moravam em casebres cercados de palissadas de madeira denominados "quarteis de guarda".
O rio Jequitinhonha pela grandeza era muito perigoso acreditavam que havia monstruosas cobras "que tem em si chamadas de Sucuriúbas. Estas são algumas de vintes varas de medir, e grossas quási como um homem e comem os engros que apanham nas tais paragens e laçam gados e cavalos e tudo o mais que vai á beira daquele rio. E chamam a estas cobras, em língua da terra, Mãe D'Água, basta dar-se um tiro ao pé da água para ela começar de fazer estrondos e a água aparências de preta."
"Dá-se este nome a um tabuleiro grande que tem de vinte a vinte e cinco palmos de comprimento, de três até quatro de largura e de um meio até dois de altura. O bolinete se pode considerar como uma grande canoa e á maneira delas tem só tapada uma das cabeceiras. A que não o é se chama também de rabo de bolinete, como sucede igualmente nas canoas de lavar. Sobre este bolinete se faz cair uma grossa bica de água e enrndo nela seis negros que vão mechendo o cascalho com os seus almocafres, se tiram as pedras mais grossas e vão disfazendo as piçarras ou barros e apurando-se o ouro que o cascalho tivesse na cabeceira do bolinete. Pela outra, destapada, correm as pedras e areias miúdas par dentro de um tanque fechado de onde se transportam para as canoas, e nleas se faze a apuração e escolha dos diamantes."
Ao fim do dia aquele cascalho com esmeril é tampado e vigiado á noite para que ninguém o furta.
Era um feitor para cada oito negros.
É interessante a forma que os negros manejam e exercitam os feijões e os grãos de milho, "os quais atiram de longe para a boca e deste modo se habituam a recebê-los para os engulirem. Também os metem na boca havendo-os primeiro palmado ou escondido entre os dedos, e logo que disto se pode ter alguma desconfiança se lhes sacam do ventre á força de clisteres de pimenta malagueta". "Os negros se podem amassar os diamantes com barro ou piçarra, lançam-nos fora, marcando a paragem onde cairam para depois os irem buscar e extrairem as pedras. Quando não podem furtar o diamante pela vigilância do feitor, o encostam á cabeceira da canoa e o cobrem de esmeril para tentarem de noite vir tirá-lo. Como todos os negros andam nús durante o serviço das lavagens, aonde só se lhes permite estarem cobertos com a sua tanga, que é um pedaço de baeta envolto á roda da cintura, nesta baeta cozem eles um bocadinho de outra, que visto parece um remendo, mas lhes serve de bolsa para meterem o diamante quando acham qualquer ocasião para furtá-lo." "Também para isso apegam á mesma tanga um bocadito de cera da terra que é mole, na qual enterram o diamante depois de havê-lo palmado, para fazê-lo mais seguramente, e fingem nessa ocasião alguma necessidade corporal."
"Depois de palmado o diamante o que eles fazem tão destramente como qualquer curioso de peloticas, algumas vezes o introduzem no nariz, no ato de tomarem tabaco, e o sorvem até ele vir ter á boca para o engulirem." "Os negros palmam os diamantes até com os dedos dos pés, aonde os conservam ás vezes horas inteiras, e os levam neles para as senzalas." "Outros metem um bocadito de cera preta e mole atrás das orelhas e, fingindo que se coçam, depois de palmado o diamante o metem na dita cera da qual se servem igualmente pondo-a nos cabos e olhos dos almocafres e, palmado o diamante, o introduzem nela para buscarem ali no fim do trabalho." " Também deixam crescer as unhas das mãos para com elas fisgarem os diamantes pequenos."
"O Contratador, a quem não era oculto, este tráfico universal, vacilava no modo de evitar, pois se queria usar o castigo que as leis lhe permitiam, temia de encontrar na boca de todos de que era o primeiro que usava os maiores contrabandos e além disso, como as leis dos castigos em tal caso tanto se entendiam contra o Contratador como contra os particulares, e a Devassa estava sempre aberta, ele era só e eles muitos; para que muitos o não criminassem, tomava ele o partido de não criminar ninguém, e isto se chamava de dissimulo."
"Foi prejudicialíssimo o expediente que tomou o Administrador João Fernandes de Oliveira de mandar por negros de sua facção comprar os seus próprios diamantes, que de dia lhe furtavam, com a segurança de não serem descobertos os ladrões." ( Do livro História dos Diamantes nas Minas Gerais, JUNIOR, Augusto de Lima.
O Rio Jequitinhonha recebeu outros nomes: No início do seu descobrimento foi chamado de Massagano no trecho do seu alto curso, depois foi chamado de Rio das Pedras, na parte média e no lado da Bahia foi chamado de Rio Grande ou Belmonte. O Rio Jequitinhonha percorre no total de 1.086 km dos quais 888 km são no território mineiro e 198 km no território baiano até desaguar no Oceano Atântico.
Dizem que antigamente em Diamantina o palco da forca era próximo ao Caminho dos Escravos na redondeza do Bairro do Rio Grande.
Na Praça Dom Joaquim próximo a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, o local onde está a auto escola, antigamente foi um pequeno cúbiculo que se chamava de "Oratório", era o quarto onde permanecia o condenado á morte, nos três dias anteriores á execução da sentença na forca, ao lado de um sacerdote que o dava toda assistência e conforto ao condenado. Eu me lembro quando era menino comprava carne neste cubículo que era o famoso açougue do Sr. Osvaldo. Depois que ele morreu, na década dos anos de 1980 desmancharam para construir o imóvel que se localiza nesta praça.
Nos fundos da Rua do Burgalhau voltada para a Rua do Tijuco, antigamente era o Cemitério dos Enforcados e dos indigentes que morriam.
Nos anos anos de 1890 devido uma grande seca no Norte de Minas gerou fome e antropofagia, a Câmara Municipal de Diamantina com recursos fornecidos pelo Estado, abrira em diversas ruas e praças da cidade, cozinhas que forneciam comida aos pobres famintos.
Somente no ano de 1912 cessaram os sepultamentos nas igrejas de Diamantina. Muitos resistiam a serem enterrados no Cemitério Municipal, pois tinham medo de suas almas não chegarem ao céu. Queriam continuarem a serem enterrados nas carneiras ao lado das igrejas por acreditarem que eram solo sagrado e estavam próximo dos santos.